7 de fevereiro de 2010

Ainda o rescaldo

conduz-nos, Deus,

de questão em questão,

de fogo em fogo,

sem satisfações que ao tempo bastem

e a nós assombrem


que passemos da catalogação

do que julgamos conhecer

ao poço dos enigmas infindáveis

onde o rosto é para sempre fundo,

desmentido, diferido


não nos mure a estrutura em espelho

que escamoteia a procura da verdade,

mas que o dom da tua palavra nos visite 

como o canto do galo, 

a lembrar o dia novo,

o perdão e a graça


(José Augusto Mourão, idem)

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