(ou, como se diz em Itália - bem menos graciosamente: "questo paese è un buco del culo")
Este mês vou ter duas intervenções públicas em duas ocasiões de grande relevo: uma é na
Semana Social, em Fátima (14 de Setembro), outra será num programa de televisão para o qual me convidaram ontem (e que anunciarei mais à frente, no blog). E ainda ontem fui entrevistada para um programa de rádio da Ecclesia.
A minha surpresa é cada vez maior, à medida que esta minha reduzida faceta pública vai adquirindo maior visibilidade. Porquê eu?
E a resposta não é, garanto-vos: porque sou uma pessoa com grande experiência nas questões sociais, ou com uma grande visão de conjunto, ou que está no terreno a trabalhar com os mais pobres, ou que "sabe muito destas coisas". Nada disto. Eu há anos que não faço nada ou quase nada a nível social e não sou de forma alguma uma erudita com coisas brilhantes para dizer.
A resposta assenta antes em três razões práticas: 1) porque sou jovem, 2) porque tenho jeito para comunicar, 3) porque não há mais ninguém.
Desde que descobriram que sou uma boa presença para falar em público, os convites sucedem-se. E eu pergunto sempre a mesma coisa: mas tem a certeza que me quer a mim? Olhe que eu sou uma ignorante, olhe que eu não sou ninguém, olhe que eu sei pouco sobre esse tema, olhe que há certamente pessoas mais capazes do que eu. Mas nada, confirmam sempre o convite e eu confirmo sempre as minhas suspeitas:
1) somos um país em que a gente vive de renda. Ou seja, a imagem pública que uma pessoa tem e que se formou numa determinada altura da sua vida, devido a alguma razão, sobrevive ao tempo que passa e faz com que o icon em que essa pessoa se torna se conserve, mesmo que ela já não faça nada do que dantes fazia e que as suas aparições públicas (pensemos nos velhos actores que vão à tv ser entrevistados, por exemplo) se alimentem do passado glorioso que teve e do prestígio que ainda tem.
2) somos um país com escassos recursos humanos e, por isso, os poucos que temos (por exemplo, eu), por mais fraquitos que sejam, acabam por ser sempre chamados. Isso vê-se na tv e nos jornais, com os diferentes comentadores políticos que, no fundo são sempre os mesmos, e vê-se nos eventos em que tenho participado.