Tive o privilégio de estar presente hoje no encontro do Papa no CCB, com representantes do mundo da cultura. Foi um momento bonito de diálogo, e devo dizer que estou a gostar da humildade do Papa nesta visita, em que se coloca numa posição de abertura, numa atitude mais acolhedora da diversidade que enriquece o mundo actual e mais capaz de assumir as culpas da Igreja (nomadamente quanto ao escândalo recente da pedofilia), sem cair na armadilha do auto-vitimismo. (aliás, aconselho o recente artigo do António Marujo sobre isto)
"Há toda uma aprendizagem a fazer quanto à forma de a Igreja estar no mundo (...) A convivência da Igreja, na sua adesão firme ao carácter perene da verdade, com o respeito por outras «verdades» ou com a verdade dos outros é uma aprendizagem que a própria Igreja está a fazer. Nesse respeito dialogante, podem abrir-se novas portas para a comunicação da verdade. (...) De facto, o diálogo sem ambiguidades e respeitoso das partes nele envolvidas é hoje uma prioridade no mundo, à qual a Igreja não se subtrai.
(...) A Igreja sente como sua missão prioritária, na cultura actual, manter desperta a busca da verdade e, consequentemente, de Deus; levar as pessoas a olharem para além das coisas penúltimas e porem-se à procura das últimas. Convido-vos a aprofundar o conhecimento de Deus tal como Ele Se revelou em Jesus Cristo para a nossa total realização. Fazei coisas belas, mas sobretudo tornai as vossas vidas lugares de beleza."
Aqui estão comentários de alguns dos presentes.
No fundo são meras palavras de um velhote poderoso, mas a realidade para além das palavras está aí. IRS up, IVA up, fff. Os Estados estão em falência: xeque ao Rei - para quando a estocada final?
ResponderEliminarAh. E o Papa não é poderoso ao ponto de me obrigar a não trabalhar hoje. Ou... alguém tem de assegurar a realidade enquanto outros fingem que esta não existe?
ResponderEliminarConfesso que não tinha grandes expectativas para a visita do Papa: no cenário em que nos visitou, estava à espera que não fosse muito mais que uma tentativa de lhe dar um "banho de multidão" para provar que somos muitos e que conseguimos muito bem fazer ouvidos de mercador às coisas gravíssimas que estavam a vir a lume.
ResponderEliminarFiquei francamente espantada e feliz quase de uma maneira pateta à medida que se foram acumulando os seus discursos, a clareza, humildade e abertura que transmitiam.
Agora é como dizia o António Marujo, "o que fica da viagem está [mesmo!] nas mãos dos crentes": foram palavras para apaziguar a opinião pública e mostrar que afinal conseguimos ser "fixes", ou as palavras do Papa vão mesmo ter eco nos crentes, vão ser discutidas nos grupos de jovens, vão ser feitas paradigma, e não vão ser ignoradas pelos grupos conservadores que arrasam qualquer discurso acerca da tolerância e do diálogo com o mundo secular como meros bitaites de católicos frouxos a tentar ser politicamente correctos?