12 de novembro de 2008

Como decorreu a Audição

A Audição Pública "Dar voz aos pobres para erradicar a pobreza" correu muitíssimo bem, com uma sala cheia (e muita gente de pé!), testemunhos e participações muito interessantes e acolhidas com entusiasmo e muita vontade de mudança por toda a plateia.
No blog da audição já há dois artigos que descrevem um pouco da Audição e das conclusões que dela se tiraram.

Não deixem de consultá-las aqui.

Deixo um excerto:
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Audição pública «Dar voz aos pobres para erradicar a pobreza» juntou sociedade civil, políticos e igreja para reflexão conjunta sobre pobreza
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Teresa Mota Costa, 42 anos, vive em lutas burocráticas diárias com a Segurança Social. Desempregada, tem a seu cargo dois filhos. Um deles, o André de 15 anos, tem paralisia cerebral. Vive sempre no limite, pois não tem dinheiro suficiente para elevados encargos. Não tem créditos porque também não tem dinheiro.
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Marisa Correia e Ana Ribeiro, ambas sociólogas, trabalham na Rede Social de Loures, como funcionárias a recibos verdes. Não têm subsídio de Natal, de férias, de alimentação ou transportes. Não têm direito a seguros, subsídio de desemprego ou a indemnizações, sendo obrigadas a descontar do seu ordenado 20% para o IVA, a fazer 20% de retenção na fonte e a pagar, mensalmente, 150 euros à segurança social.
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Pedro Jorge Santos fala de uma pobreza diferente. Toxicodependente, foi marginalizado e sentiu-se sem auto estima durante muitos anos. Há cinco anos que trabalha junta da instituição que lhe deu voz e se interessou por ele, a Comunidade Vida e Paz. Mais do que a ajuda financeira aponta a importância dos afectos e da atenção, e foram esses sentimentos que lhe salvaram a vida.
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Domingas Augusto é guiniense, mãe de três filhos e responsável por um enteado. Alugava uma casa, e o seu companheiro tinha a responsabilidade de pagar 400 euros de renda mensal. Mas não o fazia. Com dívidas acomuladas, deixou-a. Foi despejada da sua casa e teve de resolver a sua vida e a dos filhos ao seu encargo.

Foram estes os pobres que, esta manhã, foram ouvidos na audição pública que decorreu este Sábado, numa organização da Comissão Nacional Justiça e Paz. Situações controladas, acompanhadas, vulgares, que de um momento para o outro, se descontrolaram. “Podia acontecer-me a mim", ouvia-se na plateia que encheu o Centro Cultural Franciscano, em Lisboa para ouvir os pobres.
“A pobreza é alvo de preconceitos circulares”, explicou Maria do Rosário Carneiro, vice presidente da CNJP aos presentes na audição. “os pobres são considerados preguiçosos, incompetentes, dependentes, responsáveis pela sua situação, não credíveis e perigosos”. Razões “não fundamentadas” para gerar preconceitos. “A maioria dos pobres trabalha, tem um emprego pesado, longo e mal pago. 60 mil licenciados estão desempregados”, indica.
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Manuela Silva pergunta, “será que quem promove os preconceitos consegue viver, de forma digna, com 370 euros por mês?”

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