23 de dezembro de 2009

A Criança Nova que habita onde vivo

Dá-me uma mão a mim

E a outra a tudo que existe

E assim vamos os três pelo caminho que houver,

Saltando e cantando e rindo

E gozando o nosso segredo comum

Que é o de saber por toda a parte

Que não há mistério no mundo

E que tudo vale a pena.

A Criança Eterna acompanha-me sempre.

A direcção do meu olhar é o seu dedo apontando.

O meu ouvido atento alegremente a todos os sons

São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.

Damo-nos tão bem um com o outro

Na companhia de tudo

Que nunca pensamos um no outro,

Mas vivemos juntos e dois

Com um acordo íntimo

Como a mão direita e a esquerda.

22 de dezembro de 2009

Isto é naïve, sim, mas... é verdade.

E hoje entrei de férias, e é quase Natal, e embora haja pessoas de quem não gosto e que me dão a volta ao miolo, e com quem preferia não ter de lidar, e quase quase que as odeio, tal o desprezo,

depois arrependo-me e passa a fazer sentido tender para a Unidade.

21 de dezembro de 2009

Isto comove-me. Também eu tive esta sorte.


«Da minha mãe veio-me um estímulo muito grande para uma actividade intelectual feita de persistência. Estou a lembrar-me, por exemplo, que no liceu Filipa as melhores alunas costumavam receber um livo como prémio na disciplina em que tinham tido a melhor nota do seu ano. No primeiro ano, pela disciplina de Francês, recebi um livro da Condessa de Ségur no original. Ora eu não sabia francês que chegasse para ler um livro! A minha mãe limitou-se a lembrar-me que os dicionários existiam para essas situações... A partir daí, não me lembro de ter lido na tradução portuguesa um único livro de autor francês.»


Maria de Lourdes Pintasilgo em Mulheres Políticas (cit. in Maria de Lourdes Pintasilgo. Uma História para o Futuro, Luísa Beltrão e Barry Hatton)

20 de dezembro de 2009

Reacendeu-se o debate

Depois de um mês, foi dada nova vida à discussão entre mim e um leitor deste blog, quanto ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. Provavelmente já estão todos fartos deste assunto, mas se quiserem espreitar o debate, ele está nos comentários a este post, alguns dos quais se referem também a este outro.

19 de dezembro de 2009

L'uomo della zappa




Têm sido uns concertos fantástios, mas só para quem tem andado por Pádua neste dias.

E já está cá fora o novo cd, 13 músicas que fazem jus a 5 músicos que têm acompanhado o meu orgulho. O meu orgulho que, como terão percebido, é a alma de tudo; que é, a pleno título, o homem da enxada: http://www.myspace.com/luomodellazappa.



No myspace ainda não estão as músicas do novo cd (ou estão, mas com gravações mais antigas), embora já dê para perceber o teor dos três projectos que lhe dão origem, e que formam três espectáculos diferentes:

  • "(C'era una volta) un Hobo in America" (sobre a figura dos hobos, os primordiais cantores de protesta que vagabundeavam pela velha América da depressão dos anos trinta, em busca de trabalho e espalhando, pelo caminho, notícias e sementes de revolta);

  • "Brasil, 1000 brasili" (sobre a tão extraordinária quão desconhecida variedade da música brasileira, bem para lá dos mais internacionais samba e bossa nova);
  • "Amori d'Oltre Cuore" (sobre o amor, nas suas diferentes manifestações, sobretudo as que escapam às convenções e aos cliché da música ligeira e de um romantismo mais comercial).

17 de dezembro de 2009

Ou isto

“Aproxima-te um pouco de nós, e vê. O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada, os carácteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Ninguém crê na honestidade dos homens públicos. Alguns agiotas felizes exploram. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências. Diz-se por toda a parte: o país está perdido!”

Inicia assim Eça de Queirós, em Junho de 1871, a primeira crónica de “As Farpas” que, em parceria com Ramalho Ortigão, começou então a publicar em fascículos mensais.

Digam lá se não é o mesmo do que isto

MANIFESTO ANTI-DANTAS E POR EXTENSO
por José de Almada-Negreiros
POETA D'ORPHEU FUTURISTA e TUDO

Basta pum basta!!!
Uma geração que consente deixar-se representar por um Dantas é uma geração que nunca o foi. É um coio d'indigentes, d'indignos e de cegos! É uma resma de charlatães e de vendidos, e só pode parir abaixo de zero!
Abaixo a geração!
Morra o Dantas, morra! Pim!
Uma geração com um Dantas a cavalo é um burro impotente!
Uma geração com um Dantas ao leme é uma canoa em seco!
O Dantas é um cigano!
O Dantas é meio cigano!
O Dantas saberá gramática, saberá sintaxe, saberá medicina, saberá fazer ceias pra cardeais, saberá tudo menos escrever que é a única coisa que ele faz!
O Dantas pesca tanto de poesia que até faz sonetos com ligas de duquesas!
(…) O Dantas veste-se mal!
O Dantas usa ceroulas de malha!
(…) O Dantas é Dantas!
O Dantas é Júlio!
Morra o Dantas, morra! Pim!
O Dantas nasceu para provar que nem todos os que escrevem sabem escrever!
O Dantas é um autómato que deita pra fora o que a gente já sabe o que vai sair... Mas é preciso deitar dinheiro!
O Dantas é um soneto dele-próprio!
O Dantas em génio nem chega a pólvora seca e em talento é pim-pam-pum.
O Dantas nu é horroroso!
O Dantas cheira mal da boca!
Morra o Dantas, morra! Pim!
O Dantas é o escárnio da consciência!
Se o Dantas é português eu quero ser espanhol!
O Dantas é a vergonha da intelectualidade portuguesa!
O Dantas é a meta da decadência mental!
E ainda há quem não core quando diz admirar o Dantas!
E ainda há quem lhe estenda a mão!
E quem lhe lave a roupa!
E quem tenha dó do Dantas!
E ainda há quem duvide que o Dantas não vale nada, e que não sabe nada, e que nem é inteligente, nem decente, nem zero!
(…) Portugal que com todos estes senhores conseguiu a classificação do país mas atrasado da Europa e de todo o Mundo! O país mais selvagem de todas as Áfricas! O exílio dos degredados e dos indiferentes! A África reclusa dos europeus! O entulho das desvantagens e dos sobejos! Portugal inteiro há-de abrir os olhos um dia - se é que a sua cegueira não é incurável e então gritará comigo, a meu lado, a necessidade que Portugal tem de ser qualquer coisa de asseado!
Morra o Dantas, morra! Pim!

Este homem é genial

O palhaço, de Mário Crespo

O palhaço escuta as conversas dos outros e diz que está a ser escutado. O palhaço é um mentiroso. O palhaço quer sempre maiorias. Absolutas. O palhaço é absoluto.
(...) Um palhaço é igual a outro palhaço. E a outro. E são iguais entre si. O palhaço mete medo. Porque está em todo o lado. E ataca sempre que pode. E ataca sempre que o mandam. Sempre às escondidas. Seja a dar pontapés nas costas de agricultores de milho transgénico seja a desviar as atenções para os ruídos de fundo. Seja a instaurar processos. Seja a arquivar processos. Porque o palhaço é só ruído de fundo. Pagam-lhe para ser isso com fundos públicos. E ele vende-se por isso. Por qualquer preço.

(...) O palhaço não tem vergonha. O palhaço está em comissões que tiram conclusões. Depois diz que não concluiu. E esconde-se atrás dos outros vociferando insultos. O palhaço porta-se como um labrego no Parlamento, como um boçal nos conselhos de administração e é grosseiro nas entrevistas. O palhaço está nas escolas a ensinar palhaçadas. E nos tribunais. Também.

(...) O palhaço não tem género. Por isso, para ele, o género não conta. Tem o género que o mandam ter. Ou que lhe convém.

(...) E diz que não dá dinheiro para desvarios. E depois dá. Porque o mandaram dar. E o palhaço cumpre. E o palhaço nacionaliza bancos e fica com o dinheiro dos depositantes. Mas deixa depositantes na rua. Sem dinheiro. A fazerem figura de palhaços pobres. O palhaço rouba. Dinheiro público. E quando se vê que roubou, quer que se diga que não roubou. Quer que se finja que não se viu nada.
Depois diz que quem viu o insulta. Porque viu o que não devia ver.

O palhaço é ruído de fundo que há-de acabar como todo o mal. Mas antes ainda vai viabilizar orçamentos e centros comerciais em cima de reservas da natureza, ocupar bancos e construir comboios que ninguém quer. Vai destruir estádios que construiu e que afinal ninguém queria. E vai fazer muito barulho com as suas pandeiretas digitais saracoteando-se em palhaçadas por comissões parlamentares, comarcas, ordens, jornais, gabinetes e presidências, conselhos e igrejas, escolas e asilos, roubando e violando porque acha que o pode fazer. Porque acha que é regimental e normal agredir violar e roubar.
E com isto o palhaço tem vindo a crescer e a ocupar espaço e a perder cada vez mais vergonha. O palhaço é inimputável. Porque não lhe tem acontecido nada desde que conseguiu uma passagem administrativa ou aprendeu o inglês dos técnicos e se tornou político. Este é o país do palhaço. Nós é que estamos a mais. E continuaremos a mais enquanto o deixarmos cá estar. A escolha é simples.
Ou nós, ou o palhaço.

15 de dezembro de 2009

E prontos. Agora o gajo é um coitadinho.



"Um profundo obrigado a todos os que me enviaram mensagens de proximidade e de afecto. Repito o pedido para que estejam todos serenos e seguros. O amor vence sempre, sobre a inveja e o ódio."


Ma va fanculo!
Ando há semanas com uma lista enorme de filmes para ir ver ao cinema, e é final de período. Para um professor, isto diz tudo.
E agora a gripe.

14 de dezembro de 2009

Cartas ao Pai-natal podem ser ‘apadrinhadas’ nas Estações de Correios

As instituições aderentes a esta iniciativa dos CTT são : Refúgio Aboim Ascensão (Faro), Casa do Gaiato de Lisboa, Comunidade Vida e Paz, SOL- Associação de Apoio às Crianças VIH/SIDA, Ajuda de Mãe, Associação Ajuda de Berço, Acreditar (Lisboa), NÓS (Barreiro), Casa Dr. Alves (Ourém), Fundação Bonfim (Braga), ADAV (Coimbra), Fundação Obra do Ardina, Centro Hellen Keller, Aldeias SOS, Obra do Padre Américo (Açores) e Associação de Nossa Senhora das Candeias (Peso da Régua) e Acreditar (Funchal).

13 de dezembro de 2009

12 de dezembro de 2009

Eu menti aos meus eleitores, mas foi por uma boa razão, para os convencer da verdade, por isso voltaria a fazê-lo e vocês deviam é agradecer.


Se não fossem as pretensas armas de destruição em massa, teria sido necessário "recorrer a outros argumentos", disse candidamente o ex-primeiro-ministro, que no início de 2010 terá de responder num inquérito sobre os motivos que levaram a Grã-Bretanha a alinhar com os Estados Unidos na invasão do Iraque.



(no Público de hoje)

10 de dezembro de 2009

Unidos no Amor Contra a Indiferença

Daqui a dois dias vou estar a apresentar um livro muito especial, de Isabel Barata e Manuel Matos.


Uma história de amor:

Isabel Barata, 42 anos, economista, reformada por invalidez devido ao agravamento de uma osteogénese imperfeita, empenhada e activa, desde 1992, na área do voluntariado e do desenvolvimento pessoal.

Manuel Matos, 54 anos, licenciado em Germânicas, professor do ensino secundário durante 28 anos, reformado devido ao agravamento de uma doença neuromuscular severa e congénita, escritor, tradutor, co-fundador da Associação Portuguesa de doentes Neuromusculares.
Conheceram-se à distância, através de palavras, de poemas, de livros. Encontraram-se e apaixonaram-se, como milhares de pessoas, todos os dias, em todo o mundo, aspiraram a viver juntos – eis uma história simples.

Uma história de acção:

Manuel Matos nunca chegou a andar. Desde criança se habituou a ouvir dizer que “não podia querer a Lua”, mas nunca aceitou que ela estivesse fora do seu alcance. Fez coisas, lutou por coisas, conseguiu coisas, teve uma vida profissional activa e de sucesso, viajou, teve uma juventude, teve amigos, teve discípulos. Recusou-se a aceitar que não tinha direito a uma vida afectiva, a uma vida amorosa, a viver a sua sexualidade como qualquer ser humano. Apaixonou-se, encontrou finalmente a sua “alma gémea”, lutou por esse encontro, por essa vida, por esse amor.

Isabel Barata teve uma infância e uma juventude activa e normal, à excepção das cirurgias correctivas a que teve de se submeter desde criança. Após uma queda acidental viu a sua condição física agravar-se até ao ponto de ir perdendo a sua preciosa autonomia. Impedida de ter um emprego normal, vira-se para o voluntariado em IPSS e para a área do desenvolvimento pessoal. O caminho faz-se caminhando e por várias maneiras, e Isabel não pára nem se entrega. Apaixonou-se, encontrou finalmente a sua “alma gémea”, lutou por esse encontro, por essa vida, por esse amor – em seu nome reivindicou uma parte da autonomia perdida e viajou sozinha, todos os meses, de Lisboa ao Porto e volta, para estar com o Manuel.

Um grito de dignidade:

Unidos no Amor Contra a Indiferença é um grito de dignidade: uma obra subversiva na nossa sociedade acomodada e formatada, onde a diferença é tolerada desde que se comporte dentro de certos padrões e não pretenda, com é apontado constantemente a um dos autores do livro “agarrar a Lua”.
É uma história de dois concidadãos nossos – um professor e uma economista — que se recusaram a ser emocionalmente “deficientes” e a aceitar a recusa que lhes foi imposta de construírem um futuro a dois.
O futuro comum já não existe – uma vez que o Manuel Matos faleceu durante o processo de produção do livro – mas o seu último projecto em conjunto, aquele em que trabalharam e que acarinharam como veículo para fazer chegar ao mundo a mensagem da sua luta por direitos fundamentais e da sua luta pela visibilidade enquanto elementos válidos, produtivos e necessários à saúde e ao funcionamento da sociedade como um todo aqui está, tornado realidade com os lançamentos do livro no Porto e em Lisboa e com a saída para as livrarias.

Sábado dia 12 de Dezembro, Museu da Electricidade, 14h30

(recensão do livro tirada daqui)

9 de dezembro de 2009

The perfect girl

Eheheheh...

8 de dezembro de 2009

7 de dezembro de 2009

Abominações da sociedade da abundância

O resultado do tratamento da miúda foi a perda de 150 kg

(entre os 7 e os 10 anos de idade).

Eis aqui o resultado

5 de dezembro de 2009

http://vendoaminhamae.blogs.sapo.pt/









Certamente não acreditam, mas estes anúncios são todos reais.
Portugal é um saco sem fundo, carregadinho de inteligência.

(Obrigada ao Elogio que me fez conhecer esta pérola)

4 de dezembro de 2009

Recordes do LHC


Eu queria tanto conseguir perceber o que é isto implica!!!


A day at the office

3 de dezembro de 2009

Investir em projectos sociais, como quem investe numa empresa


ATENÇÃO, ATENÇÃO!


A BOLSA DE VALORES SOCIAIS JÁ CHEGOU A PORTUGAL!


Veja do que se trata aqui.

2 de dezembro de 2009

A relatividade do ponto azul clarinho

Lamento, mas estão mesmo a NÃO QUERER aceitar os factos

Em tempos em que a teoria da conspiração relativamente ao aquecimento global tem vindo a tomar proporções incríveis, ao ponto de se falar num "Climategate" e parecer que o mundo tem andado a ser enganado por uns fanáticos verdes que nos querem levar a todos para a idade da pedra, este argumentário sobre a seriedade das evidências científicas a favor da tese da influência humana sobre o aquecimento global é extramemente esclarecerdor:

1. Existe consenso na comunidade científica sobre esta questão. Segundo um estudo publicado pela historiadora de ciência Naomi Oreskes na Science em 2004, dos mais de 900 artigos publicados entre 1993 e 2003 sobre alterações climáticas nenhum refutava a ideia de que a Terra está a aquecer por causa da actividade humana. Não conheço nenhuma contestação com a mesma validade (publicada numa revista científica com arbitragem pelos pares) a este estudo e este consenso foi revalidado no relatório do IPCC de 2007. A haver contestação ao aquecimento global por causas humanas, ele não é publicado em revistas científicas.

2. A serem falsas as conclusões de que o planeta está a aquecer por causa das emissões de dióxido de carbono com origem na actividade humana teria que haver uma conspiração com dimensões mirabolantes. Envolveria uma miríade de institutos de investigação e organizações meteorológicas, editores de revistas científicas, assim como um grande número de investigadores (nomeadamente alguns portugueses, como Filipe Duarte Santos). Uma tal convergência, mesmo contando com um efeito rebanho que faria dos cientistas que estudam o clima uma multidão de adolescentes a seguir uma banda da heavy metal, parece-me improvável. Faz lembrar um pouco a música do Rui Veloso Não há estrelas no céu: "parece que o mundo inteiro se uniu para me tramar".

5. A haver uma conspiração, penso que seria mais provável do lado contrário: ou seja a industria e governos dos países mais poluidores e poderosos tentarem ofuscar os resultados que apontam no sentido de que as emissões de gases de efeito de estufa com origem humana são responsáveis pelo aquecimento global. E isto acontece. Veja-se a posição da administração Bush ou os incentivos monetários da Exxon Mobil Oil para quem encontrasse erros no relatório do IPCC.

Ler todo o artigo de David Marçal aqui.

1 de dezembro de 2009

Nick Brandt








Isto é tão belo que quase se torna piroso, caramba.



No one thinks of fighting when they see a topless girl