29 de setembro de 2010

Uma outra economia

Hoje veio à luz um novo blogue, ajuda preciosa para quem quer alimentar uma consciência crítica acerca do mundo actual, numa leitura aprofundada, credível e de qualidade:
http://areiadosdias.blogspot.com/.

(blogue do Grupo de Trabalho Economia e Sociedade, da Comissão Nacional Justiça e Paz)

25 de setembro de 2010

Cidades modernas

«Sem dúvida, nada há de mais natural, hoje em dia, do que ver as pessoas trabalharem de manhã à noite e optarem, em seguida, por perder nas cartas, no café e em tagarelices o tempo que lhes resta para viver. Mas há cidades e países em que as pessoas, de vez em quando, suspeitam que exista mais alguma coisa. Isso, em geral, não lhes modifica a vida. Simplesmente, houve a suspeita, o que já significa algo. Oran, pelo contrário, é uma cidade aparentemente sem suspeitas, quer dizer, uma cidade inteiramente moderna. Não é necessário, portanto, definir a maneira como se ama entre nós. Os homens e as mulheres ou se devoram rapidamente, no que se convencionou chamar acto de amor, ou se entregam a um longo hábito a dois. Isso tampouco é original. Em Oran, como no resto do mundo, por falta de tempo e de reflexão, somos obrigados a amar sem saber.»



Camus, A peste.

24 de setembro de 2010

Manel - novo disco genial que me chegou às mãos

(estilo Beirut em Catalunha)

17 de setembro de 2010

A minha conferência

Deixo-vos aqui o link para o texto que serviu de base à minha conferência da passada terça-feira: "Questões do debate social contemporâneo: uma leitura dos problemas mais relevantes".

7 de setembro de 2010

Física quântica: aqui vou eu.






Legenda:

Instituto de Física Quântica: encontra-se aqui ou aqui.

3 de setembro de 2010

Este país é uma ervilha

(ou, como se diz em Itália - bem menos graciosamente: "questo paese è un buco del culo")


Este mês vou ter duas intervenções públicas em duas ocasiões de grande relevo: uma é na Semana Social, em Fátima (14 de Setembro), outra será num programa de televisão para o qual me convidaram ontem (e que anunciarei mais à frente, no blog). E ainda ontem fui entrevistada para um programa de rádio da Ecclesia.

A minha surpresa é cada vez maior, à medida que esta minha reduzida faceta pública vai adquirindo maior visibilidade. Porquê eu?

E a resposta não é, garanto-vos: porque sou uma pessoa com grande experiência nas questões sociais, ou com uma grande visão de conjunto, ou que está no terreno a trabalhar com os mais pobres, ou que "sabe muito destas coisas". Nada disto. Eu há anos que não faço nada ou quase nada a nível social e não sou de forma alguma uma erudita com coisas brilhantes para dizer.
A resposta assenta antes em três razões práticas: 1) porque sou jovem, 2) porque tenho jeito para comunicar, 3) porque não há mais ninguém.

Desde que descobriram que sou uma boa presença para falar em público, os convites sucedem-se. E eu pergunto sempre a mesma coisa: mas tem a certeza que me quer a mim? Olhe que eu sou uma ignorante, olhe que eu não sou ninguém, olhe que eu sei pouco sobre esse tema, olhe que há certamente pessoas mais capazes do que eu. Mas nada, confirmam sempre o convite e eu confirmo sempre as minhas suspeitas:

1) somos um país em que a gente vive de renda. Ou seja, a imagem pública que uma pessoa tem e que se formou numa determinada altura da sua vida, devido a alguma razão, sobrevive ao tempo que passa e faz com que o icon em que essa pessoa se torna se conserve, mesmo que ela já não faça nada do que dantes fazia e que as suas aparições públicas (pensemos nos velhos actores que vão à tv ser entrevistados, por exemplo) se alimentem do passado glorioso que teve e do prestígio que ainda tem.

2) somos um país com escassos recursos humanos e, por isso, os poucos que temos (por exemplo, eu), por mais fraquitos que sejam, acabam por ser sempre chamados. Isso vê-se na tv e nos jornais, com os diferentes comentadores políticos que, no fundo são sempre os mesmos, e vê-se nos eventos em que tenho participado.

1 de setembro de 2010

Leitura de fim de Verão

"Per un'oscura ragione sono ipersensibile a tutto ciò che stona, come se avessi una specie di orecchio assoluto per le stecche, per le contraddizioni".


(Muriel Barbery, L'eleganza del riccio, trad. E. Caillat e C. Poli)