Ando a descobrir que isto de se achar que se tem razão no meio de doidos, é de uma solidão tremenda. Estou farta de não ser capaz de dançar ao som da música. Quer dizer, não o quero fazer, não quero ser capaz de o fazer e desprezo quem não tem espinha dorsal que se digne para caminhar segundo as suas próprias convicções e balança ao som de opções de comodidade. Mas, ao mesmo tempo, sofro profundamente ao procurar a coerência e ao me sentir realmente, visceralmente, solitária em certos ambientes, acompanhada só pela minha própria irritação (ou até escândalo) perante certas decisões ou acontecimentos. Toda a estatística me diz que devo estar errada, que não é possível que fulano A, sicrano B e beltrano C estejam todos errados e que só eu, idiota e convencida, seja o único soldado na fila com o passo certo. Sim, é absurdo, mas sinto com a clareza de uma evidência cartesiana que é mesmo assim, que eles é que estão errados e que, como uma amiga hoje providencialmente me disse, isto da democraticidades das opiniões é uma grande treta. E uma treta perigosa.
A maioria nem sempre tem razão. Aliás, provavelmente poucas vezes a tem.
E as instituições perdem tanto mais a noção disso quanto mais por si passam os anos.
(enfim, o que me vale é o Amor)