30 de novembro de 2009

6 RAZÕES POR QUE É FIXE TER PAIS ZOMBIES






Descobertas desta tarde



sentido da vida e frivolidade

Estou neste momento a reflectir sobre o fascinante debate entre este senhor (que escreveu um breve post contra a frivolidade dos que sabem tudo - que me convenceu) e sobre este outro indivíduo, a quem aquele se dirige (que escreveu um belíssima reflexão sobre a frivolidade de pretender encontrar e encerrar em 208 páginas o sentido da vida - e que também me convenceu).

29 de novembro de 2009

www.elpuebloenelquenuncapasanada.com

Que ideia maluca, que história gira!

28 de novembro de 2009

Gabarolice por um bom serão

Saio de casa precisamente 8 minutos antes do gongo.

Sala Félix Ribeiro quase só para mim - adoro ir ao cinema sozinha, dá-me um aconchego à identidade.

Ainda para mais, para ver a Mosca.


E agora escrevo isto, junto à salamandra, estava um tronco em chamas à minha espera, e um Porto.




Que vida boa.
Escrita estupenda em http://agrafo.net/.

foto do dia no Público de hoje


Uma criança afegã toca a prótese da mãe no ICRC Ali Abad Orthopaedic Centre em Cabul. Ao longo da conturbada história do Afeganistão, as facções em conflito mudaram as linhas da frente várias vezes deixando o território pejado de minas. Os mapas para as localizar são quase inexistentes.

Fotografia:Jerry Lampen/Reuters

27 de novembro de 2009

Presentes solidários para este Natal:

Vão a este site: http://www.presentessolidarios.pt/ e escolham a forma de celebrar este Natal.

Ao comprar um Presente Solidário, o seu dinheiro será entregue a associações em países como Angola, Brasil ou Timor que, no terreno, farão a compra e a entrega dos bens a quem deles mais precisa. O intermediário entre nós e essas associações é a FEC, uma ONGD católica.

Desta forma, a Campanha Presentes Solidários 2009 concretiza o slogan "Dar a duplicar": está a contribuir directamente com o seu dinheiro para a melhoria das condições de vida das famílias dos Países Lusófonos, e esta sua oferta será feita em nome do seu amigo, colega ou familiar que será surpreendido pela sua originalidade e generosidade, ao receber um postal ilustrado relativo à oferta.

Exemplos:

KIT ANGOLA

Na região da Humpata, Angola, as Irmãs Filhas d’África estão a reconstruir um
Centro de Acolhimento para Raparigas.
Este centro procurará promover a educação e a igualdade do género feminino através de aulas de apoio e formação extra-escolar (cozinha, gestão doméstica, higiene, informática...).
Parceiro no terreno: Irmãs Filhas d'África
Objectivo de Desenvolvimento do Milénio (OdM) Associado - Objectivo 5: Reduzir em 75% a mortalidade materna.

PAINEL SOLAR

Considerada a zona mais pobre de Cabo Verde, em Milho Branco os recursos escasseiam.
Este presente é um contributo para a aquisição de um painel solar para o Centro Social e Paroquial desta localidade que, entre outras valências, acompanhará mães solteiras a fim de diminuir
a taxa de mortalidade materno-infantil.
Parceiro no terreno: Missionários Espiritanos
Objectivo de Desenvolvimento do Milénio (OdM) Associado - Objectivo 7: Garantir a sustentabilidade ambiental.

26 de novembro de 2009

Mais sobre o Aquecimento Global

Esta semana, que é Semana Europeia para a Prevenção da Produção de Resíduos, dei-me conta de que no meu colégio há vários professores que acham que isto do aquecimento global é tudo um exagero, é tudo uma treta.

É toda uma contra-campanha de que somos alvo.

Pois é

«Às vezes tenho ideias para uns gráficos. Imaginem quando o empreiteiro Domingos Névoa foi condenado a uma multa de cinco mil euros depois de ter sido apanhado em flagrante tentando comprar um vereador municipal por 200 mil euros por causa de um negócio com terrenos em Lisboa que valiam certamente acima de 60 milhões de euros.
Os sessenta milhões de euros, valor que Domingos Névoa estava disposto a dar pelos terrenos da Feira Popular (na verdade, eles valiam mais e ele lucraria mais) dariam no meu gráfico uma enorme esfera. Os duzentos mil euros, ou seja, o valor que ele achava que bastaria para comprar o vereador Sá Fernandes, dariam uma esfera pequenina. E os cinco mil euros, ou seja, o valor que o tribunal achou que valia o crime que ele tinha cometido, dariam um pequeno pontinho quase irrelevante.
O valor de negócio teria o tamanho de uma melancia; o valor da corrupção activa teria o tamanho de uma tangerina; o valor da justiça teria o tamanho de uma ervilha.»

Rui Tavares no Público, integral aqui, e que eu encontrei aqui.

25 de novembro de 2009

Sobre o projecto da nova igreja do Restelo


«A propósito do desenho da torre, segundo o PÚBLICO (20/11/2009), Troufa Real diz já não se reconhecer na referência ao manuelino do projecto apresentado e vai agora inspirar-se no quadro As Tentações de Santo Antão, de Bosch, e em "José Saramago". É importante e enigmático este "José Saramago". Segundo Troufa Real, a nave da igreja imita uma "caravela num temporal, toda dobrada"; a casa do pároco é "uma referência à casa portuguesa do arquitecto Raul Lino"; o centro social "será uma réplica das antigas fortalezas portuguesa"; as cores são uma referência à Índia, para onde S. Francisco de Xavier viajou.

É interessante notar que este é exactamente o tipo de linguagem dos arquitectos de centros comerciais: a criação de narrativas que permitem desenvolver e "assinar" as formas. O mais escandaloso na igreja, mais do que as cores ou os cem metros, é que é feita com uma linguagem de centro comercial. Troufa Real passa do manuelino para Bosch como, digamos, se pode passar de uma praça de alimentação Velasquez para uma galeria gótica. Tal como qualquer centro comercial que se preze, este é um projecto megalómano: não tem o maior número de lojas da Península Ibérica, mas tem a torre mais alta das redondezas. Parece sofrer de gigantismo. Quer ser iconográfica, mas onde na arquitectura contemporânea a delicadeza da pele e o trato high tech são essenciais a igreja é rudemente pop e inconveniente. Como um centro comercial. Se é um Gaudí, é um Gaudí em saldos; não tanto a Sagrada Família, mas mais uma desenraizada, desengraçada família. Talvez esteja aí, afinal, a sua contemporaneidade.»


Isto é tão grave!

Pedro Lomba, na sua primeira crónica no Público, escreveu um texto forte de oposição ao regime de Sócrates e às impressionantes desonestidades que as escutas telefónicas "nulas" a Armando Vara têm vindo a trazer ao de cima. O texto tinha como título: "Cronologia de um Golpe". É um texto fantástico.
Aquele diário que, como ele próprio conta, ao denunciar o servilismo (a pagamento) de Figo, está também ao serviço do governo.

24 de novembro de 2009

(clique para ampliar)


Mesmo assim, leiamos este confronto entre os "alarmistas" e os cépticos do aquecimento global, numa entrevista que ouve de facto o que têm a dizer.

E, já agora, espreitemos o dossier inteiro sobre o assunto (na preparação da quiçá decisiva Cimeira de Copenhaga), onde coexistem notícias com títulos como "Estudo prevê subida de 6 graus na temperatura global até ao fim do século" e "A ideia de que o aquecimento global é um desastre está errada".



(inspiração para este post aqui e aqui)

Menos 23 anos de vida por um erro de diagnóstico (supostamente em coma, mas afinal a dar-se conta de tudo)

Digam-me que esta história está mal contada.
Digam-me que esta história está mal contada.

22 de novembro de 2009

Humanamente, um fracassado

Belíssima reflexão do José Dias sobre este nosso Rei, humanamente tão pouco cheio de realeza, que ainda hoje não nos dá as certezas de que gostaríamos.

Deixo-vos uns excertos retalhados do texto original, que está aqui.

Nasceu não se sabe onde; cresceu como os miúdos da sua idade, com a diferença de ter escapado a um massacre e de ter de fugir para longínquas terras. Teve uma vida inteira tão discreta que, quando decidiu assumir-se como anunciador de uma Boa Nova Libertadora, foi logo apontado a dedo pelos seus vizinhos e amigos: “Não é este o filho do carpinteiro?”. Por entre a multidão anónima dos que se iam baptizar, só João Baptista desconfiou de quem seria Ele, pois, apesar de se achar indigno de lhe desapertar as correias do sapato, mais tarde sentiu-se obrigado a mandar perguntar-lhe “se era ele que havia de vir ou deviam esperar outro”.
Depois tornou-se conhecido, mas não por boas razões para os sábios e o povo da época.
Era assim uma espécie de sem-abrigo que não tinha onde reclinar a cabeça. Não ligava muito às exigentes exigências da Lei que os homens sagrados tinham construído manipulando a Palavra de Deus. Falava com as mulheres em público; denunciava a carta do divórcio porque o homem não era dono da mulher; perdoou à mulher adúltera. Convivia com a ralé da sociedade. Comia e bebia com os marginalizados: partilhar a mesa era sinal da hospitalidade e da amizade. Dava prioridade aos publicanos e às prostitutas, Dava prioridade aos publicanos e às prostitutas, prometendo-lhe os primeiros lugares no seu Reino. Tocava nos intocáveis, os leprosos, absolutamente excluídos da sociedade. Tudo isto lhe trouxe “mau nome” face aos bem-comportados da época.
Mas também a sua família, com grande sofrimento de Maria sua mãe, que meditava todas as suas palavras no seu coração, o abandonou porque o considerava maluco.
O comportamento dos seus discípulos deve tê-lo feito sofrer muito e multiplicado a sua solidão: uns, deixaram-no porque tinha palavras tão duras que não podiam suportá-las; outros exigiam que lhes desse um lugar de poder; outros traíram-no, entregando-o às autoridades, adormecendo quando ele sofria uma agonia insuportável, negando-o quando foi preso, fugindo quando foi crucificado. Mesmo depois de ressuscitado, os discípulos de Emaús não o (re)conheceram; Tomé não acreditou naquelas balelas dos colegas; só Madalena, uma mulher e, portanto, sem qualquer credibilidade, o conheceu, o amou e o testemunhou junto dos apóstolos e discípulos que não quiseram acreditar nela.
Três anos passaram juntos e no fim não tinham percebido nada, pois no momento da Ascensão ainda perguntavam, com “ar de estúpidos”: “Então é agora que vais libertar Israel?” das legiões romanas, pensariam eles certamente.
Quis “apenas” denunciar uma sociedade injusta, corrupta, marginalizadora, incapaz de respeitar a dignidade inviolável de cada pessoa, propondo o modelo das Bem-aventuranças. Estigmatizou os poderosos, civis e religiosos. E eles não aguentaram: como é que um Zé-niguém lhes estava a fazer frente sem armas nem exército? Só havia uma solução: matá-lo.
Humanamente Jesus foi um fracassado.

21 de novembro de 2009

Adoro textos polémicos (quando não são do Vasco Pulido Valente)

«Em nossos dias, os sindicatos de professores fazem finca-pé na questão da avaliação docente sem tomarem em linha de conta a aberração de um mesmo paradigma no que se refere à educação infantil e ao ensino secundário, como se a exigência, sob o ponto de vista científico, de ambos devesse assumir a forma de um prêt-à-porter. (...)

Em nome do mérito, entendo que o processo avaliativo da passagem do 7.º escalão aos escalões imediatamente superiores deve ser feita por provas públicas e não cozinhado, apenas, entre as quatro paredes da escola ‘inter pares’ permeáveis a simpatias pessoais, a identificações política ou de natureza clubística ou a meras manifestações de curvatura da cerviz. (...)

"Se olharmos para as estatísticas, verificaremos que a esmagadora maioria dos juízes é óptima. Para ser mais precisa, nas classificações, os resultados costumam ser assim. 96% obtêm ‘Bom’, ‘Bom com Distinção’ ou ‘Muito Bom’. Sobram 4% de ‘Suficientes’ e um mísero 0,1% (ou seja, apenas um juiz) com ‘Medíocre’. Estas estatísticas dão que pensar. (…) A partir do momento em que ascendem ao Tribunal da Relação, e depois ao Supremo Tribunal de Justiça, os juízes nunca mais são sujeitos a qualquer tipo de escrutínio por mais que se verifiquem sinais de demência, alcoolismo ou psicopatias. Por outro lado, os critérios de progressão na carreira também são peculiares. É possível subir-se por mera antiguidade, mesmo estando arredado dos tribunais”.

(“As extraordinárias Aventuras da Justiça Portuguesa”, A Esfera dos Livros, 2009, p. 18).

(...) A coincidência entre a avaliação dos juízes e a avaliação dos professores é uma realidade nua, crua e triste.»


Vejam aqui o texto todo.

20 de novembro de 2009

19 de novembro de 2009

O aquecimento global é inegável, volta a confirmar a Sociedade Americana de Física.

Para que não haja dúvidas, em De Rerum Natura.

A portuguesa que aterrou em Daca e quis mudar a vida nos bairros de lata

Por Ana Rute Silva (hoje no Público)





Maria do Céu da Conceição, assistente de bordo da Emirates Airlines, foi ontem eleita Mulher do Ano dos Emirados Árabes Unidos, pelo trabalho humanitário desenvolvido no Bangladesh


Faltava pouco mais de meia hora para ser anunciado o prémio de Mulher do Ano dos Emirados Árabes Unidos e Maria do Céu da Conceição não conseguia disfarçar o nervosismo. Ao telefone com o P2, a assistente de bordo portuguesa, uma das quatro nomeadas na categoria de Acção Humanitária, preparava-se para aproveitar a noite e, pelo menos, angariar mais fundos para os seus projectos sociais.
"Vou ser como um tubarão", dizia, num português quebrado pela distância. Aos 31 anos, esta funcionária da Emirates Airlines direcciona toda a energia para uma única causa: a das crianças de rua. Tencionava aproveitar cada segundo da cerimónia, com direito a tapete vermelho, para cativar patrocinadores e voluntários - e era isto que lhe suscitava a imagem de um tubarão que não larga as presas. "Há 400 pessoas neste evento e eu vou tentar criar uma base de contactos. Ganhar é importante, mas já fico contente por lá estar." Horas depois, a notícia chegava a Lisboa por SMS. "A Maria ganhou."
Desde que em 2005 aterrou em Daca, capital do Bangladesh (com 13,5 milhões de habitantes), nunca mais voltou a ser uma simples assistente de bordo. O confronto com a dura realidade local, pobreza extrema e crianças na rua teve efeitos imediatos. Decidiu criar uma organização não governamental para educar, alimentar e tratar mais de 600 meninos e meninas carenciados e respectivas famílias. Queria quebrar "o ciclo da pobreza" e, a partir desse dia, passou todas as férias e folgas em Daca a trabalhar no projecto.
(...)

Os atrasos na obtenção de vistos e a falta de cooperação do Governo local desgastaram Maria da Conceição, que só sobreviveu por "amor e paixão" à causa. "Pergunto-me como é que aguentei quatro anos e meio neste projecto. Pergunto-me se serei louca ou persistente. As dificuldades são tão grandes. Há um ano que temos mil quilos de roupa bloqueados na alfândega. Para ter um visto, tenho de ir a Paris. E é difícil ajudar as pessoas que vivem nestes bairros. Nunca foram à escola." À falta de ambição que encontrou nas ruas a hospedeira respondeu com mais teimosia. Está "sempre em cima". Nunca desiste.


Aproveitem para espreitar a reportagem feita no dia 30-05-2007 pela RTP: aqui.

17 de novembro de 2009

15 de novembro de 2009

Ocasião extraordinária:

conhecer o Dr. Sujit, médico indiano, formado na Bélgica, que trabalha com os mais pobres em Calcutá, onde, por sugestão da Madre Teresa fundou o Instituto das Mulheres e Crianças Indianas, nas periferias mais pobres da cidade.

Ele vai estar connosco em Lisboa, em Coimbra e no Porto.

Como diz a Ema, uma voluntária que esteve lá, em Calcutá, com o Dr. Sujit, "conhecer este Senhor é um privilégio. Um homem lançado pela Madre Teresa e o Muhammad Yunus (fundador do Microcrédito), mas um homem que se conserva simples e solícito."

A viagem que o Dr. Sujit está a fazer é de divulgação, andariação de fundos e procura de padrinhos para o novo projecto de apadrinhamento à distância.

Neste texto, que aconselho todos a ler, a Ema conta que o Dr. Sujit costuma dizer: «é da minha capacidade de pedinte que se socorre tantas vezes esta organização».

E então ela acrescenta: "Por isso eu engulo a vergonha. Se pedir permite que alguns seres humanos tenham a vida digna que todos proclamamos ser de nosso direito, é-me mais embaraçoso não o fazer".

Por isso....

Segunda-feira dia 16 na Paróquia do Cristo-Rei da Portela, num encontro com os Jovens Sem-Fronteiras, que começa às 20h com o jantar. O encontro é aberto à comunidade.

Terça-feira dia 17, no CUPAV (Estrada da Torre, nº26, Lumiar) às 21h30.

Sábado dia 21, no Tagus Park, em Oeiras, numa super-conferência TED (http://sites.google.com/site/tedxisttagus/) onde haverá intervenções de várias outras pessoas, incluindo o Fernando Nobre (presidente da AMI). É um evento aberto ao público mas com lotação máxima de 100 participantes.

Argumentário filosófico contra quem é contra o casamento dos homossexuais

Realmente a Filosofia pode ser útil - se alguém a ler:


«John Stuart Mill explica assim, em Sobre a Liberdade (Edições 70), o princípio do dano:

"É o princípio de que o único fim para o qual as pessoas têm justificação, individual ou colectivamente, em interferir na liberdade de acção de outro, é a autoprotecção.(...)"

Se aceitamos o princípio do dano, então o que é importante é discutir se o casamento entre homossexuais (...) causa dano a alguém.
Parecem ser usados fundamentalmente dois argumentos contra a legalização do casamento entre homossexuais, que serão discutidos de seguida. (...)

A homossexualidade é imoral

É preciso notar que nem todas as coisas que são imorais devem ser proibidas por lei (faltar a um encontro com um amigo e não avisar por preguiça é imoral, mas não deve ser proibido por lei); logo, mesmo que a homossexualidade fosse imoral, isso não seria suficiente para proibir as relações homossexuais ou para deixar de legalizar os casamentos entre homossexuais. (...)
Note-se, entretanto, uma linha de argumentação bastante estranha, mas comum: há quem argumente que os casamentos entre homossexuais não devem ser legalizados, porque a homossexualidade é imoral, mas ao mesmo tempo não ache que os comportamentos homossexuais em si devam ser proibidos, porque dizem apenas respeito aos próprios! (...)

O casamento serve para procriar

Este é um mau argumento porque, de modo a sermos coerentes, se não legalizássemos os casamentos entre homossexuais porque o casamento serve para procriar e os homossexuais não podem procriar, então deveríamos também proibir as pessoas estéreis de se casar. Mas não se deve proibir as pessoas estéreis de se casar. Logo, o simples facto de os homossexuais não poderem procriar não é uma boa razão para que sejam proibidos de se casar.
Segundo outra versão deste argumento, a legalização do casamento entre homossexuais constituiria um ataque à família. Este argumento (...) parece partir do pressuposto dúbio de que legalizar os casamentos entre homossexuais constituiria um desincentivo à procriação e à formação de relações heterossexuais. Mas os homossexuais não se sentem atraídos por pessoas do sexo oposto, pelo que não legalizar o casamento entre homossexuais não os levará, certamente, a fazer algo que de outro modo não fariam. (...)

Conclusão

A vontade de impedir a legalização do casamento entre homossexuais e da adopção por parte de homossexuais deriva, em grande medida, de uma tendência lamentável para tentar impor aos outros o estilo de vida que consideramos melhor — uma tendência infelizmente entranhada na sociedade portuguesa. Gostaria de terminar com uma citação de Mill, que sintetiza o espírito por detrás da defesa da legalização do casamento entre homossexuais e da adopção por parte de homossexuais:

"A única liberdade que merece o nome, é a liberdade de procurar o nosso próprio bem à nossa própria maneira, desde que não tentemos privar os outros do seu bem, ou colocar obstáculos aos seus esforços para o alcançar. Cada qual é o justo guardião da sua própria saúde, tanto física, como mental e espiritual. As pessoas têm mais a ganhar em deixar que cada um viva como lhe parece bem a si, do que forçando cada um a viver como parece bem aos outros."»

Pedro Madeira

O artigo inteiro (que além do casamento trata da adopção por parte de casais homossexuais e, a meu ver, é tão interessante quanto divertido) aqui.

Masculino/feminino

Duas das canções da minha vida. De mulheres. Escritas por homens.


"Quem defende o casamento dos homossexuais não é católico"

Se continuarmos por este caminho, vão-me mesmo excluir da linhagem dos católicos. Estou quase a sentir-me "despedida".
Estamos a falar de um contrato civil, senhores! Jesus veio substituir os milhares de preceitos judeus pela lei do Amor, e vossas eminências estão a querer voltar para trás. A meter-se nos lençóis das pessoas e até nos seus contratos civis. Quando há tanta coisa tão mais importante a denunciar, a converter!

Que mania de substituir o essencial pelo acessório, irra!

14 de novembro de 2009

Abortos repetidos no espaço de um ano

Vejam esta reflexão no Público de hoje, sobre a IVG.

62 repetições de abortos, numa só unidade de saúde (244 à escala nacional), num intervalo de 11 meses, é considerado uma taxa de repetição "baixíssima" e comenta-se que "os números são encorajadores".

Acho uma loucura que consideremos encorajadora uma taxa de repetição, por mais pequena que seja.
Fui pesquisar, e vi que já a 30 Abril de 2008, no "Portugal Pro Vida" (blog que não aprecio, seja claro) se publicava que a Interrupção Voluntária da Gravidez estava ser usada como método contraceptivo por algumas mulheres que recorriam à unidade de Guimarães do Centro Hospital do Alto Ave.
A revelação foi feita pelo Director do Serviço de Obstetrícia do Hospital Senhora da Oliveira. "Desde Julho que a Interrupção Voluntária da Gravidez, por opção da mulher, está legalizada e já temos um caso de uma senhora que vai interromper a gravidez pela terceira vez", afirmou.
"Uma senhora que engravidou, porque não fazia o método contraceptivo, continua a ter o mesmo tipo de comportamento. E portanto vai, com certeza, acontecer segunda e terceira vez, se nada se modificar".
José Manuel Furtado recordava, nomeadamente, um caso de "uma senhora que veio a primeira vez, acompanhada do marido. A segunda vez já não trouxe o marido porque ele nem sequer teve conhecimento da situação".

Agora, depois de um ano e meio, a situação mantém-se. No artigo do Público que citei ao princípio, lemos que em Portimão, o obstetra Fernando Guerreiro considerou preocupante o número de mulheres que faz IVG e sai da consulta "não aceitando qualquer contraceptivo, dizendo que ainda vão pensar": estão nesta situação 52,4 por cento das mulheres, tendo ali sido realizados 1098 abortos desde que a lei entrou em vigor.

É interessante, a este respeito, a proposta (tida em consideração por alguém?...) do director do serviço de ginecologia de Santa Maria de que o segundo aborto da mulher fosse a pagamento. (Público de 15.07.2009).

Segundo o Relatório sobre o grau de cumprimento da Lei da Interrupção Voluntária da Gravidez de 2008 (elaborado pelo Min. da Saúde em resposta a um requerimento das deputadas Mª Rosário Carneiro e Teresa Venda), no total do país, em 2008, foram realizados perto de 20.000 abortos legais.
E os dados sobre as mulheres que abortaram são, no mínimo, interessantes:
  • apenas em 15,84% dos casos a mãe se encontra na situação de desempregada (podendo estar empregado o pai) e não mais de 15,48% das mães são estudantes;

  • 77% das mães têm mais de 20 anos, e apenas 0,54% são menores de 15 anos (lá se vai o "mito" de que o aborto vinha "eliminar" a gravidez na adolescência)

  • 49,5% das mães que pedem para abortar concluíram cursos do ensino superior ou secundário
E isto é o progresso, e isto é a democracia e a liberdade. E supostamente é assim que se educa o povo a cuidar de si.

13 de novembro de 2009

O Bem Comum em debate e reflexão

Por mim, na Ecclesia: O Bem Comum - responsabilidade da Pessoa.

Aconselho também o artigo do João Meneses: O Bem Comum - responsabilidade do Estado.

Ambos a propósito das Semanas Sociais, de 20 a 22 de Novembro, em Aveiro.

11 de novembro de 2009

Olhando para ele de costas, ela pensou:

_ Tu não podes saber o quanto eu gosto de ti. Porque se o soubesses e simplesmente ignorasses, seria insustentável.

E com a convicção insegura de quem sabe que se autoconvence, foi empurrando o dia à sua frente.

Erri de Luca em Portugal!

É um personagem/escritor que me enternece profundamente, aquele a quem ouvi dizer, num encontro sentados no chão:

"A beleza é um extra que não estava previsto na ordem do mundo. Por que é que há-de também belo, o mundo? E no entanto, é essa a sua substância".

É aquele que acorda à cinco da manhã para traduzir pedaços do Antigo Testamento directamente do hebraico antigo que tem vindo a pulir, como pedras provindas directamente do tempo de Abraão: "As palavras que lia de manhã, quando trabalhava como operário, tinha-as como companhia para todo o resto do dia. Remastigava-as no trabalho das obras e fazia como se fosse um caroço de azeitona que me ficava na boca."

Aqui a entrevista feita pelo António Marujo.

Esteve em Lisboa e eu não dei por nada.

10 de novembro de 2009







Buli, tu que estás em Singapura, conheces este fenómeno?






9 de novembro de 2009

Muros

Para o dia não passar em branco: muros a mais, aberturas a menos.

8 de novembro de 2009

5 de novembro de 2009

Música

Há dois tipos de pessoas com quem eu não concordo nada em termos musicais (como é óbvio, estou a excluir da minha consideração todos os que não percebem nada de música e ouvem, pura e simplesmente, o que dá na rádio):

- aqueles que, da minha geração, se queixam da música que se faz agora e mitizam a música dos anos '80 (que foi a pior geração musical de sempre). E de repente a Madonna é um ícon insuperável, Depeche Mode música a sério, o António Variações um génio, os Heróis do Mar, Sétima Legião, Sitiados e afins, os maiores e a música portuguesa nunca mais fez nada tão bom, etc. Cheira-me que os Delfins não entram na lista só porque não morreram e por isso não se tornaram mártires.

- e aqueles que, seja de que geração forem, não são tão nostálgicos e se mantêm actualizados, mas se excitam por tudo o que é novo e tem guitarras e é levezinho e - no fundo - lembra os anos noventa. E ele é The Pains Of Being Pure At Heart e ele é o Fogefogebandido e ele é Oioai e ele é Pontos Negros.

Epá, admito, será um limite meu, mas não percebo.

2 de novembro de 2009

Não fui

por medo de me desiludir.
E por isso mesmo fiquei tão feliz por saber que este concerto correu bem, como dantes.
Porque há símbolos que fazem viver um país.
Quer "eles" queiram quer não.

Leões que amam como nós (talvez melhor)

Isto é LINDO: http://ermidas.blogspot.com/2009/10/amor.html

1 de novembro de 2009

O dia em que a palavra energia entrou no meu vocabulário

(foto de Andrea Haase, Solaire)



O ser das coisas é o devir.

A minha identidade é móvel. Não faz sentido querer ser "fiel" a quem "sou", porque eu sou fogo, acção pura.

O Amor apanha a minha essência no momento.

O Chi (energia vital) é a acção, o meu ser em acto.

Deus é a fonte. Deus é Amor. A fonte é o Amor.

O passado é o caminho percorrido, agarrar-me ao passado é virar-me para trás. O momento presente é o único possível, é o passo.

A Verdade é auscultação do milagre da Vida.

A Vida é o que surgiu da fonte, é a sua manifestação.

O Big Bang continua em tudo, e em mim.



(depois deste workshop. Sem exaltações místicas, sem fanatismo,
mas com a serena excitação de estar a descobrir novas faces do universo)