Tenho reflectido ultimamente sobre alguns mistérios do crescimento. É que eu sempre fui uma pessoa tão optimista, que sempre acolhi com surpresa e indignação os desaires da vida. Até que cheguei a uma fase complicada, que durou alguns anos, em que me senti submersa em frustrações múltiplas, e tive, por uma questão de sobrevivência, de aprender a conviver com elas e a reformular a minha visão do mundo e da vida por forma a incluí-las como parte integrante das coisas. É normal as coisas não correrem como queremos. Aceita-o, e ponto final. Ora, quando finalmente consolidei este grau de "maturidade", eis senão que... me começa a correr tudo bem. Extraordinário!
De facto, ando numa fase tão fantástica, com tantos "nós" finalmente desatados, tantas boas surpresas e tantas metas, tão longamente desejadas e agora surpreendentemente alcançadas.... que me sinto quase como se me tivessem tirado o tapete debaixo dos pés! Que parvoice! Mas realmente, gato escaldado de água fria tem medo. E quando a esmola é muita, o pobre desconfia. Se, por um lado, brinco com a situação e digo que, como estou em maré de sorte, tenho de ir jogar no euromilhões porque vou ganhar de certeza, por outro, guardo umas reservas de foguetes no meu coração para os atirar só quando tiver mesmo mesmo mesmo a certeza de que não estou a sonhar. E continuo a olhar de esguelha por cima do ombro, à cata de algum desaire, à cautela.
Será que é isto ser adulto? Deixar de conseguir aceitar as coisas boas como naturais?
A parte de ficar surpreendido com elas e, por isso mesmo, apreciá-las a dobrar, como algo que não se dá por garantido, é muito bom. Mas a dificuldade em olhar para o futuro (e, pelos visto, também para o presente) com aquela confiança boa e desarmada da juventude, não me parece uma vantagem.
Raios, há ainda imenso a fazer!
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