29 de outubro de 2010

Isn't it ironic?

No dia em que recebi a carta da segurança social a informar-me que ia receber 56 euros por mês de abono de família pré-natal (e pós-natal também, presumo), confirma-se no jornal que a partir de segunda feira os agregados familiares a partir do 4º escalão (em que me insiro eu) deixarão de o receber. Eheh.
Mas enfim, é tudo pelo bem comum.

27 de outubro de 2010

O casamento feliz, segundo Miguel Esteves Cardoso

«O casamento feliz não é nem um contrato nem uma relação. Relações temos nós com toda a gente. É uma criação. É criado por duas pessoas que se amam.
O nosso casamento é um filho. É um filho inteiramente dependente de nós. Se nós nos separarmos, ele morre. Mas não deixa de ser uma terceira entidade.
Quando esse filho é amado por ambos os casados - que cuidam dele como se cuida de um filho que vai crescendo -, o casamento é feliz. Não basta que os casados se amem um ao outro. Têm também de amar o casamento que criaram.
O nosso casamento é uma cultura secreta de hábitos, métodos e sistemas de comunicação. Todos foram criados do zero, a partir do material do eu e do tu originais.
Foram concordados, são desenvolvidos, são revistos, são alterados, esquecidos e discutidos. Mas um casamento feliz com dez anos, tal como um filho de dez anos, tem uma personalidade mais rica e mais bem sustentada, expressa e divertida do que um bebé com um ano de idade.
Eu só vivo desta maneira - que é o nosso casamento - vivendo com a Maria João, da maneira como estamos um com o outro, casados. Nada é exportável. Não há bocados do nosso casamento que eu possa levar comigo, caso ele acabe.
O casamento é um filho carente que dá mais prazer do que trabalho. Dá-se de comer ao bebé mas, felizmente, o organismo do bebé é que faz o trabalho dificílimo, embora automático, de converter essa comida em saúde e crescimento.
Também o casamento precisa de ser alimentado mas faz sozinho o aproveitamento do que lhe damos. Às vezes adoece e tem de ser tratado com cuidados especiais. Às vezes os casamentos têm de ir às urgências. Mas quanto mais crescem, menos emergências há e melhor sabemos lidar com elas.
Se calhar, os casais apaixonados que têm filhos também ganhariam em pensar no primeiro filho que têm como sendo o segundo. O filho mais velho é o casamento deles. É irmão mais velho do que nasce e ajuda a tratar dele. O bebé idealmente é amado e cuidado pela mãe, pelo pai e pelo casamento feliz dos pais.
Se o primeiro filho que nasce é considerado o primeiro, pode apagar o casamento ou substitui-lo. Os pais jovens - os homens e as mulheres - têm de tomar conta de ambos os filhos. Se a mãe está a tratar do filho em carne e osso, o pai, em vez de queixar-se da falta de atenção, deve tratar do mais velho: do casamento deles, mantendo-o romântico e atencioso. »


20 de outubro de 2010

O homem sem rosto

Quando eu era miúda e vivia em Oeiras, ir a Lisboa era uma aventura rara. E quando essa aventura incluía o Rossio, invariavalmente aparecia o homem-monstro que povoava a minha imaginação. Estava sempre do lado esquerdo da praça (para quem vem do rio), a pedir esmola, com o seu BI na mão, para confirmar que aquele tumor gigante e roxo que lhe cobria a face não era uma máscara: era mesmo a única cara que ele tinha para se apresentar ao mundo.
Tantas vezes sonhei com ele e pensei na sua identidade de homem-elefante português, na família que teria ou não, e com que comunicava vá-se lá saber como (será que ele consegue falar? certamente que não. E ouvir? talvez. Mas depois como é que responde, se não se vislumbram olhos no meio daquela massa disforme que lhe cobre o rosto? ou seja, como é que pode até escrever uma mensagem?).
Passados uns anos, deixei de o ver e achei que tinha morrido.

Hoje fiquei a saber pelo jornal que o seu nome é José e foi operado nos Estados Unidos.

16 de outubro de 2010

Já começou o Doclisboa

e eu ainda não tinha avisado!
Vá, vá, todos ao cinema, faz favor.


www.doclisboa.org

6 de outubro de 2010

Orçamento participativo de Lisboa


Vale a pena participar. É fácil e rápido: não custa nada.
Vejam aqui os projectos abertos a votação (são imensos e há para todos os gostos) e votem (até ao fim de Outubro) - para que depois não nos andemos a queixar de que Lisboa não funciona como queremos, mas não fazemos nada para participar quando nos é dada a oportunidade de o fazer!