Hoje vigiei a prova de aferição de matemática do 9º ano. Em vinte alunos, só um se queixou de que lhe correu mal.
Como diz a Sociedade Portuguesa de Matemática no parecer que emitiu hoje:
«Logo na pergunta 1, pede-se a média aritmética de três números: 382, 523 e 508. A facilitar ainda os cálculos, que são triviais na posse da calculadora permitida nesta prova, fornece-se a soma (1413) — é uma questão do 6.º ano de escolaridade. (...) A pergunta 6 está ao nível do 3.º ano de escolaridade. (...) Em quase todas as perguntas, os conceitos são testados com exemplos demasiado elementares. Os cálculos são todos muito simples, a equação do segundo grau é trivial, para mais sendo fornecida a fórmula resolvente, e os exemplos de geometria são demasiado directos.
(...) Não há problema algum em introduzir num exame perguntas de anos anteriores ou de grau de dificuldade baixo. O que é prejudicial é que um número exagerado de perguntas corresponda a tópicos que deveriam estar sabidos anos antes e que todas ou quase todas as perguntas tenham um grau de dificuldade muito baixo.
(...) Grande parte da matéria essencial do 9.º ano de escolaridade não foi coberta por esta prova.
(...) Grande parte da matéria essencial do 9.º ano de escolaridade não foi coberta por esta prova.
(...) Tanto professores como alunos que se empenharam durante estes anos lectivos sentem-se desacompanhados e desapoiados com esta prova. O que exames deste tipo transmitem é a ideia de que não vale a pena estudar mais do que as partes triviais das matérias.
(...) Pode pensar-se que provas elementares têm a vantagem de ajudar a perceber que as questões matemáticas não são intransponíveis. Mas estabelecer patamares demasiado baixos, em vez de incentivar a mais estudo e mais conhecimento, acaba por prejudicar todos — tanto os melhores, que se sentem desincentivados, como os menos treinados, que sentem menos necessidade de trabalhar para aumentar o seu domínio das matérias. Em suma, uma prova demasiado elementar como esta não serve o progresso do ensino. Pelo contrário, cria precedentes difíceis de contrariar.
Ah isso agora é assim? Boa... Acho que até a minha falecida gata saberia responder a essa pergunta da média!
ResponderEliminarDependendo da sociedade que queiramos ter, consigo aceitar que seja discutível se precisamos de educação ou não. O mais chocante é sentir que estamos a optar por um tipo de sociedade pensando, loucos inconscientes, que não estamos a fazer opção nenhuma. Daqui a uma geração ou duas vamos ver consequências, quando deixarmos de ter quem entenda alguma coisa de como a tecnologia funciona, deixarmos de ter quem saiba como gerir os recursos do mundo, materiais, naturais, humanos, etc., deixarmos de ter quem saiba construir bens aos quais nos habituámos, etc., etc., etc... deixarmos de ter quem pense? Homo estupidus estupidus?
É mesmo assustador....
ResponderEliminarA exigência está sempre a decair...