21 de dezembro de 2006

ABC dos Grande Números

Para muitos portugueses, qualquer número acima de um milhão, cai na categoria das quantidades transcendentes. Este artigo pretende trazer alguma luz sobre as escalas dos números grandes.
Números como, por exemplo, 20.000.000. Vinte milhões. Este é o valor estimado em euros para o investimento no Túnel do Marquês, antes de derrapagens (aD) e antes de Sá Fernandes (aSF). Apesar da grandeza aparente do número, nem chega a ser ¼ do custo do funcionamento anual da Assembleia da República, orçamentado em 85.000.000 de euros.

Subindo para os 9 dígitos, aparece-nos o custo da Casa da Música, depois de derrapagens, 112.000.000 de euros. Cerca do triplo da estimativa aD. Ou seja, esperava-se que a Casa custasse 1,8 túneis (aD, aSF) mas ficou por 5,6. Derrapagem normal, para Portugal.

Logo a seguir deparamos com 130 milhões, montante com que se poderia comprar um computador a cada aluno do 2º ciclo do ensino básico, e que representa também a dívida total da lista pública de devedores ao fisco.

O gigantismo dos números começa a esmagar-nos quando lemos na imprensa que os créditos recuperados pela Segurança Social em 2006, por acção do Super-Cobrador, atingiram o valor recorde de 200 milhões de euros. 10 túneis (aD, aSF) recuperados num só ano. Quase o Rendimento Social de Inserção para 2007, o que equivale a 13 túneis (aD, aSF), 3 Assembleias da República ou 2 listas de devedores ao fisco. São 260.000.000 euros, o mesmo que o Euro 2004 bebeu nos cofres do estado.

Artigo publicado na Dia D, Público, em 8 de Dezembro de 2006
(lê-lo todo aqui)

14 de dezembro de 2006

Morreu Pinochet 2
Morreu Pinochet

Ojalá que las hojas no te toquen el cuerpo cuando caigan
para que no las puedas convertir en cristal.
Ojalá que la lluvia deje de ser milagro que baja por tu cuerpo.
Ojalá que la luna pueda salir sin ti.
Ojalá que la tierra no te bese los pasos.

Ojalá se te acabe la mirada constante,
la palabra precisa, la sonrisa perfecta.
Ojalá pase algo que te borre de pronto:
una luz cegadora, un disparo de nieve.
Ojalá por lo menos que me lleve la muerte,
para no verte tanto, para no verte siempre
en todos los segundos, en todas las visiones:
ojalá que no pueda tocarte ni en canciones.

Ojalá que la aurora no dé gritos que caigan en mi espalda.
Ojalá que tu nombre se le olvide a esa voz.
Ojalá las paredes no retengan tu ruido de camino cansado.
Ojalá que el deseo se vaya tras de ti,
a tu viejo gobierno de difuntos y flores.

(Silvio Rodriguez 1969)

Mercedes Sosa - Entrevista 1980

7 de dezembro de 2006

Ainda há pastores?

5 de dezembro de 2006

Dois artigos sobre Oaxaca em português (do Brasil...)

A Outra Oaxaca
25 de novembro de 2006

A Polícia Federal Preventiva (PFP) começou, ao redor das 17 horas, a agredir os membros da Assembléia Popular dos Povos de Oaxaca (APPO), que estavam fazendo una manifestação pacífica nos arredores da praça central. Estas agressões originaram um enfrentamento entre a PFP e os integrantes da APPO que ainda continuam.
As ruas do Centro Histórico são um campo de batalha, os policiais federais há aproximadamente uma hora começaram a disparar suas armas de fogo contra os manifestantes. A polícia ministerial do estado e a PFP fazem guarda em alguns pontos como o Llano, a rua Crespo, a Central de Abastos e outros lugares.
Se constatam aproximadamente 40 detidos, dentre os quais 20 mulheres. Há vários feridos, estando um em situação grave.
Até agora temos informação de dois companheiros que perderam a vida, resultado das agressões, ainda sem identidade confirmada.
(...)

********************************

27 de novembro de 2006
O movimento popular de Oaxaca ganha espaços e legitimidade no mundo da resistência. Já não é apenas a repressão que convoca ativistas, coletivos, agrupamentos políticos, religiosos e de direitos humanos, gente da arte, da academia e da cultura de mais de 20 países, senão a expressão de uma forma organizativa autônoma que se converte pouco a pouco em referência de transformação política impulsionada desde baixo.
Um ato repressivo impulsionou a criação da Assembléia Popular dos Povos de Oaxaca (APPO) em junho passado, e a bárbara investida dos governos federal e estadual, iniciada nos dias 27 e 29 de outubro, que incluiu novos assassinatos, detenções e a ocupação da cidade pela Polícia Federal Preventiva (PFP), desencadeou um movimento internacional de solidariedade apenas comparável em intensidade àquele convocado pelos zapatistas e o povo de São Salvador Atenco (com suas próprias e diferentes histórias).
Até o momento se registram nas diferentes redes internacionais de comunicação mais de 160 ações de solidariedade com Oaxaca em menos de um mês. Só a jornada de mobilização do passado dia 20, convocada e impulsionadapelo Exército Zapatista de Liberação Nacional e conseguida pela própria legitimidade conquistada pelo movimento, se reportaram 47 mobilizações em 46 cidades do planeta.
(...)
.
(ler os artigos aqui)

3 de dezembro de 2006

Mais sobre Oaxaca

La situazione a Oaxaca è precipitata. Sabato la PFP (Policia Federal Preventiva) ha attacato la manifestazione pacifica dell'APPO ed è cominciata la peggiore repressione che si ricordi in Messico almeno dal 1971. Il saldo è spaventoso: più di 200 detenuti, più di 100 desaparecidos, 5 morti per colpi di arma da fuoco, impossibile calcolare i feriti e le persone intossicate dai gas, si parla di fosse comuni (...).

La tensione ad Oaxaca è aumentata questo lunedì per le dichiarazioni ufficiali della Polizia Federale Preventiva (PFP) che la tolleranza è finita e annunciando l'adempimento dei mandati di cattura contro simpatizzanti e dirigenti dell'Assemblea Popolare dei Popoli di Oaxaca (APPO), perquisendo almeno una ventina di immobili dove si presume che siano nascosti attivisti dell'organizzazione.

Vi allego un articolo molto interessante sulla situazione attuale.
Si teme che Felipe Calderon, che si insedierà con le mani sporche di sangue il prossimo venerdi, sarà un nuovo Pinochet. Le premesse ci sono tutte.
.
(ler todo o artigo aqui)

21 de novembro de 2006

Muchos más que dos

Tus manos son mi caricia
Mis acordes cotidianos
Te quiero porque tus manos
Trabajan por la justicia.

Si te quiero es porque sos
Mi amor mi cómplice y todo
Y en la calle codo a codo
Somos muchos más que dos.

Tus ojos son mi conjuro
Contra la mala jornada
Te quiero por tu mirada
Que mira y siembra futuro

Tu boca que es tuya y mía
Tu boca no se equivoca
Te quiero porque tu boca
Sabe gritar rebeldía.

Si te quiero es porque sos
Mi amor mi cómplice y todo
Y en la calle codo a codo
Somos mucho más que dos.

Y por tu rostro sincero
Y tu paso vagabundo
Y tu llanto por el mundo
Porque sos pueblo te quiero.

Y porque amor no es aureola
Ni cándida moraleja
Y porque somos pareja
Que sabe que no está sola.

Te quiero en mi paraíso
Es decir que en mi país
La gente viva feliz
Aunque no tenga permiso.

Si te quiero es porque sos
Mi amor mi cómplice y todo
Y en la calle codo a codo
Somos mucho más que dos.

Mario Benedetti

18 de novembro de 2006

O meu filme preferido

e isto.

Como de costumbre
estuvimos de acuerdo en que poco o nada se arregla
con canciones (...)

Por fin resolvimos que
de todos modos
es peor el silencio
que hablar es algo más que una droga

Porque la verdad es verdad
sólo cuando es pronunciada
(...)

(Mario Trejo)
e isto.


Castigo para los que no practícan su pureza con ferocidad.
(Mario Trejo)

De puño y letra

O meu marido hoje mostrou-me isto.

Me doy por vencido.
La religión la mafia
la política y el fútbol
el ejército y la moda
mueven más gente que yo.

Son millones o pocos
pero totalmente decididos
al todo por el todo.
Yo sólo tengo que ver
con las pequeñas multitudes
de un cine de trasnoche
con la soledad de los jugadores
que ofician una partida de ajedrez
con la tibieza de algunas mujeres.

Leo
vuelvo a ver una vieja película
hago noche en Coltrane
y estiro el brazo y acaricio a mi bella
que fuma y ahora me convida.
(Mario Trejo)

L'America

(di Giorgio Gaber - versione del 1995)


Just singing in the rain (cit.)

A noi ci hanno insegnato tutto gli americani. Se non c'erano gli americani a quest'ora noi... eravamo europei: vecchi, pesanti, sempre pensierosi, con gli abiti grigi e i taxi ancora neri.
Non c'è popolo che sia pieno di spunti nuovi come gli americani. E generosi, e buoni, e giusti.
Non c'è popolo più giusto degli americani. Anche se sono costretti a fare una guerra, per cause di forza maggiore, s'intende, non la fanno mica perché conviene a loro. No! E' perché ci sono dei posti dove non c'è ancora né giustizia, né libertà. E loro... Eccola lì... Pum! Te la portano. Sono portatori, gli americani. Sono portatori sani di democrazia. Nel senso che a loro non fa male, però te l'attaccano.
L'America è un arsenale di democrazia. E quello che mi ha sempre colpito degli americani è questo gran desiderio, questo gran bisogno di esportare, di divulgare il loro modo di vivere, la loro cultura... no, non la cultura... le invenzioni, i fatti di costume... Sono portatori sani di cose nuove, sempre nel senso che a loro non fanno male però te le attaccano.
Dopo la seconda guerra mondiale sono arrivati qui e hanno portato: jeep, scatolette, jeans, cultura... no, non la cultura... movimenti dinoccolati, allegria, progresso, cultura... no, non la cultura... la Coca-Cola, il benessere, la tecnologia, lo sviluppo...
E di colpo l'Europa, la vecchia, cara Europa, con i suoi lampioncini fiochi, i suoi fiumi, le sue tradizioni, i violini, i valzer...

In the mood (cit)

E poi luci, e neon, e vita, e colori, e automobili, ponti, autostrade, televisori, aerei... Chewing-gum!

Tutti-frutti (cit.)

L'America è un paese di giovanotti. Gli americani sono gli unici al mondo che a Disneyland non si sentono idioti neanche per un attimo. No, io non ho niente contro l'America, anzi, mi piace. Ce l'ho con gli americanisti di tutto il mondo. L'America, si sa, è stato un errore dì navigazione. Certo, non ci volevamo mica andare, ci siamo cascati. Ecco cos'è l'America: è uno scivolo, una buca, un'enorme buca con il risucchio: SSSCCHHIVVRRUMMM!

(...) E ora tutti a dire: "Che bella la buca... che bella la buca... non c'è niente di più democratico della buca... a me piace la buca di Reagan... no, io sono per quella di Clinton... Eh già, perché c'è buca e buca... Viva la buca!"

(ler todo o texto de G.Gaber)

16 de novembro de 2006

Carta a meus filhos sobre os fuzilamentos de Goya

Não sei, meus filhos, que mundo será o vosso.
É possível, porque tudo é possível, que ele seja
aquele que eu desejo para vós. Um simples mundo,
onde tudo tenha apenas a dificuldade que advém
de nada haver que não seja simples e natural.
Um mundo em que tudo seja permitido,
conforme o vosso gosto, o vosso anseio, o vosso prazer,
o vosso respeito pelos outros, o respeito dos outros por vós.
E é possível que não seja isto, nem seja sequer isto
o que vos interesse para viver. Tudo é possível,
ainda quando lutemos, como devemos lutar,
por quanto nos pareça a liberdade e a justiça,
ou mais que qualquer delas uma fiel
dedicação à honra de estar vivo.
Um dia sabereis que mais que a humanidade
não tem conta o número dos que pensaram assim,
amaram o seu semelhante no que ele tinha de único,
de insólito, de livre, de diferente,
e foram sacrificados, torturados, espancados,
e entregues hipocritamente à secular justiça,
para que os liquidasse "com suma piedade e sem efusão de sangue.

"Por serem fiéis a um deus, a um pensamento,
a uma pátria, uma esperança, ou muito apenas
à fome irrespondível que lhes roía as entranhas,
foram estripados, esfolados, queimados, gaseados,
e os seus corpos amontoados tão anonimamente quanto haviam vivido,
ou suas cinzas dispersas para que delas não restasse memória.
Às vezes, por serem de uma raça, outras
por serem de urna classe, expiaram todos
os erros que não tinham cometido ou não tinham consciência
de haver cometido. Mas também aconteceu
e acontece que não foram mortos.
Houve sempre infinitas maneiras de prevalecer,
aniquilando mansamente, delicadamente,
por ínvios caminhos quais se diz que são ínvios os de Deus.
Estes fuzilamentos, este heroísmo, este horror,
foi uma coisa, entre mil, acontecida em Espanha
há mais de um século e que por violenta e injusta
ofendeu o coração de um pintor chamado Goya,
que tinha um coração muito grande, cheio de fúria
e de amor. Mas isto nada é, meus filhos.
Apenas um episódio, um episódio breve,
nesta cadela de que sois um elo (ou não sereis)
de ferro e de suor e sangue e algum sémen
a caminho do mundo que vos sonho.
Acreditai que nenhum mundo, que nada nem ninguém
vale mais que uma vida ou a alegria de té-la.
É isto o que mais importa - essa alegria.
Acreditai que a dignidade em que hão-de falar-vos tanto
não é senão essa alegria que vem
de estar-se vivo e sabendo que nenhuma vez
alguéme stá menos vivo ou sofre ou morre
para que um só de vós resista um pouco mais
à morte que é de todos e virá.
Que tudo isto sabereis serenamente,
sem culpas a ninguém, sem terror, sem ambição,
e sobretudo sem desapego ou indiferença,
ardentemente espero. Tanto sangue,
tanta dor, tanta angústia, um dia
- mesmo que o tédio de um mundo feliz vos persiga -
não hão-de ser em vão. Confesso que
muitas vezes, pensando no horror de tantos séculos
de opressão e crueldade, hesito por momentos
e uma amargura me submerge inconsolável.
Serão ou não em vão? Mas, mesmo que o não sejam,
quem ressuscita esses milhões, quem restitui
não só a vida, mas tudo o que lhes foi tirado?
Nenhum Juízo Final, meus filhos, pode dar-lhes
aquele instante que não viveram, aquele objecto
que não fruíram, aquele gesto
de amor, que fariam "amanhã".
E, por isso, o mesmo mundo que criemos
nos cumpre tê-lo com cuidado, como coisa
que não é nossa, que nos é cedida
para a guardarmos respeitosamente
em memória do sangue que nos corre nas veias,
da nossa carne que foi outra, do amor
que outros não amaram porque lho roubaram.


Jorge de Sena

6 de novembro de 2006

O Decrescimento Feliz

“Bom dia”, disse o principezinho.
“Bom dia”, disse o comerciante.
Era um comerciante de pílulas aperfeiçoadas para acalmar a sede.
Engolindo uma por semana, já não se tem necessidade de beber.
“Por que vendes tu isso?”, perguntou o principezinho.
“ É uma grande economia de tempo. Os cálculos foram feitos por peritos. Poupam-se cinquenta e três minutos por semana.”
“E o que se faz desses cinquenta e três minutos?”
“Faz-se o que se quer…”
“Eu – disse o principezinho para consigo -,
se tivesse cinquenta e três minutos para gastar,
o que fazia era dirigir-me devagarinho para uma fonte…”


(...)
O facto é que o crescimento entranhou-se na economia, como a alma no nosso pobre corpo mortal e já não é possível separá-los. Aos estudantes de economia ensinam (…) que as contas só batem certo se tiverem um “mais” (+) à frente. E não vale a pena tentar convencê-los de que a produção não pode crescer infinitamente porque os recursos do planeta não são infinitos (...). Uma economia que não cresce é considerada como um peixe que não nada. Uma contradição nos termos.

Mas em que é que consiste este crescimento? É o crescimento dos bens e dos serviços de que os seres humanos necessitam para viver cada vez melhor? Se vais daqui até ali de automóvel e não encontras trânsito na estrada consomes uma certa quantidade de combustível. Se ficares preso numa fila quilométrica, consomes muito mais. Portanto, fazes crescer muito mais o produto interno bruto. Portanto, estás melhor. E então porque é que te zangas? Pensa que me farás estar melhor também a mim, e nem me conheces, tal como 57 milhões e tal de italianos (10 milhões de portugueses). Ao pensar na tua generosidade até me comovo, enquanto sofro como um louco e, admito-o com vergonha porque sou mesmo um ingrato, faço-te sofrer também a ti, que não conheço, tal como 57 milhões e tal de italianos (10 milhões de portugueses), ao longo desde caminho de terra na montanha onde não faço crescer o produto interno bruto porque não consumo nada – a não ser um bocado da sola das minhas botas. Mas comprei-as há 10 anos e ainda estão boas. Claro que ao longo destes 10 anos fizeram-se novos modelos de botas, mudaram-lhes as cores, passaram as tiras de velcro um bocadinho mais para cima, depois um bocadinho mais para baixo, depois um bocadinho mais para o lado, depois fizeram-nas mais apertadas, depois mais largas, mas este ano, vi-as ontem na montra, estão novamente iguais às fitas das minhas botas. E meteram-nas no mesmo sítio. Até a cor é igual. Parece que acabei de as comprar.

Estou quase a chegar ao cimo da serra. Vou andando devagar, com passadas regulares. Para não me lamentar da minha desgraça e não me sentir demasiado em culpa para contigo, não te vou dizer nada acerca da paisagem e do ar que respiro. Tanto a paisagem como o ar são de graça, e nem ao olhar nem ao cheirar eu consumo alguma coisa. Nem posso imaginar o quanto tu estarás contente ao consumir gasolina, travões, embraiagem e pneus, metido no meio das chapas de aço e do escape dos carros! E como me estás a fazer feliz a mim! Só te falta acender um cigarro e beber um golo de coca-cola para atingir – e me fazeres atingir – um nível de felicidade ainda maior. Eu, pelo contrário, estou só a encher o meu cantil com a água de uma fonte. (...)
in Maurizio Pallante, La Decrescita Felice
.
.
(leitura integral do excerto: aproveitem e leiam mesmo, porque o texto é genial!)

Segunda carta do México

Um artigo bem escrito para enquadrar a situação de Oaxaca, cidade mexicana assediada desde dia 28 de Outubro, por parte da Polícia Federal Preventiva, de grupos paramilitares e polícias à paisana que têm atacado violentamente o movimento popular. O balanço desta semana de confrontos é terrível: 6 mortos, centenas de feridos, muitos dos quais em estado grave, mais de 80 presos, muitos quais sob tortura, e muitos dos quais, também, ilegalmente transportados para prisões militares; contam-se também mais de 30 pessoas desaparecidas.



OAXACA BRUCIA
"Non possono cacciarci dalla nostra città(di Claudio Albertani)

2 de novembro de 2006

Carta do México

Siamo a Chihuahua, nord el Messico.
(...) Gli ultimi giorni sono stati emozionalmente molto intensi, troppe esperienze forti concentrate in poco tempo, e un dolore immenso per quello che sta succedendo a Oaxaca.
E' difficile raccontare tutto ciò; è difficile soprattutto perchè la rabbia per tutte le ingiustizie ascoltate e viste in questi giorni si somma alla rabbia per l'ennesima ondata di repressione, per le morti impuni di giovani, maestri, bambini per mano di governi e milizie che continuano invariabilmente a difendere sempre e solo gli interessi di pochi schiacciando sogni, speranze e bisogni della gente comune, di quella moltitudine sfruttata, bistrattata e oppressa che poi costituisce la grande maggioranza del popolo.
(...)Di fronte alla barbarie del potere, operata per mano dell'esercito e della polizia, sono i contadini, gli operai, la gente comune, le comunitá indigene a illuminare il cammino, a indicarci la strada che dobbiamo percorrere per affrontare questo immenso mostro che è il sistema capitalista.

(ler todo o artigo de Roberto Tommasi - grande amigo)

22 de outubro de 2006

13 de setembro de 2006

Internacionalização do Mundo?

Este discurso merece ser lido, afinal não é todos os dias que um Brasileiro dá um "baile" educadíssimo aos Americanos...

Durante um debate numa universidade nos Estados Unidos, o ex-governador do Distrito federal do Brasil, o actual Ministro da Educação CRISTOVAM BUARQUE, foi questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazónia.
O jovem americano introduziu sua pergunta dizendo que esperava a resposta de um Humanista e não de um Brasileiro. Esta foi a resposta do Sr.Cristovam Buarque:

"(...)
Se a Amazónia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro... O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazónia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extracção de petróleo e subir ou não o seu preço.

Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se a Amazónia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar a Amazónia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.

Antes mesmo da Amazónia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França.
(...)
Se os EUA querem internacionalizar a Amazónia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.
(...)

Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazónia seja nossa. Só nossa!".
.

12 de agosto de 2006

na Amazónia

Ao longo dos meses de verão, estarei procurando comentar um pouco do que subjaz
no site: www.transamericana.org

14 de julho de 2006

A PROPÓSITO DO MUNDIAL DE FUTEBOL:

"...O que me inveja não são esses jovens, esses fintabolistas,
todos cheios de vigor. O que eu invejo, doutor, é quando o jogador
cai no chão e se enrola e rebola a exibir bem alto as suas queixas.
A dor dele faz parar o mundo. Um mundo cheio de dores verdadeiras
pára perante a dor falsa de um futebolista. As minhas mágoas que são tantas e tão verdadeiras e nenhum árbitro manda parar a vida para me atender, reboladinho que estou por dentro, rasteirado que fui pelos outros.
Se a vida fosse um relvado, quantos penalties eu já tinha marcado contra o destino?..."

Mia Couto, em "O fio das Missangas"

31 de maio de 2006

A son asked his father: "Dad, what is politics?"
Dad said: "Look, I bring the money home, therefore I am the Capitalist
Your mother administrates the money, therefore she is the Government
Grandpa watches everything, therefore he is the Union
Our maid is the Working Class
We all want just one thing, your well-being. Therefore you are the People.
And your smaller brother who is still in his nappy, is the Future...
Did you understand that my son?"

The little one thinks, and tells his father he wanted to sleep it over for one night.
During the night the boy wakes up, because his younger brother produces something with an unbearable smell from his nappy and is crying.
As he doesn‘t know what to do, he goes into the bedroom of his parents.
But there is only his mother in her bed, and she is so fast asleep that he does not succeed in waking her up.
So he goes into the bedroom of the maid where he finds his father having fun with her, and grandpa watching them secretly through the window !!!!
All of them are so engaged that they don‘t realize that the boy is standing in front of them.
So the boy decides to go to bed again without having been able to solve the problem.

Next morning the father asks his son if he is able to explain with a few words what politics is.
"Yes", answers the son.
"The Capitalist abuses the Working Class
The Union watches without doing anything,
While the Government sleeps
The People are completely ignored
And the Future is in the shit.
That is politics."
«Chamam-lhe "fitness", o que significa "boa forma",
e normalmente quer dizer "a ginástica"

Na prática, o que acontece é que se passa o dia inteiro no carro ou no escritório, usa-se o elevador e qualquer outra maquinaria de pequena ou grande dimensão que nos impeça de fazer o mínimo esforço muscular.

E depois, normalmente num horário pós-laboral, vai-se para o ginário-piscina-massagens-solárium, para o "fitness" e para a gente se sentir em forma. Entra-se no ginásio, ou seja, um "transpirificador", onde o objectivo é a gente mexer-se só por mexer, sem razão aparente e sem que isso sirva para nada.

Acho que um dos sinais da decadência da nossa civilização é a bicicleta sintética, evolução da velha bicicleta normal, em que uma pessoa finge que está a pedalar pelos caminhos do Gerês enquanto vê uma cassette de vídeo.

E que tal a passadeira rolante, aparelho tecnológico em que um indivíduo pode correr sem ter de sair do mesmo lugar, e com a vantagem de não ter de sentir o cheiro das árvores de um parque ou ver um pôr-do-sol indescritível, mas sem deixar de poder partilhar o próprio suor com o da pessoa que finge correr ao seu lado?

Last but not the least, os "simuladores de subir escadas" (chamam-se mesmo assim), mais uma maquineta diabólica com que uma pessoa finge estar a subir as escadas (embora diga palavrões e maldiga a administração do condomínio sempre que o elevador se estraga e se vê obrigado a subir as escadas a sério...) .

Quando eu era pequeno e ia a casa da minha avó, passava sempre por uma loja de animais. Muitas vezes, na montra, havia uma pequena gaiola com um hamster, e todo o hamster que se preze tem de ter uma roda na gaiola, para poder passar o dia a correr, correr, correr, correr, correr e ficar sempre no mesmo lugar. Nunca considerei o hamster um animal muito inteligente, precisamente por causa desta sua mania de correr naquela espécie de misturador moulinex.

Trinta anos depois, o nosso cérebro tornou-se semelhante ao cérebro de um hamster

(Patrizio, Bilanci di Giustizia)


30 de maio de 2006

24 de maio de 2006

"O desenvolvimento é uma viagem com muitos mais náufragos do que navegantes" Eduardo Galeano

"Há o suficiente para as necessidade de todos, mas não para a avidez de cada um" Mahatma Gandhi

"Cada um de nós é rico em proporção ao número de coisas de que consegue abdicar" Henry D. Thoreau

"Um economista que é só um economista torna-se nocivo e pode constituir um verdadeiro perigo"
F. A. von Hayek

"Quem acredita que um crescimento exponencial possa continuar infinitamente num mundo finito é um louco, ou então um economista" Kenneth Boulding

"Teremos de viver mais simplesmente para permitir que os outros possam simplesmente viver" Ernst Fritz Schumacher

"Todos os objectos que vamos guardando ao longo da vida nunca nos darão força interior. São, digamos, como as muletas de um coxo" Ivan Illich

"O 'desenvolvimento' é como uma estrela morta cuja luz continuamos a receber, embora se tenha apagado já há muito, e para sempre" Gilbert Rist
"Oggi è pacifico che l'unità di sopravvivenza nel mondo biologico reale è l'organismo più l'ambiente. Stiamo imparando sulla nostra pelle che l'organismo che distrugge il suo ambiente distrugge se stesso".

"Hoje já é considerado indiscutível que a unidade de sobrevivência no mundo biológico real é o organismo mais o ambiente. Estamos a aprender às nossas custas que o organismo que destrói o seu ambiente se destrói a si mesmo"

Gregory Bateson

“Primeiro levaram os comunistas, mas não me importei porque não era comunista
Em seguida levaram alguns operários, mas a mim não me afectou porque não era operário
Depois prenderam os sindicalistas, mas não me incomodei porque nunca fui sindicalista
Logo a seguir chegou a vez de alguns padres, mas como não sou religioso também não liguei
Agora levam-me a mim e quando percebi já era tarde.”
.
.
B. Brecht

21 de maio de 2006

Berlusconi e a mulher polícia

http://www.break.com/index/primeminister.html

O video mais inacreditável da política moderna... juro!
"Não podemos esquecer que, na raiz da guerra, há, em geral, reais e graves razões:
injustiças sofridas, frustrações de aspirações legítimas, miséria e exploração
de grandes massas humanas desesperadas, as quais não vêem possibilidade objectiva
de melhorar as suas condições de vida pela via da paz.
Por isso o outro nome da paz é o desenvolvimento.
E do mesmo modo que existe a responsabilidade colectiva de evitar a guerra,
existe também a responsabilidade colectiva de promover o desenvolvimento".
.
.
João Paulo II, Centesimus Annus

Ao faminto pertence o pão que tu guardas.
Ao homem nu, a roupa que fica no teu armário.
Ao descalço, os sapatos que apodrecem em tua casa.
Ao pobre, o dinheiro que fechas no cofre.
.
S. Basílio

US Space Command - dominating the space dimension of military operations to protect US interest and investment.

http://www.gsinstitute.org/gsi/docs/vision_2020.pdf

Veja-se na página 6:

«Although unlikely to be challenged by a global peer competitor, the United States will continue to be challenged regionally. The globalization of the world economy will also continue, with a widening between the "haves" and "have-nots".»
RIR É O MELHOR REMÉDIO (às vezes...)

1. Vai ao site http://www.google.pt/
2. Escreve a palavra "failure", que significa falhado em inglês.
3. Em vez de carregar em "pesquisar google", clica em "sinto-me com sorte".
4. Encaminha a todos os teus amigos antes que o Google faça a correcção.

Está do melhor.
O movimento de cidadãos americanos neo-conservadores:
PROJECT FOR A NEW AMERICAN CENTURY

http://www.newamericancentury.org/

«Cuts in foreign affairs and defense spending, inattention to the tools of statecraft, and inconstant leadership are making it increasingly difficult to sustain American influence around the world. (...) We seem to have forgotten the essential elements of the Reagan Administration's success: a military that is strong and ready to meet both present and future challenges; a foreign policy that boldly and purposefully promotes American principles abroad; and national leadership that accepts the United States' global responsibilities.
Of course, the United States must be prudent in how it exercises its power. But we cannot safely avoid the responsibilities of global leadership or the costs that are associated with its exercise. America has a vital role in maintaining peace and security in Europe, Asia, and the Middle East. If we shirk our responsibilities, we invite challenges to our fundamental interests. The history of the 20th century should have taught us that it is important to shape circumstances before crises emerge, and to meet threats before they become dire. The history of this century should have taught us to embrace the cause of American leadership


Fundamental: o Relatório
REBUILDING AMERICA'S DEFENSES

http://www.newamericancentury.org/RebuildingAmericasDefenses.pdf

veja-se na página 51:

«The process of transformation, even if it brings revolutionary change, is likely to be a long one, absentsome catastrophic and catalyzing event - like a new Pearl Harbour»

e na página 75:

«The program we advocate - one that would provide American with the forces to meet the strategic demands of the world's sole superpower - requires budget levels to be increased to 3,5 to 3,8 percent of the GDP»


Já ouviram falar no
"911 Truth Movement"?
(www.911truth.org)

Pois uma boa maneira de conhecer aquilo que subjaz ao que nos dizem, é ver os seguintes documentários:

"911 Loose Change - 2nd Edition", site www.loosechange911.com
e depois procurar na net as críticas ao próprio documentário, claro, porque nem tudo corresponde à verdade.

"Confronting the evidence", site www.reopen911.org
e fazer o mesmo.

Ninguém sabe onde está a verdade, claro, e talvez nunca ninguém saberá. Mas atraver-se a fazer todas as perguntas é uma garantia de lucidez e dignidade mental..... é uma terapia contra o domínio total, contra a submissão pela apatia...



SHOOTING DOGS

a não perder, pelo valor de testemunho real que o filme tem

1 de maio de 2006



Infelizmente trata-se da própria filha....

Neoliberalismo: Mitos e realidade

por Martin Hart-Landsberg [*]


«Tratados como o Acordo de Livre Comércio Norte Americano (NAFTA) e a Organização Mundial do Comércio (OMC) aumentaram o poder e os lucros das transnacionais capitalistas à custa de crescente instabilidade e deterioração das condições de trabalho e de vida. Apesar desta realidade, as afirmações dos neoliberais de que a liberalização, desregulamentação e privatização produzem benefícios sem par foram repetidas tão frequentemente que muita gente do mundo do trabalho aceita-as como verdades incontestáveis. Assim, líderes de negócios e políticos nos Estados Unidos e outros países capitalistas desenvolvidos defendem reiteradamente suas tentativas de expandir a OMC e assegurar novos acordos como a Área de Livre Comércio das Américas (ALCA) como necessárias para assegurar um futuro mais brilhante para os povos do mundo, especialmente aqueles que vivem na pobreza.
(...)
Portanto, se quisermos armar um desafio efectivo ao projecto de globalização neoliberal, devemos redobrar nossos esforços para vencer a "batalha das ideias". Vencer esta batalha exige, entre outras coisas, demonstrar que o neoliberalismo funciona como cobertura ideológica para a promoção de interesses capitalistas, não como estrutura científica para desvendar as consequências económicas e sociais da dinâmica capitalista. Também exige mostrar os processos pelos quais o capitalismo, como sistema internacional, mina os interesses da classe trabalhadora ao invés de promovê-los, tanto no terceiro mundo como nos países capitalistas desenvolvidos.»
Neste artigo, são desmistificados os argumento pró-liberais numa sucessão de cinco capítulos:

1) O mito da superioridade do 'Livre comércio': Argumentos teóricos
2) O mito da superioridade do 'Livre comércio': Argumentos empíricos
3) Neoliberalismo: A realidade
4) A dinâmica do capitalismo contemporâneo
5) China: O caso mais recente de êxito neoliberal

No sexto e último capítulo, "O nosso desafio", o autor conclui:

«Como vimos, argumentos que se dizem capazes de demonstrar que as políticas de livre comércio/livre mercado transformarão as actividades e as relações económicas de maneira a beneficiar universalmente o povo trabalhador estão baseados sobre teorias e simulações que distorcem a actuação real do capitalismo.
A realidade é que números cada vez maiores de trabalhadores estão a ser capturados por processos transnacionais de acumulação de capital cada vez mais unificados. A riqueza está a ser gerada mas os povos trabalhadores em todos os países envolvidos estão a ser confrontados uns contra os outros e a sofrerem consequências semelhantes, incluindo o desemprego e a pioria das condições de vida e de trabalho».

[*] Martin Hart-Landsberg ensina ciências económicas no Lewis & Clark College em Portland, Oregon. É autor de cinco livros, incluindo China and Socialism: Market Reforms and Class Struggle (Monthly Review Press, 2005) e Development, Crisis, and Class Struggle: Learning from Japan and East Asia (St. Martin Press, 2000), ambos escritos em parceria com Paul Burkett.
.

Os amantes da guerra

por John Pilger


Os amantes da guerra que conheci em guerras reais eram geralmente inofensivos, excepto para si próprios. Eles eram atraídos para o Vietnam e o Cambodja, onde as drogas eram abundantes. A Bósnia, com a sua roleta da morte, era outro favorito. Uns poucos diriam que estavam ali "para perceber o mundo", os honestos diriam que amavam a guerra. Um deles havia tatuado no braço: "A guerra é divertida!". Postou-se sobre uma mina terrestre.

Por vezes recordo estes tolos quase benquistos quando me deparo com outra espécie de amante da guerra — a espécie daqueles que nunca viram guerra e muitas vezes fizeram todo o possível para não vê-la. A paixão destes amantes da guerra é um fenómeno; ela nunca esmorece, apesar da distância do objecto do seu desejo. Apanhe os jornais de domingo e ali estão eles, egocêntricos com escassa experiência rude, a não ser um sábado em Sainsbury's. Ligue a televisão e ali estão eles outra vez, noite após noite, entoando não tanto seu amor à guerra como seus esforços de vendas por conta de quem os designou. "Não há dúvida", disse Matt Frei, o homem da BBC na América, "de que o desejo de fazer o bem, de levar os valores americanos ao resto do mundo, e especialmente agora ao Médio Oriente ... está agora cada vez mais ligado ao poder militar".

Frei disse isso em 13 de Abril de 2003, depois de George W. Bush ter lançado "Choque e pavor" sobre um Iraque indefeso. Dois anos depois, após um exército de ocupação desenfreado, racista, lamentavelmente treinado e mal disciplinado ter levado "valores americanos" de sectarismo, esquadrões da morte, ataques químicos, ataques com munições revestidas de urânio e bombas de fragmentação, Frei descreveu a notória 82ª Aerotransportada (Airborne) como "os heróis de Tikrit".

No ano passado ele louvou Paul Wolfowitz, arquitecto da carnificina no Iraque, como "um intelectual" que "acredita apaixonadamente no poder da democracia e no desenvolvimento a partir das bases". Tal como em relação ao Irão, Frei estava bem à frente da história. Em Junho de 2003 ele disse aos espectadores da BBC: "Aqui pode estar um caso para mudança de regime também no Irão".

Quantos homens, mulheres e crianças serão mortos, mutilados ou enlouquecidos se Bush atacar o Irão? A perspectiva de um ataque é especialmente excitante para estes amantes da guerra, sem dúvida desapontados com a evolução dos acontecimentos no Iraque.
(...)
Em 2000, o Tribunal Internacional de Crimes de Guerra anunciou que a contagem final de corpos descobertos nas "sepulturas em massa" do Kosovo era de 2788. Isto incluiu sérvios, ciganos e aqueles mortos pelos "nossos" aliados, a Frente de Libertação do Kosovo. Isto significou que a justificação para o ataque à Sérvia ("225 mil homens de etnia albanesa com idades entre 14 e 59 estão desaparecidos, presumivelmente mortos", afirmou o embaixador itinerante americano David Scheffer) era uma invenção. Que eu saiba, apenas o Wall Street Journal admitiu isto.
(...)
Para mim, uma das mais odiosas características de Blair, e Bush, e Clinton, e da sua ávida e burlona corte jornalística, é o entusiasmo de homens (e mulheres) degenerados por derramamentos de sangue que nunca vêm, por corpos estraçalhados que não lhes provocam ânsias de vómito, por morgues amontoadas que eles nunca terão de visitar, à procura de um ser amado. O seu papel é impingir mundos paralelos de verdades não ditas e mentiras públicas. Que Milosevic era um peixe miúdo comparado com assassinos em escala industrial como Bush e Blair cabe na primeira categoria.

(ler todo o artigo)

5 de março de 2006

Comissão Nacional Justiça e Paz
Reflexão para a Quaresma

Para consultar o melhor que a Igreja "faz" em Portugal (na minha opinião):
http://www.agencia.ecclesia.pt/noticia.asp?noticiaid=29175

Aqui deixo um excerto:

Se a pobreza é uma situação extrema a exigir, com urgência, a nossa reflexão e o nosso empenhamento em erradicá-la, também as grandes disparidades de riqueza, de rendimento e de conhecimento não podem deixar-nos indiferentes. É que, por detrás de uma grande desigualdade, está sempre uma injustiça gritante e um funcionamento injusto de um sistema de organização da economia e da sociedade. Por outro lado, a grande desigualdade de riqueza e rendimento gera fenómenos de indesejável concentração de poder que podem minar os alicerces da própria democracia, é causa de esbanjamento de recursos, e suscita, por emulação, padrões médios de consumo e estilos de vida desequilibrados e desajustados em relação a um padrão de desenvolvimento humano sustentável.
(...)
A influência do marketing, cada vez mais sofisticada e poderosa, vem levando muitas pessoas a adoptar padrões de consumo desproporcionados relativamente ao seu respectivo nível de rendimento, com uma dupla consequência negativa: o endividamento excessivo das famílias, não raro para fazer face a encargos com aquisição de bens que seriam dispensáveis, e a distorções das prioridades na satisfação de necessidades básicas de alimentação, educação, saúde ou segurança. Estamos perante a emergência de uma verdadeira cultura de consumismo com consequências sociais e ecológicas preocupantes que não devem ser subestimadas.
(...) Dir-se-á que o consumo sustenta a procura e esta é factor que incentiva a produção e o emprego e por isso constitui um esteio necessário ao crescimento económico. Trata-se de uma verdade unilateral, pois oculta outras dimensões da realidade, nomeadamente as seguintes:
- é desejável orientar as opções de consumo para bens que aumentem o bem-estar efectivo e a qualidade de vida dos consumidores, o que nem sempre é assegurado pela publicidade;
- os gastos em consumo devem ser proporcionados ao nível médio de rendimento de quem consome;
- é de evitar o desperdício e o supérfluo, de modo a respeitar o equilíbrio ecológico;
- o uso do dinheiro, como o de todos os outros recursos, não deve eximir-se ao crivo dos critérios da solidariedade e do bem comum.
Em suma: há que respeitar o princípio de que a economia está ao serviço das pessoas, como frequentemente é recordado nos textos da doutrina social da Igreja.
Por outro lado, a propensão consumista é co-responsável de um outro problema que afecta, muito negativamente, o nosso modo de viver. Referimo-nos aos ritmos de vida stressantes que marcam o nosso quotidiano, sobretudo nas grandes cidades, e que estão associados aos esforços que visam conseguir maiores rendimentos, com vista a consumir mais e alcançar patamares sempre mais ambiciosos de vida material. Os reflexos negativos desta atitude são visíveis não só na saúde dos próprios como no enfraquecimento e na perda de qualidade das relações intra-familiares, no cuidado com as crianças e no tempo que lhes é dispensado pelos seus pais, bem como na prestação de cuidados aos familiares idosos. Também a vida cívica, política, cultural e religiosa se ressente da falta de tempo e disponibilidade da população.
A este propósito, deixamos algumas interrogações a que só cada um/a poderá responder:
- Será que vale mesmo a pena continuar com estes ritmos de trabalho stressantes? A que bens teríamos de renunciar se optássemos por uma vida de menos stress? E o que ganharíamos em troca?
- Com o progresso material já alcançado, não deveríamos valorizar mais as relações humanas e dar maior prioridade aos bens relacionais e à qualidade da vida pessoal, familiar e comunitária, nomeadamente naqueles casos em que já se ultrapassaram as barreiras do necessário?
- Não será este um tempo oportuno para reorganizarmos a nossa vida por forma a criar condições para a oração e a contemplação?
- Não estaremos, inadvertidamente, a servir o deus dinheiro e a sacrificar-lhe os nossos melhores dons e energias?

2 de março de 2006

A "one drop rule"

"A 'one drop rule' é algo que nunca foi aplicado senão aos negros, e é uma regra que consiste em consiste em considerar como negro qualquer pessoa que tenha uma gota de sangue negro que seja", explica Rhett Jones, historiador da Brown University. "Isto significa que um branco pode dizer que tem uma avó apache, mas nunca poderá dizer que tem uma tetravó negra porque, se for assim, então ele é negro e não branco". É a visão racista do sangue negro como uma infecção. Basta uma gota para que a contaminação seja total.
Uma coisa do passado? Por incrível que pareça, não. Michael Omi, da Universidade da Califórnia, em Berkeley, contou o caso de uma senhora que, ao realizar um certo trâmite administrativo, foi informada de que deveria identificar-se como negra (em muitos documentos oficiais norte-americanos, usados para fins estatísticos, exige-se uma identificação da raça e/ou da etnia).
"Sempre se tinha considerado branca e não fazia a mínima ideia de que possuia um antepassado negro, mas os registos diziam que ela tinha 1/32 avos de sangue negro. Era uma tetravó escrava, de nome Margarida", contou Omi. "O choque foi tão grande que a senhora ficou doente três dias. Depois resolveu levar o caso a tribunal e perdeu no Supremo em 1983. Um recurso interposto em 1986 não foi aceite".

in PÚBLICO 23 de Fevereiro 1995.

15 de fevereiro de 2006

CONFLITO DE CIVILIZAÇÕES?


A propósito da recente publicação de caricaturas de Maomé e das reacções de indignação que se seguiram, tem-se levantado de novo a questão do conflito de civilizações. (...)
Penso, no entanto, que, a este propósito, antes de falar em conflito de civilizações, importa clarificar princípios que se apresentam, às vezes superficialmente, como característicos de cada das civilizações em confronto. Um deles é o da liberdade de expressão e o seu estatuto nas sociedades democráticas. O outro é o da relação entre Islão e violência.

A liberdade de expressão, estrutural numa sociedade livre e democrática, não pode ser absoluta, ao contrário do que se tem dito e do que poderia decorrer de uma concepção individualista e associal da liberdade. Não há liberdades absolutas. A liberdade de expressão há-de compatibilizar-se com as outras liberdades e outros valores constitucionais. A liberdade de cada um há-de compatibilizar-se com a liberdade dos outros.
(...) O artigo 252º do Código Penal português pune o ultraje a acto de culto religioso e o artigo 251º do mesmo diploma pune o ultraje por motivo de crença religiosa. Saliente-se que este último artigo pune a ofensa ou escárnio em razão de crença ou função religiosa apenas quando tal se verifique de «forma adequada a perturbar a paz pública».
Parece-me criticável esta exigência, pois o respeito pelos sentimentos religiosos de outrem justifica, por si só, a punição e não deveria fazer-se a distinção entre os casos que podem afectar a paz pública (como é, inequivocamente, aquele a que estamos a assistir) e os que não a afectam, porventura porque dizem respeito a uma comunidade religiosa pacífica ou de reduzida expressão numérica. No caso em apreço, as expressões de solidariedade de vários responsáveis políticos para com os muçulmanos ofendidos nos seus sentimentos deveria ter sido anterior, e não posterior, às manifestações de violência e de perturbação da paz pública. (...)
Há que distinguir a crítica, típica de sociedades tolerantes, da ofensa e do ultraje, que são uma clara expressão de intolerância.
Podem, pois, os muçulmanos reclamar o respeito que lhes é devido nas sociedades livres e democráticas. Terão de fazê-lo, porém, na observância do quadro legal dessas sociedades, que separa o Estado e a sociedade civil (por isso, não pode um Estado ser responsabilizado pelo que é publicado num jornal), assim como separa o poder executivo e o poder judicial (sendo que é só a este que cabe dirimir este tipo de conflitos). E, sobretudo, que não permitem que a religião possa ser pretexto para manifestações de violência.
(...) Para evitar que, a partir de situações como esta, se desencadeie um conflito de civilizações, devem as sociedades democráticas ocidentais atender aos limites da liberdade de expressão e ao respeito devido aos sentimentos religiosos das pessoas. Mas, por outro lado, devem os responsáveis muçulmanos afirmar com vigor que é abusivo invocar o Islão como justificação para a violência.

Pedro Vaz Patto
.

10 de fevereiro de 2006


"One day in the life of Africa..."
África na perspectiva de 100 fotógrafos...



(vale a pena ver... infelizmente não dá para copiar as fotografias e pô-las aqui no blog)

www.olympus.co.jp/en/event/DITLA/


"Day in the Life" is the largest photography event in history, recording the culture of countries from around the world for 20 years. Celebrated photojournalists from around the world disperse throughout various countries and regions and use their cameras to capture the characteristics of one day. To date this event has been held 13 times in places such as America, China, Russia and Japan and on each occasion all of the images were published as a photo book, selling more than 3.5 million copies worldwide.
"A Day in the Life of Africa" was held on February 28, 2002 with nearly 100 photographers from 26 countries around the world using the 53 countries of the African continent as the backdrop.
The main objective of this years project is the increasing of awareness of the crisis situation on the African continent with more than 25 million HIV positive males and females, including children, and currently increasing at a rate of 2 people infected every minute. Lee holds the post of chairman of the "Day in the Life of Africa AIDS Education Fund" and all profits from sales of the photo book are being used in the African AIDS Education Program Fund.
Com algum atraso, mas eis como os nossos candidatos à Presidência foram tratados pelos noticiários da TV:


Cavaco Silva protagonizou o maior número de notícias, com 55 matérias. Jerónimo de Sousa, com 20 peças, foi o que menos notícias protagonizou nos noticiários destes canais.




Cavaco Silva protagonizou também notícias de maior duração, com um total superior a 2 horas e 56 minutos. Jerónimo de Sousa, pelo contrário, foi protagonista de notícias de menor duração total, de cerca de 33 minutos.


Cavaco Silva protagonizou, tal como tem vindo a acontecer, matérias de duração média mais longa, de 3 minutos e 13 segundos. Pelo contrário, Jerónimo de Sousa protagonizou notícias de duração média mais baixa, com 1 minuto e 38 segundos.


O Lixo e os pobres


Em 1991, foi publicado no The Economist e no The New York Times um memorándum interno do Banco Mundial, da autoria do então vice-presidente Lawrence Summers, segundo o qual o Banco Mundial devia estimular a "exportação" dos resíduos (lixo) dos países industrializados para os países menos desenvolvidos porque (e note-se a lata, o descaramento com que isto não só é pensado como é efectivamente dito numa sede oficial e à escala supra-nacional):

1- segundo a lógica económica, os desperdícios tóxicos devem ser despejados sobre os países de menores rendimentos
2- os países menos povoados são menos poluídos
3- o cancro terá menos incidência sobre uma população com esperança de vida curta.

Portanto:
1- aos países que não gozam das vantagens do desenvolvimentos, façamo-los aguentar com as desvantagens
2- poluamos os países que ainda não estão poluídos
3- no caso de algum pobretanas conseguir sobreviver à SIDA e à malária, fica com o cancro da próstata ali à espera dele, não vá o diabo tecê-las....

O tipo (o tal Summers) depois chegou a Secretário do Tesouro dos EUA durante dois mandatos, e hoje é o presidente de Harvard.

E esta, einh?

9 de fevereiro de 2006

GOZAR COM A NOSSA CARA

O Banco Espírito Santo obteve um resultado líquido de 280,5 milhões de euros, em 2005. Um valor a que corresponde um aumento de 85% quando comparado com o exercício anterior.

5 de fevereiro de 2006



As demolições no bairro da
Azinhaga dos Besouros (Amadora)
dos dias 24 e 25 de Janeiro chegaram aos meios de comunicação e impressionaram algumas pessoas. Óptimo.
Pena é que só uns quantos estudantes Erasmus, juntamente com membros da Associação Solidariedade Imigrante, se tenham solidarizado com as pessoas em causa e se tenham deslocado ao local para tentar "resistir". Contou-me em primeira mão uma amiga minha italiana que estava a fazer Erasmus aqui em Lisboa que foi tristíssimo: eram pouquíssimos os manifestantes e quase todos estrangeiros. Que alguns que se puseram pacificamente em cima do telhado de uma barraca foram de lá arrancados literalmente pelos cabelos, por um polícia. No segundo dia de demolições, de facto, havia bem menos gente ainda do que no primeiro, porque muitos dos manifestantes tiveram medo das repercussões físicas desta acção. Contou-me também que aos polícias com quem falou tinham sido contadas um monte de mentiras, que eles estavam ali todos convencidos de que aquelas pessoas já tinham realojamento garantido, etc...
Esta minha amiga, que de resto partiu hoje de manhã de regresso a Itália, foi-se embora com uma linda imagem do nosso país primeiro-mundista e desenvolvido.... Com os direitos das pessoas espezinhados de forma grotesca, e sem que ninguém se importe nem se mexa. As cenas passam no telejornal e os portugueses consideram tudo normal, normal que as casas sejam deitadas abaixo e as pessoas fiquem na rua, normal que os polícias recorram à violência quando os manifestantes estavam a ter uma conduta totalmente pacífica, normal que só estejam ali quatro gatos pingados, normal... enfim.
Envergonhemo-nos.


Notícia na indymedia:


As demolições no bairro da Azinhaga dos Besouros (Amadora) prosseguiram esta semana, tendo várias habitações sido destruídas sem que qualquer alternativa fosse garantida às pessoas não incluídas no último recenseamento das famílias a realojar, que data de 1993, não contemplando assim as pessoas que, no período de doze anos, se tornaram habitantes do bairro. Na terça-feira, dia 24, os bull-dozers da Câmara Municipal da Amadora destruíram cerca de quatro casas, apesar da resistência de várias pessoas, algumas das quais pertencentes ao Grupo de Direito à Habitação da Associação Solidariedade Imigrante. Elementos da PSP retiraram violentamente as activistas dos telhados das habitações, tendo recorrido ao uso de gás pimenta. Um jovem chegou a ser detido durante cerca de 30 minutos.
No período da tarde, algumas pessoas solidarizaram-se com Adriana, a proprietária da última casa prestes a ser demolida, tendo-se barricado no seu interior. Registaram-se igualmente confrontos entre forças de intervenção da PSP e alguns jovens do bairro, alegadamente provocados por disparos de caçadeira realizados por pessoas que se encontravam no local.
De destacar que tais afirmações veiculados pelos media institucionais foram inteiramente baseadas em declarações da PSP.
Durante alguns minutos verificaram-se momentos de tensão, tendo várias pedras sido arremeçadas a agentes da PSP, ao que estes responderam com o disparo de balas de borracha.
No dia 25, de manhã, máquinas e polícia voltaram à Azinhaga dos Besouros. Diversos manifestantes que tentavam impedir a demolição de uma habitação, foram violentamente empurrados pelas forças de intervenção, tendo estas estabelecido um perímetro à volta da casa. Por volta das 11h00, e após várias horas de negociação, a porta da habitação foi arrombada, tendo a proprietária e as pessoas que lá se encontravam sido retiradas e identificas pela PSP. A casa foi imediatamente demolida, sem que todos os pertences fossem retirados.
Nenhuma alternativa habitacional foi oferecida às pessoas que ficaram sem casa, tendo a autarquia apenas disponibilizado um armazém, onde os seus poucos bens serão guardados.



Notícia num jornal online de cabo-verde:
Cenas chocantes para desalojar imigrantes


DEMOLIÇÃO DE AZINHAGA DOS BESOUROS (PORTUGAL) COM FORTE INTERVENÇÃO POLICIAL


Lisboa, 25 Janeiro – Terminaram as demolições de mais de 70 casas no bairro de Azinhaga dos Besouros, na cidade da Amadora, Portugal. Algumas das famílias desalojadas, todas de origem africana, vão ficar sem abrigo por não serem enquadradas no plano habitacional da Câmara da Amadora. Com forte aparato policial, a operação concluiu-se hoje, continuando a enfrentar forte resistência: associações de solidariedade juntaram-se aos moradores que se opunham às demolições – Associação Solidariedade Emigrante, Associação Direito à Habitação, foram duas das organizações que se deslocaram à Azinhaga dos Besouros para manifestar a sua oposição ao acto determinado pela Câmara da Amadora.
Ao contrário do que ontem aconteceu, não se registaram hoje cenas de violência. Na terça-feira, as brigadas de demolição defrontaram-se com barreiras de automóveis que impediam o acesso às retro-escavadoras e a polícia usou de bastões e de tiros com balas de borracha para vencer a resistência. Houve recurso à coacção física.
A Azinhaga dos Besouros é um bairro clandestino, sobretudo habitado por imigrantes africanos (alguns cabo-verdianos) e pela segunda geração. Era um verdadeiro gueto e, segundo a Câmara, palco de manifestações de marginalidade – tráfico de droga e violência. Sendo parcialmente verdade, a Azinhaga era também a face “menos visível” (para quem a não quer ver) da realidade social das comunidades imigrantes e descendentes.
Sem uma política social eficaz, que tenha em conta a situação real das comunidades imigrantes, a demolição não é solução – apenas transfere para outros locais quem estava na Azinhaga dos Besouros... pela circunstância dessas pessoas necessitarem de habitar nalgum sítio: sem casa, sem dinheiro para alugar ou comprar, nada mais lhes resta do que construir clandestinamente novas barracas.

3 de fevereiro de 2006




O Jardineiro Fiel

Título Original: The Constant Gardener
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 129 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 2005
Site Oficial: http://www.theconstantgardener.com/
Direção: Fernando Meirelles
Elenco: Ralph Fiennes, Rachel Weisz.


(é pena resvalar para o pseudo-piroso no fim, mas é um bom filme)





OS RESPIGADORES E A RESPIGADORA
Les Glaneurs et la Glaneuse

Realizador: Agnès Varda
Actores: Bodan Litnanski, Agnès Varda e François Wertheimer
Ano: 2000
Idade: M/12
Duração: 82 minutos
Género: Documentário

O pesadelo de Darwin



PRÉMIOS EUROPEUS DO CINEMA 2004 -MELHOR DOCUMENTÁRIO e premiado nos festivais de VENEZA, BELFORT, COPENHAGA, MONTRÉAL, PARIS, CHICAGO, SALÓNICA, OSLO, MÉXICO, ANGERS e Selecção Oficial dos festivais de TORONTO, SAN SEBASTIAN e DOCLISBOA

um filme de HUBERT SAUPER


http://www.atalantafilmes.pt/2005/opesadelodedarwin/
Os Edukadores

Realização Hans Weingartner
Argumento Katharina Held, Hans Weingartner
Música Andreas Wodraschke


http://www.atalantafilmes.pt/2005/osedukadores/
Quem me dera ser uma vaca japonesa!...
(Mia Couto in Courrier International,nº 42)

Os subsídios para agricultores europeus e norte-americanos foram tema do encontro da Organização Mundial do Comércio, em Hong Kong. Parece assunto para economistas. Não é. Tem que ver com todos nós.
Há décadas que somos confrontados com a produção subsidiada de vegetais e de carne dos agricultores europeus e dos EUA. Numa palavra: fomos aceitar a lógica do mercado livre, mas esse princípio só vale para uns. O proteccionismo continua a ser válido desde que beneficie os próprios países ricos.
Fiquemos com um primeiro facto: uma vaca europeia recebe dois euros diários por via dos referidos subsídios. Uma vaca japonesa recebe 5,7 euros. Milhões de pessoas, entretanto, vivem com 82 cêntimos de euro por dia.
Uma segunda questão: será que esses subsídios vão para o agricultor pobre da Europa? Admire-se o leitor incauto. O príncipe Alberto do Mónaco não será um camponês pobre. Mas ele (juntamente com a rainha Isabel de Inglaterra) figura entre os 58 agricultores mais beneficiados pela chamada PAC (Política Agrícola Comum) da União Europeia.
A terceira questão é uma pergunta: o leitor sabe o que é o dumping? Pois eu não sabia. Aprendi o conceito quando seguia a intervenção da malawiana Irene Banda na referida reunião em H.Kong. Pois o «dumping» consiste na fixação dos preços abaixo dos custos de produção para liquidar a competição. Isso está sendo feito, por exemplo, para o algodão. Os produtores de algodão em África enfrentam essa gigantesca imoralidade. Vamos ver como.
Com uma primeira ressalva: ao falar de algodão não nos referimos a um produto. Falamos, sim, de 20 milhões de africanos que dependem da sua produção. Não é, como se pode ver, um assunto para economistas. O algodão é um bom exemplo de como as distorções comerciais e o tal «dumping» falsearam as normas do relacionamento entre países.
Os reflexos desta injustiça mostram como podemos entender a chamada «ajuda» dos chamados «doadores». Em cinco anos, 25 mil produtores dos E.Unidos receberam 9,8 mil milhões de euros em subsídios. Ao mesmo tempo, devido a uma descida brutal dos preços dos produtos, mais de 10 milhões de agricultores africanos sofreram uma dramática queda de rendimentos.
Em 2001, a ajuda financeira dos EUA ao Mali foi de 31 milhões de euros. O país perdeu por causa desta política proteccionista cerca de 35,4 de euros. O «dumping» do milho nos EUA representa para países como as Honduras, Equador, Venezuela e Peru a perda de 3,3 mil milhões de euros por ano.
A conclusão pode ser apenas esta. Nós, pobres do Terceiro Mundo, pedimos aos ricos o seguinte: não nos dêem mais. Basta que não tirem mais.
Até onde chega a hipocrisia - GOOGLE CHINÊS

O «milagre económico» chinês é indissociável da violenta exploração dos direitos sociais que há naquele país, sob a direcção repressiva do Partido Comunista Chinês. A hipocrisia do ocidente faz com que uma ditadura brutal possa ser considerada um respeitável parceiro comercial. E a opressão mantém-se sobre os cidadãos chineses, com a complacência envergonhada de todos. Desta vez foi o Google que aceitou impôr uma inacreditável censura sobre os seus conteúdos acedidos a partir da China.

Se conseguirem, descubram as diferenças:

Pesquisa no Google chinês

http://images.google.cn/images?svnum=10&hl=zh-CN&inlang=zh-CN&lr=&cr=countryCN&q=tiananmen&btnG=%E6%90%9C%E7%B4%A2

Pesquisa no Google português

http://images.google.pt/images?q=tiananmen&hl=pt-PT&btnG=Procurar+imagens

Fernando Nobre, Presidente da AMI:

O fim da Pobreza e da Miséria:
uma exigência ética, moral e social mais que justa, imprescindível


Que ninguém tenha qualquer dúvida: sem a erradicação da pobreza e da miséria no Mundo, e em Portugal, ou pelo menos uma demonstração inequívoca duma vontade política determinada em se avançar decisivamente nesse sentido, a sociedade humana caminhará inelutavelmente para a violência e a insegurança extremadas.
Não se trata de futurologia ou premonição mas apenas de um diagnóstico social que receio estar certo. Já o disse e escrevi repetidamente: se não acabarmos com essa grande vergonha mundial, mas também nacional, seremos todos responsáveis pelo advir funesto de graves problemas, cujos sinais já são mais que visíveis: o que se passou recentemente na fronteira de Marrocos com os territórios espanhóis do norte de África (que foram nossos), é apenas só mais um sinal anunciador do que será impossível evitar num futuro próximo.
(...)
Nada poderá impedir que os famintos se atirem contra as barreiras de arame farpado, de minas ou de metralhadoras que supostamente defendem a nossa fortaleza evitando que eles se sentem à nossa mesa, farta de proteccionismo, de subsídios agrícolas que aniquilam povos esquecidos e nos enfermam numa obscena e mortal obesidade. Os famintos encontrarão, como sempre encontraram na História da Humanidade, líderes para os guiarem nessa caminhada de sofrimento mas sem escapatória. Não tenhamos ilusões: tal como no passado, nada poderá impedir a caminhada, o êxodo, de milhões e milhões de pessoas para uma visão do Eldorado que eles fazem do nosso mundo, quando comparado com o seu miserável quotidiano.
(...)
O tempo das palavras terminou. Eis chegado o momento das grandes opções e da acção. Pretendo, com a AMI, com todos vós, filhos do mesmo e único Deus, contribuir com uma microgota para a necessária mudança da nossa Humanidade. Acabar com a Pobreza e a Miséria, também entre nós, é imperioso, é inalienável: é simplesmente uma questão de inteligência, de humanismo. Só assim poderemos continuar em Democracia, em Paz e em Segurança. TEM QUE SER e, como digo aos meus filhos e a mim próprio, O QUE TEM DE SER TEM MUITA FORÇA. TEM MESMO QUE SER. Desculpem-me a veemência.

Fernando de La Vieter Nobre Presidente e Fundador da Fundação AMI
In AMI Notícias
Testemunhas Exigem a Verdade em Génova
Milé Sardera em 26-01-2006
(em pt.inymedia.org)

No dia 11 de Janeiro, a inquirição de testemunhas recomeçou no tribunal para o julgamento contra os polícias que invadiram a escola Diaz no dia 21 de Julho de 2001, no final dos protestos contra o G8 em Génova. Durante a 19ª e 20ª inquirição, que se passaram respectivamente nos dias 11 e 19 de Janeiro, várias testemunhas inglesas relembraram as suas experiências na escola Diaz e no Centro de Média, em frente. O primeiro a prestar testemunho foi o repórter da BBC Bill Hayton (http://news.bbc.co.uk/2/hi/europe/4603844.stm), que, por um acaso, esteve presente durante a incursão e pôde recordar-se de toda a noite baseando-se na sua conta de telemóvel. O momento das suas ligações à BBC mostra a sequência dos acontecimentos: ele podia ver tudo do Centro de Média quando a incursão começou, quando a polícia o segurou como "refém" por 40 minutos e quando o libertou, podendo ir ver a destruição causada pela polícia na escola.
Depois de Bill Hayton, o tribunal ouviu Hamish Campbell, um produtor de vídeos que estava no Centro de Média quando a incursão começou e filmou tudo do cimo do prédio de onde se via a escola Diaz. O seu vídeo (https://www.supportolegale.org/?q=node/610 ) é um marco para a acusação, visto que este testemunha a ausência de pessoas a lutar contra a polícia quando os agentes atacaram o dormitório temporário. A tese da defesa diz que, ao invés do facto ocorrido, a polícia foi atacada por pessoas que atiravam objectos contra eles. Do esconderijo no topo do telhado, Hamish Campbell também testemunhou os polícias a bater em Mark Covell (http://news.bbc.co.uk/2/hi/europe/4229777.stm) na rua. Mark Covell, seriamente ferido no incidente, irá testemunhar, juntamente com outras duas testemunhas alemãs, durante a 21ª audiência do julgamento, no dia 25 de Janeiro.

Actualizações da Equipa de Apoio Legal: Inglês (https://www.supportolegale.org/?q=taxonomy/term/15) Espanhol (https://www.supportolegale.org/?q=taxonomy/term/18) Francês (https://www.supportolegale.org/?q=taxonomy/term/16) Filme de versão independente (mms://video.channel4.com/news/2006/01/12_genoa.wmv)