7 de março de 2010

Lavagens cerebrais

J.L. Pio Abreu no "Destak" de ontem:

As lavagens cerebrais foram estudadas pela CIA durante duas ou três décadas a partir dos anos 50. O nome do projecto era MK ULTRA. Os documentos que se conseguiram resgatar mostram que se tratava de experiências infantis baseadas na administração de drogas que produziram mais acidentes problemáticos do que conhecimento sobre o assunto.

Nos anos 60, Frantz Fanon, no seu livro Os Condenados da Terra, explicava como se lavavam as mentes dos anticolonialistas presos na Argélia. Pura e simplesmente, eles eram convidados a escrever ensaios sobre as vantagens do colonialismo francês. Estes ensaios eram classificados e, ao atingir uma certa pontuação, os presos eram libertos. Na verdade, os prisioneiros já eram inofensivos, pois as convicções antigas tinham-se evaporado enquanto escreviam as teses contrárias.

Na lavagem cerebral, as palavras são mais importantes do que qualquer droga, com a vantagem de se poderem administrar massiva e inadvertidamente. Entram-nos pela casa dentro, na hora do descanso, pela voz dos jornalistas e comentadores televisivos. Os sinais da lavagem consistem em usar, nas conversas e fóruns, as frases feitas por eles.

Resta saber se os jornalistas e comentadores também sofrem lavagens cerebrais, já que eles se repetem uns aos outros com frequência. Podem-se invocar várias razões para este fenómeno, entre as quais a de serem mal pagos, não terem tempo para se informar com autonomia e terem de pôr os olhos na concorrência. Mas é de ter em conta a possibilidade de eles se lavarem uns aos outros.

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