30 de setembro de 2009

Ucrânia

Estou boaquiaberta com este video de uma mulher que desenha a história colectiva de um país em 8 minutos de areia.

Até eu, que não percebo nada da Ucrânia, me comovi. Aconselho MESMO, e agradeço a fonte, que foi o elogio da derrota.

29 de setembro de 2009

Nunca a alheia vontade, inda que grata,

cumpras por própria. Manda no que fazes,


nem de ti mesmo servo.


Ninguém te dá quem és. Nada te mude.

Teu íntimo destino involuntário

cumpre alto. Sê teu filho.


(F. Pessoa)

28 de setembro de 2009

Nada para Portugal

Ontem foi mais ou menos assim.

27 de setembro de 2009

Politicamente incorrecto (num dia inevitavelmente político)

Este gajo é profundamente polémico e genial.

Mas eu fui votar na mesma.

24 de setembro de 2009

Sim, porque eu já estou quase a votar CDS.

23 de setembro de 2009

22 de setembro de 2009

Os "stupid" em Portugal

Espero que ninguém tenha seguido o meu conselho de ir à estreia mundial do filme "The age of stupid" nas Amoreiras às 18h. Pois. É que, à portuguesa, a informação relativa à estreia em Portugal estava inteiramente errada no site de "The age of Stupid".
1º) a estreia hoje é na verdade uma ante-estreia e, como tal, é só para quem tem convite e não para o público em geral
2º) não é às 18h mas sim às 21h30
3º) a verdadeira estreia para o público é na próxima quinta, ficando o filme em exibição durante uma semana (ao contrário do que dava a entender o site).
Conclusão, dei um passeiozinho a pé do Campo Santana às Amoreiras e voltei. Ginásios para quê.
Chego a casa e ligo para refilar (depois de ter refilado, juntamente com outras pessoas que estavam lá por engano, como eu, com a senhora da bilheteira da Lusomundo (que é parceira na Quercus na organização do evento)), e pedem-me para indicar a página web onde estavam as informações a corrigir.
Abro a dita, e nada, já não estava lá nada, as indicações das várias salas de estreia simultaneamente em Portugal, a indicação errada dos horários, nada. Parecia que eu tinha delirado.
Oh well, melhor assim. Agora a informação correcta podemos encontrá-la no próprio site da Quercus:
"A grande estreia em Portugal terá lugar nos cinemas ZON Lusomundo Amoreiras, às 21.30 horas, em Lisboa e contará com a presença de várias personalidades da área do ambiente. Esta premiere decorrerá em simultâneo com as restantes estreias mundiais, estabelecendo um novo Recorde Mundial do Guinness como a maior exibição em simultâneo de sempre. O documentário estará em exibição durante uma semana em mais 700 salas distribuídas por mais de 50 países e em exclusivo nos cinemas da ZON Lusomundo."
No fundo, Portugal nunca nos desilude. Está sempre no seu melhor.

21 de setembro de 2009

AMANHÃ ÀS 18H NAS AMOREIRAS!!!!

The Age of Stupid Global Trailer w/Brazilian Portuguese subtitles.

The Age Of Stupid’ is the new cinema documentary from the Director of ‘McLibel’ and the Producer of the Oscar-winning ‘One Day In September’. This enormously ambitious drama-documentary-animation hybrid stars Oscar-nominated Pete Postlethwaite as an old man living in the devastated world of 2055, watching "archive" footage from 2008 and asking: why didn't we stop climate change while we had the chance?

As nossas férias foram parar à net

Olha nós aqui!

A maior lixeira do mundo

e a incontornável responsabilidade de cada um.

19 de setembro de 2009

17 de setembro de 2009

Eu visto mesmo esta camisola.

Espreitem este site.

E vejam esta reportagem!

A Igreja não precisa de ser antiquada, os jovens cristãos não precisam de ser nerds, a imagem com que comunicamos com o mundo não precisa de ser pirosa, as nossas reacções à modernidade não precisam de ser defensivas.
No Congresso da Nova Evangelização que houve em Lisboa há uns anos, fiquei cheia de vergonha daquela minha Igreja que pespegou uma tela gigante de Nossa Senhora de Fátima na fachada de um prédio na rotunda do Marquês. Dessa Igreja eu não visto a camisola. Definitivamente. Nem visto a camisola da homilia de Domingo passado, que me dizia que o caminho da santidade passa por ir à missa todos os dias, rezar o terço e lutar pela castidade como uma das grandes batalhas de um cristão (não recuso a castidade, só a sua prioridade).

Mas da pastoral juvenil (e não só) dos jesuitas, eu visto.
E ainda bem que há pluralismo.

16 de setembro de 2009

Metáforas fáceis para perceber coisas difíceis

Crescer é uma coisa fantástica, quando corre bem, quando ganhamos mais do que perdemos.
É como estar mais acima na subida de um monte, espreitamos para baixo e sentimos o novo alcance do olhar, o automatismo nas pernas que provém da experiência, as recordações que são fruto das vivências. Mesmo cansado, ninguém preferiria não ter subido, ter mais fôlego mas menos visão. Ser um daqueles que ainda não fez todo aquele caminho.

Às vezes, isto dá-nos até um certo orgulho, do género: iiiii, ainda vais aí?.... Que menino!.....

Claro que esta fase de pica, que nos ataca nos anos áureos da adolescência e juventude, em que queremos subir a correr todas as etapas, em que adoramos crescer, é rapidamente substituída (algures entre os 20 e tal e os 30) por uns anos de medo de envelhecer (repare-se na gigantesca diferença entre a conotação de crescer e envelhecer) e nostalgia.
No entanto, percebi agora, nada mudou no essencial das coisas. Subir o monte vale sempre a pena, são só fases mais ou menos agradáveis da paisagem ou do relevo, que nos fazem mudar de perspectiva.

Demorei imenso tempo para assimilar isto, mas de repente realizei que estou muito melhor agora, gosto mais de mim, sou muito mais "interessante", tenho imensos bons conselhos que poderia dar à pessoa que eu era há dez anos atrás. E isso é mesmo fixe.


(é só pena não se poder ter fôlego e visão ao mesmo tempo. Normalmente, ganha-se sabedoria à medida que se perde energia. Mas é das tais tensões dialécticas da vida. E ela é lixada nestas coisas, nunca dá tudo de uma vez. Nunca mesmo)

15 de setembro de 2009

Cito o Mário Matos, amigo com quem nos cruzámos no Brasil, e esteve numa favela a trabalhar com um certo padre Vilson, extraordinário homem de Deus e dos mais pobres.

Conta-nos o Mário uma das suas primeiras experiências lá no morro:

Fez-me sinal com o dedo, aproximei-me e então contou-me: "Oh amigo! Com a chuva minha casa inundou ali no morro. Está tudo alagado, as roupa, os sapato, e eu também. Precisava de umas calça, uns sapato e um cobertor para essa noite. Então me disseram para vir falar com o Pade Vilso que ele me ajudava. Vocês não tem?" Tive de dar um sorriso para receber esta imagem que me chegava. Disse para entrar e esperar que a missa terminasse, no final o Pe Vilson falaria com ele de certeza, e o problema dele ficaria resolvido. Sentiu-se tocado e fez-me um sorriso emocionado, quase como se fosse chorar, pegou nos meus ombros e virou-me para a igreja. Perguntei se precisava de mais alguma coisa agora, disse que não. Voltei-me para a celebração.
Sentia um ardor no meu coração, apetecia-me sair dali naquele momento, ir buscar os ténis que tinha trazido a mais e calçá-lo. Apetecia-me ir buscar um cobertor e uma toalha, pegar nele e deixá-lo tomar banho ali em casa e depois ir ver a casa dele para perceber como ia passar aquela noite. Havia um calor dentro de mim, uma vontade, uma força. Fechei os olhos e pensei. "De facto isso não resolveria nada, iria dar hoje o banho, dar hoje as sapatilhas, dar hoje o cobertor, resolver hoje o problema da casa e amanhã estaria tudo na mesma. De facto, eu ficaria muito bem comigo se o fosse fazer. Mas não seria isso um acto de egoísmo? (...)"
Vem o abraço da paz, aquele do Pe Vilson que é tão simbólico e tão expressivo que abrange todos, todos, todos... Viro-me para trás e vejo dois olhos luminosos com um sorriso enorme a ver o que eu fazia. Abri os braços e dei a paz de Cristo, ele deu-me de volta e abraçou-me. Desapareceu o cheiro, desapareceu a diferença, éramos um naquele segundo onde nada estava, onde havia apenas amor. Sorri. O gesto continuou com os outros à nossa volta, mais 5 minutos de abraços, mais paz, mais amor. De vez em quando virava-me para trás para ver onde estava, por vezes não o via, mas percebi que se escondia atrás da parede, um pouco mais à frente. Respeitei o seu espaço.

14 de setembro de 2009

Ando a ter imensa dificuldade em voltar a escrever no blog. Depois do silêncio de um mês e da comodidade das fotos como palavras, sinto que não tenho nada que mereça ser dito publicamente.
Suponho que todos os não-bloggers têm este complexo, não percebem a dinâmica da blogosfera, que parvoice é esta de mandar bitaites online, como se interessasse a alguém o que pensamos do mundo. Sensível a esse argumento, sempre segui uma linha editorial n'oquesubjaz que privilegia as palavras dos outros, citações, imagens e vídeos que dizem por mim o que eu gostaria de dizer. Que comunicam aquilo de que sinto falta, mas com o crédito alheio.
Assim, os posts não têm que ter nexo, podem saltar passagens, deixar buracos em branco, não ser compreensíveis, soar a private joke. Senão seria um peso escrever, seria demasiado trabalhoso, como quem edita um jornal.
Mas agora, nesta fase de recomeço, custa-me esta atitude de indiferença perante o leitor, não consigo simplesmente publicar uma piada parva ou um poema de que gosto, que sirvam para activar o blog sem no fundo dizer nada de especialmente relevante para o dia de hoje. Custa-me ter publicamente o descuido privado de um moleskine.

Pronto, está explicado o retomar lento que têm podido testemunhar.
Agora que expus a minha falta de leveza, vou tentar retomar a descontração e até já.