«(...)Não tenho, e não tem ninguém, parece-me, o direito de viver no esquecimento dos outros e de tudo o que tem possibilidade de fazer por eles, se quiser.
As minhas capacidades, todo o meu potencial, são o meu limite e o meu dever – a fronteira da minha acção não deve estar na vontade.
O pôr os meus talentos ao serviço dos outros é minha mais básica obrigação e o sentido mais verdadeiro da minha vida. (…)
Serei fraca e indigna de tudo quanto tenho se não viver neste sentido, se não usar a minha vida para dar vida, a minha fé para espalhar a fé, os meus talentos para dar alento, os meus bens para matar a fome. Se me esquecer, se me esquivar, se desistir, terei ignorado a intuição mais clara que jamais experienciei, terei dito ‘não’ à voz de Deus que me falou. Terei falhado a minha vida.
Tudo me foi dado, tenho de viver de forma a merecer esse tudo. Nenhuma outra atitude, nenhuma outra postura faz sentido senão essa.
Terei de compreender, e ajudar a compreender aos favorecidos habitantes do mundo desenvolvido que a vida é o nosso dom comum, sendo a terra a extensão da nossa comunidade. Que por isso mesmo não pode ser concebível uma existência alienada dos problemas da nossa comunidade. (…) Como caminhar descansados sem sentir o peso desta dívida?
(…) Não posso nunca esquecer que há um laço inquebrantável que une a todas as pessoas, na sua individualidade, na sua diferença, na sua comum dignidade.(...)»
Joana Abreu
16 de Abril de 1999
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