12 de agosto de 2010

O grande obstáculo à felicidade: as preocupações

E já agora, partilho também a minha teoria acerca dos limites humanos à capacidade de ser feliz.
Acho que todos temos uma espécie de limite máximo e mínimo de preocupações. Estas fronteiras internas fazem com que, independentemente do que motiva concretamente as preocupações de cada um e nos impede de sermos plenamente felizes de forma contínua, todos vivamos sempre entre um limite mínimo abaixo do qual geralmente não descemos (seja este limite marcado pela preocupação em arranjar água e comida para a família ou pela necessidade de uma casa maior, de umas férias, de um trabalho mais estimulante, etc), e o limite máximo de preocupações que faz com que, por exemplo, um problema grande tenha sempre a capacidade de nos fazer relativizar e, às vezes, até esquecer os problemas pequenos, como se um copo se tivesse enchido demais, fazendo transbordar o líquido que sobra.
Sejam as nossas preocupações problemas efectiva e materialmente graves (como no caso de uma mãe africana que luta pela sobrevivência, ou de um doente com cancro, por exemplo), ou de tipo mais psicológico e mesquinho, o facto é que a felicidade e a satisfação se tornam igualmente, para todos os homens e mulheres deste mundo, uma conquista diária que exige grande sabedoria e "treino". Ninguém, enquanto adulto, é espontaneamente feliz. Todos temos tendência a "arranjar" alguma coisa com que nos preocupar, algo que nos torna insatisfeitos.
Por isso, uns optam pelo yoga, outros pela meditação (mais ou menos religiosa), outros pelas psicoterapia: o objectivo é o mesmo, aprender a aceitar o que a vida nos traz sem estar sempre numa corrida de obstáculos que acabam por nos impedir de gozar o presente, deixando-nos insatisfeitos e incapazes de apreciar os bons momentos (bonheure).

6 bilion others: happiness

Primeiro vi este vídeo e achei-o fascinante pela quantidade de sabedoria que encerra. Eu, que ando há 6 anos a pensar continuamente na Felicidade, no que é, no que pode ser, no que eu antes julgava que era e afinal compreendo que não é, em como escapa e como se reconquista, em como permanece ou não, em como é alimentada pelo quotidiano mais do que pela colecção de experiências, fiquei maravilhada com os testemunhos que aqui ouvi. E adorei verificar mais uma vez aquilo que já tenho observado em viagens por esse mundo fora: que todos nós, ricos e pobres, cultos ou não, partilhamos exactamente os mesmos dramas e aspiramos ao mesmo coração da vida. Aquilo que nos faz felizes e satisfeitos, é extraordinariamente comum.

Depois, descobri que este video é um de entre muitos outros, todos presentes no youtube, e todos eles baseados nesta mesma intuição, de que os conceitos essenciais da vida são comuns a todos nós: o perdão, o amor, a família, etc.

Que lindo projecto este: 6 bilion others. Espero que gostem.

11 de agosto de 2010

8 de agosto de 2010

A escola, a exigência e a criatividade

A semana passada aconteceu-me uma coisa inédita: senti que, por uma questão de sobrevivência, tenho de deixar de falar da educação. O estado do sistema educativo em Portugal está de tal forma em queda livre e funciona tão em contradição com tudo aquilo que acredito serem valores estruturantes da sociedade (o mérito, a justiça, a excelência, a exigência, a honestidade), que fico literalmente a rebentar de dores de cabeça só de ouvir outras pessoas a discuti-lo. Na praia. A sério. Aconteceu-me isto, mal a conversa rebentou, a propósito das novas ideias brilhantes da ministra e da experiência no ensino universitário de alguns dos intervenientes (que eram um dos meus irmãos, a minha cunhada e uns amigos), na praia, com sol e bolas de berlim, num ambiente crítico, mas descontraído. E simplesmente não consegui ficar ali, depois de intervir uma ou duas vezes, e apesar de concordar com tudo o que era dito. Tive de me afastar e tentar ler uma treta qualquer da Agatha Christie para descontrair, mas não consegui. Fiquei com dores de cabeça o resto da tarde e da noite, que só me passaram no dia seguinte.

Decidi que não volto a falar sobre isto, pelo menos enquanto não tiver algum poder de decisão nesta matéria, a nível macro ou micro que seja.

Neste momento, o que se faz e o que se advoga é de tal forma absurdo, que me sinto como alguém que fosse feminista no contexto da escravatura no século XVI. Estamos a anos luz (e a afastar-nos cada vez mais) daquilo que me parece ser a mais elementar sensatez. E eu sou uma formiga neste contexto. Tudo o que eu possa dizer ressoa só na minha cabeça, sem ser sequer audível por quem conduz este combóio.

E por isso coloco aqui este vídeo. Porque aborda o tema de uma perspectiva radicalmente diferente, focando-o de outro ângulo, pondo em causa estruturas que eu não ponho e que não são o meu "alvo", e por isso mesmo acho-lhe piada.

Eu gosto da escola de tipo académico e teórico que este senhor critica, só que não a defendo para todos, nem por imposição. Acredito na liberdade de educação e na possibilidade de escolha para pais e alunos. Deveria haver imensos caminhos possíveis, a nível escolar, adequados à diversidade de talentos e potencialidades das crianças. Com a condição, depois, de sermos sérios e consequentes no percurso escolhido: jogar de acordo com as regras e assumindo as consequências da falta de trabalho, seja qual for o caminho empreendido. O que implica uma meritocracia e uma exigência que cada vez mais são esmagadas em Portugal.


2 de agosto de 2010

Cantigas - o vídeo

(enquanto não montamos as filmagens como deve ser, cá fica um lamiré da música que andámos a fazer, aqui pela zona saloia de Lisboa)

1 de agosto de 2010

Entrevista no essejota.net

Espreitem aqui a entrevista que eu fiz a uma pessoa muito especial, e que acabou de ser editada no essejota: Dona Lurdes, mãe de todos.
Acho que encerra uma mensagem forte e inspiradora para todos. Espero que gostem!