21 de novembro de 2009

Adoro textos polémicos (quando não são do Vasco Pulido Valente)

«Em nossos dias, os sindicatos de professores fazem finca-pé na questão da avaliação docente sem tomarem em linha de conta a aberração de um mesmo paradigma no que se refere à educação infantil e ao ensino secundário, como se a exigência, sob o ponto de vista científico, de ambos devesse assumir a forma de um prêt-à-porter. (...)

Em nome do mérito, entendo que o processo avaliativo da passagem do 7.º escalão aos escalões imediatamente superiores deve ser feita por provas públicas e não cozinhado, apenas, entre as quatro paredes da escola ‘inter pares’ permeáveis a simpatias pessoais, a identificações política ou de natureza clubística ou a meras manifestações de curvatura da cerviz. (...)

"Se olharmos para as estatísticas, verificaremos que a esmagadora maioria dos juízes é óptima. Para ser mais precisa, nas classificações, os resultados costumam ser assim. 96% obtêm ‘Bom’, ‘Bom com Distinção’ ou ‘Muito Bom’. Sobram 4% de ‘Suficientes’ e um mísero 0,1% (ou seja, apenas um juiz) com ‘Medíocre’. Estas estatísticas dão que pensar. (…) A partir do momento em que ascendem ao Tribunal da Relação, e depois ao Supremo Tribunal de Justiça, os juízes nunca mais são sujeitos a qualquer tipo de escrutínio por mais que se verifiquem sinais de demência, alcoolismo ou psicopatias. Por outro lado, os critérios de progressão na carreira também são peculiares. É possível subir-se por mera antiguidade, mesmo estando arredado dos tribunais”.

(“As extraordinárias Aventuras da Justiça Portuguesa”, A Esfera dos Livros, 2009, p. 18).

(...) A coincidência entre a avaliação dos juízes e a avaliação dos professores é uma realidade nua, crua e triste.»


Vejam aqui o texto todo.

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