31 de maio de 2009

A chegar ao limite

30 de maio de 2009

Sempre apreciei esta atitude nos comunistas

A cabeça-de-lista da CDU, Ilda Figueiredo, declarou hoje, em Loures, que abdica da duplicação de salário de eurodeputado a que tem direito e desafia os outros candidatos a clarificarem que opção salarial vão fazer depois de eleitos.
Ilda Figueiredo, que já é eurodeputada, afirmou que vai escolher continuar a receber o mesmo salário que recebe até aqui, ou seja, o salário equivalente ao de deputado à Assembleia da República, que é 3815,17 euros de ordenado base.
Ilda Figueiredo justificou a sua decisão com o facto do PCP ter votado contra o novo Estatuto de Eurodeputado que duplica os salários, ainda que permitindo aos reeleitos optar por manter o actual salário.

(ler todo o artigo aqui)

A forma justa

Foto de Francisco Carvalho Araújo



Sei que seria possível construir o mundo justo
As cidades poderiam ser claras e lavadas
Pelo canto dos espaços e das fontes
O céu o mar e a terra estão prontos
A saciar a nossa fome do terrestre
A terra onde estamos - se ninguém atraiçoasse - proporia
Cada dia a cada um a liberdade e o reino
- Na concha na flor no homem e no fruto

Se nada adoecer a própria forma é justa
E no todo se integra como palavra em verso
Sei que seria possível construir a forma justa
De uma cidade humana que fosse
Fiel à perfeição do universo

Por isso recomeço sem cessar a partir da página em branco
E este é meu ofício de poeta para a reconstrução do mundo


Sophia de Mello Breyner Andresen



(para os que ontem confirmaram a sua fé - acto de coragem, por vezes inconsciência)

29 de maio de 2009

Previsões apocalípticas e o medo da diversidade

Anda a circular pela net um vídeo preocupante (não tanto pelo conteúdo mas pela sua forma) que fala da queda demográfica dos cristãos na Europa e da "invasão" dos imigrantes muçulmanos que têm 3x mais filhos e que, assim, se estão silenciosamente a espalhar e acabarão por nos dominar, transformando os "europeus tradicionais" em minorias, provavelmente oprimidas.
Não coloco o vídeo aqui porque o acho perigoso, demagógico, incitador ao medo da diversidade - para além de ser cientificamente um bluff, na medida em que a única variável tida em conta é a taxa de fertilidade dos povos, como se a evolução da sociedade e, mais ainda, das civilizções, pudesse ser medida de forma tão simplista.
Vou colocar antes aqui um vídeo bem mais edificante, que fala da compaixão como a regra de ouro de todas as religiões.
Religiões estas, todas elas, tão manipuladas e instrumentalizadas na modernidade.



28 de maio de 2009

Palavras corajosas do Papa em Telavive

Eu, que nem sou grande admiradora do actual papa, não posso não colocar aqui no blog, embora com mais de uma semana de atraso, um excerto do corajoso discurso de despedida feito por Bento XVI no aeroporto, depois da sua viagem à Terra Santa.
As expectativas eram muitas e parecia que, fizesse o que fizesse, Bento VI não podia não fazer asneira.
Pois a mim parece-me que desta vez foi realmente um líder religioso ponderado e exemplar. Aliás, no discurso com que se despediu do Papa, Shimon Peres disse que a viagem de Bento XVI constituiu um “contributo significativo para novas relações entre Israel e o Vaticano, entre católicos e judeus”. E certamente, também, entre católicos e muçulmanos.


«Senhor Presidente, agradeço-lhe a calorosa hospitalidade, que muito apreciei, e desejo deixar gravado que vim visitar esse país como um amigo dos israelitas, assim como sou um amigo do povo palestiniano. Amigos gostam de passar o tempo na companhia um do outro e é para eles profundamente penoso ver o sofrimento um do outro. Nenhum amigo dos israelitas e dos palestinianos pode deixar de se entristecer pela contínua tensão entre seus dois povos. Nenhum amigo pode deixar de chorar pelo sofrimento e a perda de vidas que ambos povos têm suportado ao longo das últimas seis décadas. Permita-me fazer esse apelo para todo o povo dessas terras: Não mais derramamento de sangue! Não mais conflito! Não mais terrorismo! Não mais guerra! Pelo contrário, quebremos o ciclo vicioso da violência. Que haja paz baseada na justiça, que haja uma reconciliação e cura genuínas. Que seja universalmente reconhecido que o Estado de Israel tem o direito de existir e de gozar da paz e da segurança com fronteiras internacionalmente aceites. Que da mesma forma seja reconhecido que o povo palestiniano tem um direito a uma terra independente e soberana, para viver com dignidade e viajar livremente. Que a solução dos dois Estados se torne uma realidade, não permaneça no sonho. E que a paz se espalhe para fora dessas terras, que sirva como uma “luz para as nações” (Is 42, 6), levando esperança para muitas outras regiões que são afectadas pelo conflito.
Uma das visões mais tristes para mim durante a minha visita a essas terras foi o muro. Enquanto passava por ele, eu rezei por um futuro no qual os povos da Terra Santa possam viver juntos em paz e harmonia sem a necessidade de tais instrumentos de segurança e separação, mas, pelo contrário, respeitando e confiando um no outro e renunciando a todas as formas de violência e agressão.
Senhor Presidente, sei como será difícil alcançar esse objectivo. Sei que é uma tarefa muito difícil para o senhor e a Autoridade Palestiniana. Mas asseguro-lhes que as minhas orações e as orações dos católicos em todo o mundo estão convosco enquanto continuarem os seus esforços por construir uma paz justa e duradoura nessa região.»

Bento XVI, 15 de Maio de 2009.

27 de maio de 2009

26 de maio de 2009

Dois euros e sessenta

Vale mesmo a pena ler esta estória.

24 de maio de 2009

Exemplos de ética profissional

Um empresário têxtil da Covilhã anunciou que, apesar da sua empresa "registar prejuízos", vai manter os trabalhadores a prazo que ontem terminavam contrato, por entender que, na crise, o sacrifício deve ser de todos e não só dos operários.

António Lopes, proprietário da fábrica têxtil Fiper, no Teixoso, vai manter os 29 trabalhadores com contratos a prazo que ontem teriam o último dia de trabalho, apesar da fábrica - que emprega 50 pessoas - estar "a registar prejuízos todos os meses".
O industrial justifica-se com ganhos noutras áreas de negócio para evitar a dispensa que já tinha comunicado aos trabalhadores. "Sei o que estes dramas representam dentro de casa. Já fui trabalhador, dirigente sindical e já os vivi. Agora, em tempo de vacas magras, também devo empobrecer um pouco", disse à agência Lusa.

(ler toda a notícia aqui)

23 de maio de 2009

Agora já se pode afirmar isto e manter a credibilidade: mas não será tarde demais?

"O pensamento da Direita sobre a economia de mercado - provou-se agora - está errado", disse o prémio Nobel da Economia, Joseph Stiglitz, à margem das Conferências do Estoril.
"Não há dúvida sobre isso. A Direita dizia que os mercados se regulam por si, se ajustam por si, que se houver um problema os mercados arranjam-se por si e muito rapidamente".
"Mas os bancos mais prudentes não sobreviveram, foram os bancos que arriscaram mais que sobreviveram", recordou o prémio Nobel, sublinhando que por isso mesmo, a crise "fragilizou todas as teorias da Direita".
Stiglitz, autor de Globalização, a grande desilusão, afirma ainda que o sistema económico neoliberal assentou numa “luta de classes contra os pobres”, com a qual os bancos apostaram na transferência de rendimentos da “base da pirâmide para o topo”.
O economista, que sempre foi muito crítico em relação às políticas económicas neoliberais, diz que a crise não se vai resolver em breve e que estamos a passar "de uma queda abrupta para uma recessão profunda".


ler o artigo do DN Economia aqui e o do Público aqui.

22 de maio de 2009

Bastava só

saber que sou importante para ti

e que não mo mostras por timidez.

21 de maio de 2009

Credo

(Quanta treta se pode concentrar em meia dúzia de linhas!....)



"Para nós, já é óbvio que podemos afundar as mãos no mar, na areia, no nosso passado, seja no que for, que sai rock."

Lindo, esta imagem de "afundar as mãos" é profundamente poética.


"Sai rock que é português e nada mais."

Pois, porque se eu cantar noutra língua o meu rock fica automaticamente estrangeiro.
O que - lá está - seria um verdadeiro drama.
Porque a gente precisa de dar uma identidade nacional à música.



"Golpe a golpe, inventamos Portugal."

Não, esperem, há outra ainda melhor:

"Golpe a golpe construímos Portugal".


No comments (ups, já estou eu com estrangeirismos), sem comentários.

Mas não resisto.
Porque isto é que é. Vontade de construir, jovens empreendedores e patriotas. Golpe a golpe.
Mal posso esperar pelo novo Portugal que vem aí.



"Há este lado de usar bandeiras e torná-las de novo património comum que acho importante."

Ah, sim, além do rock, é com bandeiras que se faz Portugal.
Andam-nos mesmo a fazer falta, é desde o Euro que não as usamos e já se nota a diferença!
As pessoas andam mais fechadas, mais individualistas, sei lá...


"Podemos perfeitamente embrulhar-nos em bandeiras, como faz o Morrissey ou como fazem os The Who, e dizer 'isto somos nós, isto é Portugal e é só pop'."


Uow! Eu agora até me baralhei. Por onde é que hei-de pegar nesta deixa? Pelo "podemos perfeitamente embrulhar-nos em bandeiras", que remete para "podemos fazer biscoitos na areia" ou "podemos ficar na cama até mais tarde" ou "podemos sujar o tapete que a mãe não vê"?

ou pegar antes na retumbante frase final cheia de um conteúdo que me escapa, certamente:

isto é Portugal (desculpa?) e é só pop (como?)



Do artigo no Ípsilon sobre os Golpes.

Alguém explica a esta gente (quer a quem fala e canta, quer a quem escreve e publica) que nem toda a sequência de palavras com sonoridade corresponde a um efectivo raciocínio conceptual e significativo, e que por isso nem tudo o que se "pode perfeitamente" dizer, vale a pena ser dito?

É que se querem brincar com as palavras façam poesia, sei lá, teatro experimental, uma instalação. Mas não pretendam justificar a vossa música, com tanga.

Já nos anos '80 era ridículo este sebastianismo. Agora ainda é pior. Neo-neo-neo-culto do 5º império. Poupem-me.



P.S. Que não se ofendam os caros leitores deste blog que são entusiastas destes arautos da portugalidade em tempo de cidadania global. Armem-se de sentido crítico e contra-argumentem, claro, não me deixem sem resposta. Mas não se ofendam.....

Vivo a 5 minutos a pé da Cinemateca

e hoje morreu João Bénard da Costa.

Quanto lhe deve o meu país, quanto lhe devo eu?

Está decidido

Sou fã de quem ama generosamente.



Dos outros posso gostar, mas com a nobreza dos afectos não correspondidos.
Sou fã de mim, nessas ocasiões.

20 de maio de 2009

Carta Aberta sobre políticas de imigração

“Mais de um ano após a entrada em vigor da nova Lei de Imigração, as expectativas criadas aquando da sua aprovação não foram cumpridas e, embora a nova lei visasse tentar minorar alguns dos aspectos mais gravosos verificados na anterior, são inúmeras as situações de injustiça com as quais os/as imigrantes se deparam no seu dia-a-dia, das quais destacamos:
  • O carácter excepcional e oficioso dos mecanismos de regularização, a exigência de visto de entrada e o rotundo fracasso da política de quotas têm alimentado uma bolsa de indocumentados/as, que neste momento serão de mais de meia centena de milhar;
  • Os crescentes entraves colocados ao reagrupamento familiar, à renovação de documentos e os exorbitantes valores das taxas pagas pelos/as imigrantes são outros dos problemas enfrentados.
Estas práticas e políticas em nada favorecem a inclusão dos/as imigrantes na sociedade portuguesa, contribuindo, pelo contrário, para o crescimento trabalho ilegal, para a desumanização das relações de trabalho e para acentuar as desigualdades sociais.
É também com uma enorme preocupação que temos acompanhado as últimas evoluções a nível Europeu. A Directiva de Retorno representa um enorme retrocesso civilizacional que envergonha a Europa. Permitir que uma pessoa (incluindo crianças) possa ficar detida, até 18 meses pelo único “delito” de ter migrado, promover as expulsões, perseguir migrantes, generalizar os centros de detenção, não são passos a seguir se queremos construir uma sociedade mais justa e inclusiva. A adopção formal daquela que foi apelidada por largos sectores da sociedade civil como a “Directiva da Vergonha” em pleno Ano Europeu para o Diálogo Intercultural, e, em particular, nas vésperas das comemorações da Declaração Universal dos Direitos Humanos, é sintoma de um gritante divórcio entre os discursos oficiais e a realidade. (...)"


Entre os subscritores:

Bonga, Músico
Fernando Nobre, Médico
Francisco Fanhais, Cantor e Professor
Francisco Keil do Amaral, Arquitecto
(Frei) Francisco Sales, Director da Obra Católica Portuguesa para as Migrações
Helena Roseta , Arquitecta
(D.) Ilídio Leandro, Bispo de Viseu
Irene Pimentel, Historiadora
(D.) Januário Torgal Ferreira, Bispo
João Afonso, Músico
João Brites, Encenador
José Eduardo Agualusa, Escritor
José Mário Branco, Músico
Sergio Trefaut , Realizador
Tito Paris, Músico
Obra Católica Portuguesa de Migrações
Solidariedade Imigrante – Associação para a Defesa dos Direitos dos Imigrantes
SOS Racismo
Associação José Afonso

19 de maio de 2009

Bela Vista, cegueira, crise e crime: importante debate a decorrer no Público

No PÚBLICO de anteontem, entre outras considerações que não discuto aqui, Pacheco Pereira afirmava que, se Portugal fosse um país a sério, "não deixaria sequer um político balbuciar (como fazem no Bloco de Esquerda), face aos acontecimentos no Bairro da Bela Vista, que se trata de uma 'questão social'". A Igreja poderia fazê-lo porque "o seu Reino não é cá na Terra". "Mas a caridade não é a missão do Estado. A missão de Estado é garantir a nossa segurança, sem mas, nem ambiguidades." E passava de seguida a explicar por que razão as crises económicas e sociais nada têm a ver com o crime: "Os pobres não fazem carjacking, não se armam com uma caçadeira e não vão assaltar bancos, bombas de gasolina, ourives e ourivesarias, e caixas multibanco, para comprar roupa de marca." Está assim demonstrado.

Eu tenho uma opinião algo diferente sobre o tipo de coisa que faria de Portugal "um país a sério". Se Portugal fosse "um país a sério", o debate público sobre este tipo de questões já não ocorreria ao nível em que Pacheco Pereira o colocou. Haveria uma comunidade académica pujante de investigadores dedicados ao estudo do fenómeno do crime, cujo papel no debate público sobre este assunto já teria inibido qualquer pessoa que se apresente como "historiador" (ou seja, como um cientista social) de escrever o que Pacheco Pereira escreveu com objectivos única e exclusivamente políticos. Essa comunidade poderia já ter explicado, por exemplo, que não há hoje praticamente dúvidas de que os factores que melhor explicam a incidência de crimes num determinado contexto são a pobreza das populações e a falta de mecanismos de "controlo social" (em particular, a existência de alta instabilidade familiar). Que os efeitos positivos da encarceração sobre o crime são contrabalançados por efeitos negativos, ligados à quebra da estrutura familiar e à aprendizagem do crime nas prisões. Lembrariam também que, num "país a sério" como os Estados Unidos, o Departamento de Justiça e a Associação Nacional de Polícias estão seriamente preocupados com os efeitos da actual recessão económica na incidência de vários tipos de crimes, incluindo não apenas fraudes mas também todo o tipo de furtos, vandalismo, tráfico de drogas e violência doméstica. Que um conhecido estudo do Banco Mundial, utilizando dados de 86 países ao longo de 14 anos, mostra como as crises económicas aumentam a criminalidade. E que, na base da investigação existente, os factores que menos ajudam a explicar a criminalidade são a dureza das penas, o número de efectivos policiais e o aumento de recursos para as polícias. Na ciência, e ainda menos nas "ciências sociais", não há certezas. Mas é o melhor que temos. Fazer de conta que não existem, para quem se apresenta como fazendo algo mais do que mero combate político, justifica-se apenas por ignorância ou cegueira voluntária. Num país a sério, uma ou outra seriam dificilmente desculpáveis.

Pedro Magalhães

Ver o texto inteiro aqui

Stay down - dizem eles

18 de maio de 2009

You can doubt anything
if you think about it long enough.

Ani di Franco, Reckoning

16 de maio de 2009

News/death ratio



Relembro que já referi este génio aqui.

Veja-se uma das duas conferências-TED que ele fez - new insights on poverty - onde nos mostra que a pobreza não é uma fatalidade, que em muitos aspectos o mundo tem efectivamente mudado para melhor e que "the semmingly impossible is possible" (para demonstrar esta última questão ele não faz, nada mais, nada menos, que engolir uma espada de aço no final da conferência. A não perder essa última parte - que, porém, não faz sentido sem o resto, por isso toca a ver tudo!) .

14 de maio de 2009

Repito: a não perder - sobretudo a 2ª parte!



Atenta à actual conjuntura nacional e mundial, a Conferência Episcopal Portuguesa decidiu promover um Simpósio de interpelação da sociedade portuguesa, convocando todos os cidadãos para uma reflexão alargada e profunda sobre o futuro da solidariedade e o paradigma de desenvolvimento das sociedades hodiernas.
Mais do que debater formas de ultrapassar uma conjuntura recessiva, pretende-se debater premissas, ideias e iniciativas que poderão ajudar à criação de um modelo de desenvolvimento mais humano e solidário.
O desafio que a Igreja lança a todos os cidadãos é o de se encontrarem novos modos e expressões para a solidariedade, ou seja, que cada um de nós, individual e colectivamente, seja capaz de “reinventar a solidariedade”!

O evento terá lugar, no dia 15 de Maio, no Centro de Congressos de Lisboa (antiga FIL) e será composto por duas sessões distintas: Diagnóstico da Situação Actual (manhã) e Pistas e Ideias para o Futuro (tarde).



A sessão da manhã, iniciada pelo Sr. D. Carlos Ortiga (presidente da CEP) e por D. Oscar Rodríguez Maradiaga, (Cardeal Arcebispo de Tegucigalpa, Honduras, Presidente da Cáritas Internacional), será moderada pela Dra. Graça Franco, e contará com a participação de três oradores (Prof. João Ferreira do Amaral, Prof. Mário Murteira e Dra. Rosário Carneiro). Esta sessão terminará com um pequeno debate.


Já a sessão da tarde, de ideias práticas para o futuro, contará com a presença (a título pessoal) de dez oradores que apresentarão pistas para a “reinvenção da solidariedade”, ou seja, para um modelo de desenvolvimento mais humano, sustentável e solidário. Serão eles: Pedro Calado (Programa Escolhas), Pedro Krupenski (Amnistia Internacional), Eugénio Fonseca (Cáritas Portuguesa), Sofia Santos (Sustentare), Henrique Joaquim (UCP), Martim Avillez Figueiredo (Director do i), Jacinto Lucas Pires (escritor), Marina Costa Lobo (ICS), Jorge Líbano Monteiro (ACEGE), Teresa Paiva Couceiro (Fundação Gonçalo da Silveira). As conclusões da tarde serão apresentadas no final por Joana Tribolet Rigato (Comissão Nacional Justiça e Paz).


O simpósio será encerrado por D. José Policarpo, seguindo-se uma curta actuação da Orquestra Geração (Gulbenkian).


13 de maio de 2009

pára de olhar para o lado,

pára de te comparar,

pára de admirar os outros como se não soubesses que toda a gente tem podres e insegurança

pára de dar conselhos que não cumpres

pára de lamber as feridas e o sentido de inferioridade

pára de projectar as relações

pára de depender dos outros para a tua estabilidade emocional

pára de querer encolher e regressar e viver vidas alternativas.

caramba, que menina.



O yoga não te fazia mal nenhum.


Nem aprender alguma coisa com estes gajos (apesar do estoicismo exagerado...):







No tengo penas, ni tengo amores
Y asi no sufro, de sinsabores
Con todo el mundo, estoy a mano
Como no juego, ni pierdo ni gano

No tengo mucho, ni tengo poco
Como no opino, no me equivoco
Y como metas, yo no me trazo
Nunca supe lo que es un fracaso

Alegria y tristesa es lo mismo
Para mi que no me intereza sentir
Porque en el angulo de la vida
Yo eh decidido ser la visectris

Asi soy yo, asi soy yo
Asi soy yo, asi soy yo

No me imbolucro, en la pareja
Y asi no sufro, cuando me dejan
A nadie quise, jamas en serio
Y entonces nunca lloro en los entierros

No pasa nada, si no me muevo
Por eso todo, me chupa un huevo
Y no me mata, la indecición
Si shuda stay, o shuda y go

Ojos que no ven corazon que no siente
Desde un cielo cornudo una ves
Y no soy como hoja de perez
No me importa nada si ser o no ser

Asi soy yo, asi soy yo
Asi soy yo, asi soy yo

Diran algunos, hay que insensible
Otros diran que facil simple
Y esas palabras, las lleva el viento
Como no escucho, no me caliento

No estoy ni arriba ni abajo
Ya ni mejoro ni voy a empeorar
Y como nunca empiezo nada
No me pone ancioso poder terminar

Asi soy yo, asi soy yo

12 de maio de 2009

CRISE MUNDIAL E RESPOSTA ECOLÓGICA

Nos meios que dão prioridade à natureza e ao ambiente, estão ser universalmente debatidas as implicações da crise financeira e económica mundial com a maior atenção.

São duas as principais abordagens que o debate revela. De certa perspectiva, a crise financeira (que é também económica e institucional) surge como uma ameaça às políticas de combate às alterações climáticas e a outras políticas de protecção do ambiente. (...)

Segundo outra vertente, a crise é oportunidade. De facto, a parcial paralisia da máquina económica é vista por outros como uma oportunidade de reorientar toda a economia num sentido mais favorável ao ambiente e uma demonstração de efeitos benéficos de uma paragem em actividades destrutivas.

É essa por exemplo a posição de Hervé Kempf, que num pequeno artigo, na edição do Le Monde de 15-16 de fevereiro de 2009, nos convida a imaginar o que aconteceria se o produto interno bruto (PIB) da China tivesse continuado a crescer 10 por cento ao ano, o dos Estados Unidos 5 por cento e o da Europa 2,5 por cento. As emissões de gases de efeito de estufa daí resultantes teriam rapidamente atingido o limiar que faria bascular no irreparável as alterações climáticas. O colapso da biodiversidade ter-se-ia acelerado, precipitando a sociedade humana num caos indescritível. Ao deter este crescimento louco do PIB mundial, a «crise económica» permite atenuar os assaltos da humanidade sobre a biosfera, ganhar tempo e reflectir na nossa reorientação.

(...)
Prosseguindo o resumo da crónica de Hervé Kempf, ele lembra, a seguir, que a crise, ou mesmo o seu momento, era previsível para o caso dos Estados Unidos mas também para o da China.

Ele próprio a previu ao escrever em 2006:

«Entrámos num estado de crise ecológica duradoura e planetária, que se deveria traduzir por um abalo próximo do sistema económico mundial. Os rastilhos possíveis poderiam acender-se na economia ao atingir a saturação e esbarrar contra os limites da biosfera: (...) Como um toxicodependente que só se mantém de pé à custa de doses repetidas, os Estados Unidos, drogados do sobreconsumo, titubeiam antes do colapso; uma forte travagem do crescimento chinês, já que se sabe que é impossível que tal crescimento mantenha duradouramente um ritmo de crescimento anual muito elevado. Desde 1978, a China conheceu um crescimento anual da sua economia de 9,4 por cento. O Japão é um precedente a não esquecer: vinte anos de crescimento assombroso, e em seguida a estagnação duradoura desde o início dos anos 1990».

PROGNÓSTICOS E SAÍDAS

O prognóstico do cronista é que a economia não voltará a arrancar como antes e que o crescimento mundial do PIB não voltará aos 5 por cento; teria terminado a expansão rapidíssima da China e da Índia. Temos pois, segundo ele, que conceber um mundo novo, uma outra economia, uma outra sociedade, inspirados pela ecologia, pela justiça e pelo cuidado pelo bem comum.

O prognóstico poderá estar errado, mas é evidente que o de 2006 se confirmou em pleno, para já. (...)
De facto, estamos sempre a ler e a ouvir que NINGUÉM previu esta crise. Não é verdade, não apenas pela citação que fizemos de Kempf, mas também devido a muitos outros analistas, incluindo economistas, embora minoritários (...), que não se limitam a análises mas propõem caminhos, para além de inúmeras correntes de pensamento e de práticas que, um pouco por todo o mundo, têm procurado seguir inspiração semelhante. Claro que nada disso existe aos olhos do mundo oficial, que é quem dita a regra do que existe ou não existe.(...)

E AGORA, QUE FAZER?

(...)
A resposta de Kempf é, quiçá, um pouco abrupta:

(...) a dependência, o endividamento, a inflação, não são a solução. Consertar o reboco do edifício não poderá reparar alicerces em ruínas. Importa pelo contrário operar uma redistribuição da riqueza colectiva em direcção aos pobres; a ferramenta para isso poderia ser o RMA: rendimento máximo admissível.
(...) Ainda segundo Kempf, a redução da desigualdade também ajudará a alterar o modelo cultural de sobreconsumo, e tornará suportáveis as descidas necessárias e inelutáveis do consumo material e de consumo de energia nos países ricos.

Outra exigência: orientar a actividade humana para os domínios de fraco impacto ecológico, mas criadores de emprego, e nos quais as necessidades são imensas: saúde, educação, cultura, poupança de energia e sua produção ambientalmente compatível, incluindo a mais importante forma de energia que é a agricultura, transportes colectivos, a conservação e restauração da natureza.

Fácil? Não. Mas, segundo ele, mais realista que julgar possível o regresso à antiga ordem, a anterior a 2007.

E por aqui me fico, não sem antes referir um artigo também publicado no mesmo jornal (mas em inglês, num pequeno suplemento do The New York Times), sobre a forma como os japoneses estão a reagir à crise: reforçando a poupança, refreando o consumo, levando um estilo de vida mais simples, para desespero dos «economistas» (seria mais certo chamar-lhes «gastadoristas»), que põem, desaprovadoramente, como parte da explicação, a ancestral cultura oriental que encontramos já compendiada nos grandes mestre chineses, no taoísmo, em Confúcio, etc, e que era também a «cultura» tradicional no Ocidente até há bem pouco tempo.

adaptado de José Carlos Marques

(Ler o artigo completo)

11 de maio de 2009

Tricicle

Viva o youtube, é incrível encontrar isto aqui, tantos anos depois!

Parece que estou outra vez em '89, na sala dos pais a comer rebuçados e a ver pela centésima ver aquela cassete VHS onde estava o espectáculo "Exit" gravado...

A não perder nenhum destes sketches!




















10 de maio de 2009

Amor é quando a mamã dá ao papá o melhor pedaço da galinha

«Quando a minha avó ficou com artrite, não se podia dobrar para pintar as unhas dos dedos dos pés. Portanto o meu avô faz sempre isso por ela, mesmo quando apanhou, também, artrite nas mãos. Isso é o amor.»

Rebeca, 8 anos


«O amor é aquilo que está contigo na sala, no Natal, se parares de abrir os presentes e escutares com atenção.»
Bobby, 7 anos


«O amor é quando dizes a um rapaz que gostas da camisa dele e, depois, ele usa-a todos os dias.»
Noelle, 7 anos


9 de maio de 2009

Através do Padre Amadeu e da sua morte, chegou até mim um livro de um certo Cardeal Bernardim.



Com esse livro, ando a tentar perceber várias coisas, entre elas isto:



Whenever we are with people who suffer, it frequently becomes evident that there is very little we can do to help them other than be present to them, walk with them as the Lord walks with us. The reason this is so frustrating is that we like to be “fixers”. We want not only to control our own destiny but also that of others. So we are frustrated when all we can do for suffering persons is be present to them, pray with them—become, in effect, a silent sign of God’s presence and love.
And yet, the ability to offer that kind of prayerful response is the key that unlocks the mystery of suffering. For, in the final analysis, our participation in the paschal mystery—in the suffering, death, and resurrection of Jesus—brings a certain freedom: the freedom to let go, to surrender ourselves to the living God, to place ourselves completely in his hands, knowing that ultimately he will win out! The more we cling to ourselves and others, the more we lose the true sense of our lives, the more we are impacted by the futility of it all. It’s precisely in letting go, in entering into complete union with the Lord, in letting him take over, that we discover our true selves.

(...) We must let the mystery, the tranquility, and the purposefulness of Jesus’ suffering become part of our own life before we can become effective instruments in the hands of the Lord for the sake of others.



(ler o excerto inteiro)

7 de maio de 2009

diametralmente opostos

É difícil eu conseguir discordar tão regular e previsivelmente de alguém como de João Pereira Coutinho.

(o César das Neves seria um bom candidato mas há cristianismo a mais a acomunar-nos; o mesmo acontece com o Guillul, que para além das bases espirituais me conquista pela garra - raramente pelos gostos musicais)

Mas a mini-crónica que apresento abaixo é extraordinária.
Começa ele por referir que a J.K Rowling ganha 600€ por palavra. Boa, pensei eu, é desta que vai dizer alguma coisa com que eu me identifique. Um mínimo de considerações ético-políticas, sei lá. Mesmo que discordemos dos meios, ao menos que nos encontremos nos fins.
Népia.
Passa o tempo todo a dizer que também queria e que, se pudesse, lhe dava o golpe do baú.


«LEITURA DE PEQUENO-ALMOÇO:

J.K. Rowling, autora dos inenarráveis Harry Potter - tentei ler o primeiro; pleeeease - ganha seiscentos euros por palavra. Uma confortável posição que a coloca entre as mais ricas do planeta. Oitocentos euros. Por cada «and», por cada «but». Ou seja: se a batuta de J.K. fosse aplicada aos artigos semanais que publico no Indy - uma média de 800 palavras por peça - eu ganharia 480 mil euros. Por semana. Aqui fica à consideração da dra. Serra Lopes. De resto, confesso que nada disto me perturba. Demasiado. Aquilo que me perturba é saber duas coisas terrivelmente prosaicas. Em primeiro lugar, que a belíssima J.K. viveu no Porto e eu, como sempre, passei ao lado. E, em segundo, a ideia de que o namorado portuense de J.K., que eu obviamente desconheço, se deu ao luxo de pontapear seiscentos euros por palavra quando expulsou a frágil donzela pela porta fora. Meu Deus, dava um dedo - o mindinho - para conhecer o cavalheiro. Hoje. Agora. E desde já deixo ficar a sugestão: a Câmara do Porto, em homenagem à escritora J.K. Rowling, devia erguer uma estátua ao antigo namorado portuense. Uma espécie de Monumento ao Burgesso, espécie assaz difundida a norte do Mondego. Os pombos, depois, fariam o resto.»

JP Coutinho 6 de Novembro de 2003

6 de maio de 2009

Manifestações do espírito

Estou convertida.
Um bailarino que se torna monge numa Cartuxa. Do mundo da arte e da música ao mergulho no "grande silêncio" de Deus.
Daqui:



para aqui:



Vejam a entrevista a Emilio Cervellò, em que ele nos explica esta sua opção profundamente consciente e feliz, e encantem-se.

Quanto a mim, estou ainda agora com este sorriso parvo, maravilhado, na cara.
A verdadeira condição humana é a espera.

4 de maio de 2009

Mau demais

Podemos começar pela cena em que a mãe e o filho abordam directamente o facto de o pai estar para morrer, não tarda nada, de cancro:

"Que chatice, isto" - diz o filho.

"Ah, é horrível" - suspira a mãe e abana a cabeça.

Ao que acrescenta, como quem não quer a coisa:

"Mas chega de tristezas"

(lindo! quando eu tiver um pai a morrer, também me parecerá verosimilhante que a minha mãe diga isto) e decide mudar de assunto.

"Olha lá, tu não dormes cá?".
(p.81)

Continuamos na mesma página, com os comentárias da referida senhora às próximas viagens do filho:

"Ai minha nossa! Um voo!"

"Ai, Virgem Santíssim! Já estou arreliada."
(p.81)

Ela, de facto, é uma mãe extremosa, como deve ser, que abre os braços a acolher o seu rebento (trintão e doutorado) e diz:

"Credo, já estava em cuidados"

acrescentando pouco depois:

"Ai, só te digo, filhinho: viver está pela hora da morte. Pela hora da morte!"

(realmente, o mal deve ser da minha mãe. Por que raio é que ela não fala assim? Que mania de ser diferente!)

Passamos agora para o lado más másculo da família, um professor universitário introspectivo e anti-social a quem diagnosticaram um cancro e a iminência da morte certa e que, pela primeira vez, desabafa com o filho sobre sentimentos e medos. E como é que se desenrola a conversa?
Com 13 páginas de uma lição de bioquímica sobre a natureza material da Vida e a semelhança entre o cérebro humano e os computadores.
(pp.87-99)

(e eu vou confirmando os complexos que este livro em mim suscita, quanto à minha família e ao desinteresse das nossas conversas...)

E como se não bastassem estas citações demonstrativas da qualidade literária da obra, temos as descrições:

"Uma mulher alta e de longos cabelos negros aproximou-se do homem; vinha do interior do museu e ostentava um sorriso cativante. Tinha os olhos de um intrigante castanho-amarelado, os lábios grossos e sensuais pintados de escarlate, uns discretos brincos de rubis e um tailleur cinzento colado ao corpo, saltos altos negros realçavam-lhe as curvas perfeitas e as pernas longas de modelo."
(p.24)

Quem é que resiste a uma cena destas? De facto, o rapaz não hesita, e prega-lhe logo dois ou três piropos:

"Não sabia que as iranianas eram assim tão bonitas".

E ela?

"O rosto de Ariana abriu-se num sorriso maravilhoso".

Mas as cenas cinematográficos não dizem só respeito ao sexo forte, também a natureza não lhes escapa:

"Fazia sol, os arbustos coloriam de verde os jardins mimosos, graciosas casas de madeira espreitavam a rua, as folhas tremelicavam sob a brisa leve da manhã"

(ai, desculpa, não percebi bem, podes explicar melhor?)

"o ar ameno encheu-se de aroma e melodia, perfumado pela fragrância fresca das glicínias, embalado pelo estridular laborioso das cigarras na relva rasteira e pelo arrulhar meigo de um beija-flor."

(epá, que lindo! Mas falta aqui a gente, sei lá, crianças....)

"Uma gargalhada despreocupada juntou-se ao harmonioso concerto da natureza, era uma criança loira que guinchava de alegria e saltitava pelo passeio, puxando um colorido papagaio de corda."
(p.11)

Inebriante.

Mas voltemos à gaja da boca escarlate. Há um capítulo que começa logo a falar dela, vamos ver a primeira frase:

"Os olhos quentes de Ariana Pakravan esperavam por Tomás junto à saída dos passageiros".
(p.100)

Grande início. Pouco depois, a sua "voz sensual" diz ao nosso herói que no Irão as mulheres não podem conduzir.
E o que é que o dito cujo, portuguesinho da Silva, responde, perguntam vocês?

"Puxa."

(citações de A Fórmula de Deus, José Rodrigues dos Santos)

Ontem, numa igreja de Penafiel, a homilia.

"Ó minha mãe, ó minha amada,
quem tem mãe tem tudo, quem não tem mãe não tem nada"

"Tenham valor as pérolas
e tudo o que o mundo contém
mas não há jóia mais bela
que as cicatrizes de uma mãe!"

"Com três letrinhas apenas
se escreve a palavra mãe...
M de maternal, A de amor, E de eternidade...."

e por aí adiante.
Por estas e por outras é que o povo cristão tem a cultura religiosa que tem...

3 de maio de 2009

Alguém a favor

Sou fã deste spot.

2 de maio de 2009

1 de maio de 2009

Receber como prenda a doação de um lama

Aqui há um mês, esta foi uma das prendas de anos. E acho que vale a pena divulgar!




******************************************************************************

Happy birthday


To: JR
From: XXXXXX


In your honor, a gift has been made to Heifer International to help struggling people around the world become self-reliant for food and income.

May this gift bring you joy as it brings hope to a family in need.



Muitos parabéns, querida XX ! Esperamos que este "pedaço de Lama" doado em teu nome te alegre e que melhore a vida de uma família na América Latina!
Com muitos beijinhos, XXXXXXX

Heifer International
provides livestock and training so that families can improve nutrition and earn income for health care, shelter and education for children. Each gift multiplies because every family that receives a Heifer animal promises to "pass on the gift" by giving one or more of their animal's offspring and knowledge to another family in need.

******************************************************************************