Crescer é uma coisa fantástica, quando corre bem, quando ganhamos mais do que perdemos.
É como estar mais acima na subida de um monte, espreitamos para baixo e sentimos o novo alcance do olhar, o automatismo nas pernas que provém da experiência, as recordações que são fruto das vivências. Mesmo cansado, ninguém preferiria não ter subido, ter mais fôlego mas menos visão. Ser um daqueles que ainda não fez todo aquele caminho.
Às vezes, isto dá-nos até um certo orgulho, do género: iiiii, ainda vais aí?.... Que menino!.....
Claro que esta fase de pica, que nos ataca nos anos áureos da adolescência e juventude, em que queremos subir a correr todas as etapas, em que adoramos crescer, é rapidamente substituída (algures entre os 20 e tal e os 30) por uns anos de medo de envelhecer (repare-se na gigantesca diferença entre a conotação de crescer e envelhecer) e nostalgia.
No entanto, percebi agora, nada mudou no essencial das coisas. Subir o monte vale sempre a pena, são só fases mais ou menos agradáveis da paisagem ou do relevo, que nos fazem mudar de perspectiva.
Demorei imenso tempo para assimilar isto, mas de repente realizei que estou muito melhor agora, gosto mais de mim, sou muito mais "interessante", tenho imensos bons conselhos que poderia dar à pessoa que eu era há dez anos atrás. E isso é mesmo fixe.
(é só pena não se poder ter fôlego e visão ao mesmo tempo. Normalmente, ganha-se sabedoria à medida que se perde energia. Mas é das tais tensões dialécticas da vida. E ela é lixada nestas coisas, nunca dá tudo de uma vez. Nunca mesmo)
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