Reflecti recentemente sobre a questão da máscara.
Sobre o seu duplo sentido de objecto criador de uma identidade, ou instrumento para esconder a nossa verdadeira identidade.
Sobre o seu duplo sentido de objecto criador de uma identidade, ou instrumento para esconder a nossa verdadeira identidade.
Reparemos nas máscaras dos super-heróis da banda desenhada: ao usá-las, os super-heróis não só assumem uma identidade diferente e extra-ordinária (fora do comum), como escondem a identidade original, não podendo ser dois personagens ao mesmo tempo.
(...) As palavras pessoa e personagem têm como base etimológica a palavra persona, ‘máscara’ em grego. Ser pessoa será, então, assumir desde sempre e para sempre uma máscara? Ser-nos-á intrínseca a arte de fingir, de esconder, de assumir camadas postiças de identidade?
Hoje esta questão é mais premente do que nunca. Com efeito, é provável que poucos de nós se conheçam a si mesmo realmente. Conheçam a sua verdadeira identidade, para lá da(s) máscara(s). Para se conhecer alguém, é preciso tempo – todos sabemos isso.
Hoje esta questão é mais premente do que nunca. Com efeito, é provável que poucos de nós se conheçam a si mesmo realmente. Conheçam a sua verdadeira identidade, para lá da(s) máscara(s). Para se conhecer alguém, é preciso tempo – todos sabemos isso.
Ora, como podemos nós conhecer-nos, se nunca temos tempo para estar connosco próprios? Se raramente paramos para pensar, reflectir, olhar para dentro?
(...) E haverá algo mais fundamental? É que, reparem: se eu não perceber onde se situa o meu verdadeiro eu, se não investir na construção e no aperfeiçoamento da minha verdadeira identidade, todo o investimento da minha Vida será desperdiçado, será como dedicar todas as forças a encher de água um balde furado…. No fim ficará só a casca, o invólucro em torno de uma identidade vazia.
Quero ser um balão insuflado que a qualquer momento pode rebentar e revelar a sua vacuidade? Ou quero viver na construção daquela alma divina, aquele pedaço de mim que realmente me torna único, que me distingue da massa humana que a todos parece absorver?
Quero ser um balão insuflado que a qualquer momento pode rebentar e revelar a sua vacuidade? Ou quero viver na construção daquela alma divina, aquele pedaço de mim que realmente me torna único, que me distingue da massa humana que a todos parece absorver?
(...) Como nos diz Manuela Silva na sua reflexão do mês de Fevereiro (site da Fundação Betânia):
“O ser humano experimenta em si mesmo uma dupla natureza.
Reconhece-se na sua dimensão corporal, sujeito às leis da matéria e às coordenadas do ambiente em que vive. Tem fome e tem sede, calor e frio. (…) Mas, não obstante a importância desta sua condição existencial, o ser humano dá-se conta que não lhe está confinado.
(...) Matéria e espírito ou, melhor, matéria habitada pelo espírito, o ser humano aspira a ir além de si mesmo e, em condições normais, mostra-se incansável na busca de caminhos que, supostamente, lhe tragam felicidade, harmonia, paz interior, alegria de viver.
As condições de vida podem, porém, abafar esta inclinação para a transcendência e obstar a que se percorra um caminho pessoal de maturidade humana e de unificação interior.”
A maior máscara pode ser, então, o limitarmo-nos à nossa dimensão terrena, material, à mesquinhez de aspirações a ter e poder que nos são impostas, mais do que genuinamente desejadas. A maior máscara é sermos só humanos, só Clark Kent. Pois a verdadeira identidade de cada homem e cada mulher é ser um super-herói.
(do texto que escrevi para a publicação Inútil do Colégio Amor de Deus)
parabens pelo texto superwomen ;)
ResponderEliminarOlá.
ResponderEliminarQuem desejar já poderá ler o InÚtil3 no site da patoral do Colégio do amor de Deus.
http://pastoral.cad-cascais.org/?p=1998
Obrigado.