20 de fevereiro de 2010

A nova realidade da família

Muito interessante este artigo sobre a realidade da família em Portugal, segundo as evidências empíricas estudadas pelas ciências sociais.

«Os portugueses casam-se cada vez menos (decréscimo de 23,4 por cento de 2002 a 2008); quando o fazem, a maioria já não escolhe a cerimónia religiosa (apenas 44,7 por cento em 2008), e um grupo crescente de casais já coabitava antes de se casar - eram 18 por cento em 2002, subiram para 35,3 por cento em 2008.

Ao mesmo tempo, os casais deixaram de ver como essencial estarem casados para ter filhos: não eram casados os pais de cerca de um quarto dos bebés que nasceram em 2002; seis anos depois os filhos fora do casamento já chegavam a mais de um terço - "a mudança mais significativa", assinala Sofia Aboim.

Mas "o projecto de ser pai e mãe ainda é muito forte na sociedade portuguesa", nota Ana Nunes de Almeida, socióloga do ICS e uma das autoras do livro Fecundidade e Contracepção. Portugal é, aliás, "o país da Europa em que menos mulheres ficam sem filhos", completa Vanessa Cunha, socióloga e autora da obra O Lugar dos Filhos, sendo residuais os casais sem descendência.

Portugal chegou tarde a fenómenos demográficos que já se sentiam noutros países europeus, mas fê-lo "a uma velocidade vertiginosa", refere Ana Nunes de Almeida. Resultado? Mais do que outros países europeus, "a sociedade portuguesa é híbrida", coexistindo traços de modernidade e pré-modernidade em grande diversidade de formas familiares, diz.

(...) Apontar para o passado para dizer que, nessa altura sim, "a família tradicional" era modelo único também não traduz a realidade, sublinha. "A família tradicional é um modelo ideológico veiculado pelo Estado Novo. Sempre existiram outras formas de organização das famílias. No passado existia tudo o que existe hoje mas mais minoritário", reforça. "Nos anos 50 Portugal era o país da Europa com maior número de nascimentos ilegítimos, como alerta o Anuário Demográfico de 1959 das Nações Unidas", refere Sofia Aboim. »


Aqui, todo o artigo do Público.

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