62 repetições de abortos, numa só unidade de saúde (244 à escala nacional), num intervalo de 11 meses, é considerado uma taxa de repetição "baixíssima" e comenta-se que "os números são encorajadores".
Acho uma loucura que consideremos encorajadora uma taxa de repetição, por mais pequena que seja.
Fui pesquisar, e vi que já a 30 Abril de 2008, no "Portugal Pro Vida" (blog que não aprecio, seja claro) se publicava que a Interrupção Voluntária da Gravidez estava ser usada como método contraceptivo por algumas mulheres que recorriam à unidade de Guimarães do Centro Hospital do Alto Ave.
A revelação foi feita pelo Director do Serviço de Obstetrícia do Hospital Senhora da Oliveira. "Desde Julho que a Interrupção Voluntária da Gravidez, por opção da mulher, está legalizada e já temos um caso de uma senhora que vai interromper a gravidez pela terceira vez", afirmou.
"Uma senhora que engravidou, porque não fazia o método contraceptivo, continua a ter o mesmo tipo de comportamento. E portanto vai, com certeza, acontecer segunda e terceira vez, se nada se modificar".
José Manuel Furtado recordava, nomeadamente, um caso de "uma senhora que veio a primeira vez, acompanhada do marido. A segunda vez já não trouxe o marido porque ele nem sequer teve conhecimento da situação".
Agora, depois de um ano e meio, a situação mantém-se. No artigo do Público que citei ao princípio, lemos que em Portimão, o obstetra Fernando Guerreiro considerou preocupante o número de mulheres que faz IVG e sai da consulta "não aceitando qualquer contraceptivo, dizendo que ainda vão pensar": estão nesta situação 52,4 por cento das mulheres, tendo ali sido realizados 1098 abortos desde que a lei entrou em vigor.
É interessante, a este respeito, a proposta (tida em consideração por alguém?...) do director do serviço de ginecologia de Santa Maria de que o segundo aborto da mulher fosse a pagamento. (Público de 15.07.2009).
Segundo o Relatório sobre o grau de cumprimento da Lei da Interrupção Voluntária da Gravidez de 2008 (elaborado pelo Min. da Saúde em resposta a um requerimento das deputadas Mª Rosário Carneiro e Teresa Venda), no total do país, em 2008, foram realizados perto de 20.000 abortos legais.
E os dados sobre as mulheres que abortaram são, no mínimo, interessantes:
- apenas em 15,84% dos casos a mãe se encontra na situação de desempregada (podendo estar empregado o pai) e não mais de 15,48% das mães são estudantes;
- 77% das mães têm mais de 20 anos, e apenas 0,54% são menores de 15 anos (lá se vai o "mito" de que o aborto vinha "eliminar" a gravidez na adolescência)
- 49,5% das mães que pedem para abortar concluíram cursos do ensino superior ou secundário
E isto é o progresso, e isto é a democracia e a liberdade. E supostamente é assim que se educa o povo a cuidar de si.
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