23 de dezembro de 2009

A Criança Nova que habita onde vivo

Dá-me uma mão a mim

E a outra a tudo que existe

E assim vamos os três pelo caminho que houver,

Saltando e cantando e rindo

E gozando o nosso segredo comum

Que é o de saber por toda a parte

Que não há mistério no mundo

E que tudo vale a pena.

A Criança Eterna acompanha-me sempre.

A direcção do meu olhar é o seu dedo apontando.

O meu ouvido atento alegremente a todos os sons

São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.

Damo-nos tão bem um com o outro

Na companhia de tudo

Que nunca pensamos um no outro,

Mas vivemos juntos e dois

Com um acordo íntimo

Como a mão direita e a esquerda.

22 de dezembro de 2009

Isto é naïve, sim, mas... é verdade.

E hoje entrei de férias, e é quase Natal, e embora haja pessoas de quem não gosto e que me dão a volta ao miolo, e com quem preferia não ter de lidar, e quase quase que as odeio, tal o desprezo,

depois arrependo-me e passa a fazer sentido tender para a Unidade.

21 de dezembro de 2009

Isto comove-me. Também eu tive esta sorte.


«Da minha mãe veio-me um estímulo muito grande para uma actividade intelectual feita de persistência. Estou a lembrar-me, por exemplo, que no liceu Filipa as melhores alunas costumavam receber um livo como prémio na disciplina em que tinham tido a melhor nota do seu ano. No primeiro ano, pela disciplina de Francês, recebi um livro da Condessa de Ségur no original. Ora eu não sabia francês que chegasse para ler um livro! A minha mãe limitou-se a lembrar-me que os dicionários existiam para essas situações... A partir daí, não me lembro de ter lido na tradução portuguesa um único livro de autor francês.»


Maria de Lourdes Pintasilgo em Mulheres Políticas (cit. in Maria de Lourdes Pintasilgo. Uma História para o Futuro, Luísa Beltrão e Barry Hatton)

20 de dezembro de 2009

Reacendeu-se o debate

Depois de um mês, foi dada nova vida à discussão entre mim e um leitor deste blog, quanto ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. Provavelmente já estão todos fartos deste assunto, mas se quiserem espreitar o debate, ele está nos comentários a este post, alguns dos quais se referem também a este outro.

19 de dezembro de 2009

L'uomo della zappa




Têm sido uns concertos fantástios, mas só para quem tem andado por Pádua neste dias.

E já está cá fora o novo cd, 13 músicas que fazem jus a 5 músicos que têm acompanhado o meu orgulho. O meu orgulho que, como terão percebido, é a alma de tudo; que é, a pleno título, o homem da enxada: http://www.myspace.com/luomodellazappa.



No myspace ainda não estão as músicas do novo cd (ou estão, mas com gravações mais antigas), embora já dê para perceber o teor dos três projectos que lhe dão origem, e que formam três espectáculos diferentes:

  • "(C'era una volta) un Hobo in America" (sobre a figura dos hobos, os primordiais cantores de protesta que vagabundeavam pela velha América da depressão dos anos trinta, em busca de trabalho e espalhando, pelo caminho, notícias e sementes de revolta);

  • "Brasil, 1000 brasili" (sobre a tão extraordinária quão desconhecida variedade da música brasileira, bem para lá dos mais internacionais samba e bossa nova);
  • "Amori d'Oltre Cuore" (sobre o amor, nas suas diferentes manifestações, sobretudo as que escapam às convenções e aos cliché da música ligeira e de um romantismo mais comercial).

17 de dezembro de 2009

Ou isto

“Aproxima-te um pouco de nós, e vê. O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada, os carácteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Ninguém crê na honestidade dos homens públicos. Alguns agiotas felizes exploram. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências. Diz-se por toda a parte: o país está perdido!”

Inicia assim Eça de Queirós, em Junho de 1871, a primeira crónica de “As Farpas” que, em parceria com Ramalho Ortigão, começou então a publicar em fascículos mensais.

Digam lá se não é o mesmo do que isto

MANIFESTO ANTI-DANTAS E POR EXTENSO
por José de Almada-Negreiros
POETA D'ORPHEU FUTURISTA e TUDO

Basta pum basta!!!
Uma geração que consente deixar-se representar por um Dantas é uma geração que nunca o foi. É um coio d'indigentes, d'indignos e de cegos! É uma resma de charlatães e de vendidos, e só pode parir abaixo de zero!
Abaixo a geração!
Morra o Dantas, morra! Pim!
Uma geração com um Dantas a cavalo é um burro impotente!
Uma geração com um Dantas ao leme é uma canoa em seco!
O Dantas é um cigano!
O Dantas é meio cigano!
O Dantas saberá gramática, saberá sintaxe, saberá medicina, saberá fazer ceias pra cardeais, saberá tudo menos escrever que é a única coisa que ele faz!
O Dantas pesca tanto de poesia que até faz sonetos com ligas de duquesas!
(…) O Dantas veste-se mal!
O Dantas usa ceroulas de malha!
(…) O Dantas é Dantas!
O Dantas é Júlio!
Morra o Dantas, morra! Pim!
O Dantas nasceu para provar que nem todos os que escrevem sabem escrever!
O Dantas é um autómato que deita pra fora o que a gente já sabe o que vai sair... Mas é preciso deitar dinheiro!
O Dantas é um soneto dele-próprio!
O Dantas em génio nem chega a pólvora seca e em talento é pim-pam-pum.
O Dantas nu é horroroso!
O Dantas cheira mal da boca!
Morra o Dantas, morra! Pim!
O Dantas é o escárnio da consciência!
Se o Dantas é português eu quero ser espanhol!
O Dantas é a vergonha da intelectualidade portuguesa!
O Dantas é a meta da decadência mental!
E ainda há quem não core quando diz admirar o Dantas!
E ainda há quem lhe estenda a mão!
E quem lhe lave a roupa!
E quem tenha dó do Dantas!
E ainda há quem duvide que o Dantas não vale nada, e que não sabe nada, e que nem é inteligente, nem decente, nem zero!
(…) Portugal que com todos estes senhores conseguiu a classificação do país mas atrasado da Europa e de todo o Mundo! O país mais selvagem de todas as Áfricas! O exílio dos degredados e dos indiferentes! A África reclusa dos europeus! O entulho das desvantagens e dos sobejos! Portugal inteiro há-de abrir os olhos um dia - se é que a sua cegueira não é incurável e então gritará comigo, a meu lado, a necessidade que Portugal tem de ser qualquer coisa de asseado!
Morra o Dantas, morra! Pim!

Este homem é genial

O palhaço, de Mário Crespo

O palhaço escuta as conversas dos outros e diz que está a ser escutado. O palhaço é um mentiroso. O palhaço quer sempre maiorias. Absolutas. O palhaço é absoluto.
(...) Um palhaço é igual a outro palhaço. E a outro. E são iguais entre si. O palhaço mete medo. Porque está em todo o lado. E ataca sempre que pode. E ataca sempre que o mandam. Sempre às escondidas. Seja a dar pontapés nas costas de agricultores de milho transgénico seja a desviar as atenções para os ruídos de fundo. Seja a instaurar processos. Seja a arquivar processos. Porque o palhaço é só ruído de fundo. Pagam-lhe para ser isso com fundos públicos. E ele vende-se por isso. Por qualquer preço.

(...) O palhaço não tem vergonha. O palhaço está em comissões que tiram conclusões. Depois diz que não concluiu. E esconde-se atrás dos outros vociferando insultos. O palhaço porta-se como um labrego no Parlamento, como um boçal nos conselhos de administração e é grosseiro nas entrevistas. O palhaço está nas escolas a ensinar palhaçadas. E nos tribunais. Também.

(...) O palhaço não tem género. Por isso, para ele, o género não conta. Tem o género que o mandam ter. Ou que lhe convém.

(...) E diz que não dá dinheiro para desvarios. E depois dá. Porque o mandaram dar. E o palhaço cumpre. E o palhaço nacionaliza bancos e fica com o dinheiro dos depositantes. Mas deixa depositantes na rua. Sem dinheiro. A fazerem figura de palhaços pobres. O palhaço rouba. Dinheiro público. E quando se vê que roubou, quer que se diga que não roubou. Quer que se finja que não se viu nada.
Depois diz que quem viu o insulta. Porque viu o que não devia ver.

O palhaço é ruído de fundo que há-de acabar como todo o mal. Mas antes ainda vai viabilizar orçamentos e centros comerciais em cima de reservas da natureza, ocupar bancos e construir comboios que ninguém quer. Vai destruir estádios que construiu e que afinal ninguém queria. E vai fazer muito barulho com as suas pandeiretas digitais saracoteando-se em palhaçadas por comissões parlamentares, comarcas, ordens, jornais, gabinetes e presidências, conselhos e igrejas, escolas e asilos, roubando e violando porque acha que o pode fazer. Porque acha que é regimental e normal agredir violar e roubar.
E com isto o palhaço tem vindo a crescer e a ocupar espaço e a perder cada vez mais vergonha. O palhaço é inimputável. Porque não lhe tem acontecido nada desde que conseguiu uma passagem administrativa ou aprendeu o inglês dos técnicos e se tornou político. Este é o país do palhaço. Nós é que estamos a mais. E continuaremos a mais enquanto o deixarmos cá estar. A escolha é simples.
Ou nós, ou o palhaço.

15 de dezembro de 2009

E prontos. Agora o gajo é um coitadinho.



"Um profundo obrigado a todos os que me enviaram mensagens de proximidade e de afecto. Repito o pedido para que estejam todos serenos e seguros. O amor vence sempre, sobre a inveja e o ódio."


Ma va fanculo!
Ando há semanas com uma lista enorme de filmes para ir ver ao cinema, e é final de período. Para um professor, isto diz tudo.
E agora a gripe.

14 de dezembro de 2009

Cartas ao Pai-natal podem ser ‘apadrinhadas’ nas Estações de Correios

As instituições aderentes a esta iniciativa dos CTT são : Refúgio Aboim Ascensão (Faro), Casa do Gaiato de Lisboa, Comunidade Vida e Paz, SOL- Associação de Apoio às Crianças VIH/SIDA, Ajuda de Mãe, Associação Ajuda de Berço, Acreditar (Lisboa), NÓS (Barreiro), Casa Dr. Alves (Ourém), Fundação Bonfim (Braga), ADAV (Coimbra), Fundação Obra do Ardina, Centro Hellen Keller, Aldeias SOS, Obra do Padre Américo (Açores) e Associação de Nossa Senhora das Candeias (Peso da Régua) e Acreditar (Funchal).

13 de dezembro de 2009

12 de dezembro de 2009

Eu menti aos meus eleitores, mas foi por uma boa razão, para os convencer da verdade, por isso voltaria a fazê-lo e vocês deviam é agradecer.


Se não fossem as pretensas armas de destruição em massa, teria sido necessário "recorrer a outros argumentos", disse candidamente o ex-primeiro-ministro, que no início de 2010 terá de responder num inquérito sobre os motivos que levaram a Grã-Bretanha a alinhar com os Estados Unidos na invasão do Iraque.



(no Público de hoje)

10 de dezembro de 2009

Unidos no Amor Contra a Indiferença

Daqui a dois dias vou estar a apresentar um livro muito especial, de Isabel Barata e Manuel Matos.


Uma história de amor:

Isabel Barata, 42 anos, economista, reformada por invalidez devido ao agravamento de uma osteogénese imperfeita, empenhada e activa, desde 1992, na área do voluntariado e do desenvolvimento pessoal.

Manuel Matos, 54 anos, licenciado em Germânicas, professor do ensino secundário durante 28 anos, reformado devido ao agravamento de uma doença neuromuscular severa e congénita, escritor, tradutor, co-fundador da Associação Portuguesa de doentes Neuromusculares.
Conheceram-se à distância, através de palavras, de poemas, de livros. Encontraram-se e apaixonaram-se, como milhares de pessoas, todos os dias, em todo o mundo, aspiraram a viver juntos – eis uma história simples.

Uma história de acção:

Manuel Matos nunca chegou a andar. Desde criança se habituou a ouvir dizer que “não podia querer a Lua”, mas nunca aceitou que ela estivesse fora do seu alcance. Fez coisas, lutou por coisas, conseguiu coisas, teve uma vida profissional activa e de sucesso, viajou, teve uma juventude, teve amigos, teve discípulos. Recusou-se a aceitar que não tinha direito a uma vida afectiva, a uma vida amorosa, a viver a sua sexualidade como qualquer ser humano. Apaixonou-se, encontrou finalmente a sua “alma gémea”, lutou por esse encontro, por essa vida, por esse amor.

Isabel Barata teve uma infância e uma juventude activa e normal, à excepção das cirurgias correctivas a que teve de se submeter desde criança. Após uma queda acidental viu a sua condição física agravar-se até ao ponto de ir perdendo a sua preciosa autonomia. Impedida de ter um emprego normal, vira-se para o voluntariado em IPSS e para a área do desenvolvimento pessoal. O caminho faz-se caminhando e por várias maneiras, e Isabel não pára nem se entrega. Apaixonou-se, encontrou finalmente a sua “alma gémea”, lutou por esse encontro, por essa vida, por esse amor – em seu nome reivindicou uma parte da autonomia perdida e viajou sozinha, todos os meses, de Lisboa ao Porto e volta, para estar com o Manuel.

Um grito de dignidade:

Unidos no Amor Contra a Indiferença é um grito de dignidade: uma obra subversiva na nossa sociedade acomodada e formatada, onde a diferença é tolerada desde que se comporte dentro de certos padrões e não pretenda, com é apontado constantemente a um dos autores do livro “agarrar a Lua”.
É uma história de dois concidadãos nossos – um professor e uma economista — que se recusaram a ser emocionalmente “deficientes” e a aceitar a recusa que lhes foi imposta de construírem um futuro a dois.
O futuro comum já não existe – uma vez que o Manuel Matos faleceu durante o processo de produção do livro – mas o seu último projecto em conjunto, aquele em que trabalharam e que acarinharam como veículo para fazer chegar ao mundo a mensagem da sua luta por direitos fundamentais e da sua luta pela visibilidade enquanto elementos válidos, produtivos e necessários à saúde e ao funcionamento da sociedade como um todo aqui está, tornado realidade com os lançamentos do livro no Porto e em Lisboa e com a saída para as livrarias.

Sábado dia 12 de Dezembro, Museu da Electricidade, 14h30

(recensão do livro tirada daqui)

9 de dezembro de 2009

The perfect girl

Eheheheh...

8 de dezembro de 2009

7 de dezembro de 2009

Abominações da sociedade da abundância

O resultado do tratamento da miúda foi a perda de 150 kg

(entre os 7 e os 10 anos de idade).

Eis aqui o resultado

5 de dezembro de 2009

http://vendoaminhamae.blogs.sapo.pt/









Certamente não acreditam, mas estes anúncios são todos reais.
Portugal é um saco sem fundo, carregadinho de inteligência.

(Obrigada ao Elogio que me fez conhecer esta pérola)

4 de dezembro de 2009

Recordes do LHC


Eu queria tanto conseguir perceber o que é isto implica!!!


A day at the office

3 de dezembro de 2009

Investir em projectos sociais, como quem investe numa empresa


ATENÇÃO, ATENÇÃO!


A BOLSA DE VALORES SOCIAIS JÁ CHEGOU A PORTUGAL!


Veja do que se trata aqui.

2 de dezembro de 2009

A relatividade do ponto azul clarinho

Lamento, mas estão mesmo a NÃO QUERER aceitar os factos

Em tempos em que a teoria da conspiração relativamente ao aquecimento global tem vindo a tomar proporções incríveis, ao ponto de se falar num "Climategate" e parecer que o mundo tem andado a ser enganado por uns fanáticos verdes que nos querem levar a todos para a idade da pedra, este argumentário sobre a seriedade das evidências científicas a favor da tese da influência humana sobre o aquecimento global é extramemente esclarecerdor:

1. Existe consenso na comunidade científica sobre esta questão. Segundo um estudo publicado pela historiadora de ciência Naomi Oreskes na Science em 2004, dos mais de 900 artigos publicados entre 1993 e 2003 sobre alterações climáticas nenhum refutava a ideia de que a Terra está a aquecer por causa da actividade humana. Não conheço nenhuma contestação com a mesma validade (publicada numa revista científica com arbitragem pelos pares) a este estudo e este consenso foi revalidado no relatório do IPCC de 2007. A haver contestação ao aquecimento global por causas humanas, ele não é publicado em revistas científicas.

2. A serem falsas as conclusões de que o planeta está a aquecer por causa das emissões de dióxido de carbono com origem na actividade humana teria que haver uma conspiração com dimensões mirabolantes. Envolveria uma miríade de institutos de investigação e organizações meteorológicas, editores de revistas científicas, assim como um grande número de investigadores (nomeadamente alguns portugueses, como Filipe Duarte Santos). Uma tal convergência, mesmo contando com um efeito rebanho que faria dos cientistas que estudam o clima uma multidão de adolescentes a seguir uma banda da heavy metal, parece-me improvável. Faz lembrar um pouco a música do Rui Veloso Não há estrelas no céu: "parece que o mundo inteiro se uniu para me tramar".

5. A haver uma conspiração, penso que seria mais provável do lado contrário: ou seja a industria e governos dos países mais poluidores e poderosos tentarem ofuscar os resultados que apontam no sentido de que as emissões de gases de efeito de estufa com origem humana são responsáveis pelo aquecimento global. E isto acontece. Veja-se a posição da administração Bush ou os incentivos monetários da Exxon Mobil Oil para quem encontrasse erros no relatório do IPCC.

Ler todo o artigo de David Marçal aqui.

1 de dezembro de 2009

Nick Brandt








Isto é tão belo que quase se torna piroso, caramba.



No one thinks of fighting when they see a topless girl

30 de novembro de 2009

6 RAZÕES POR QUE É FIXE TER PAIS ZOMBIES






Descobertas desta tarde



sentido da vida e frivolidade

Estou neste momento a reflectir sobre o fascinante debate entre este senhor (que escreveu um breve post contra a frivolidade dos que sabem tudo - que me convenceu) e sobre este outro indivíduo, a quem aquele se dirige (que escreveu um belíssima reflexão sobre a frivolidade de pretender encontrar e encerrar em 208 páginas o sentido da vida - e que também me convenceu).

29 de novembro de 2009

www.elpuebloenelquenuncapasanada.com

Que ideia maluca, que história gira!

28 de novembro de 2009

Gabarolice por um bom serão

Saio de casa precisamente 8 minutos antes do gongo.

Sala Félix Ribeiro quase só para mim - adoro ir ao cinema sozinha, dá-me um aconchego à identidade.

Ainda para mais, para ver a Mosca.


E agora escrevo isto, junto à salamandra, estava um tronco em chamas à minha espera, e um Porto.




Que vida boa.
Escrita estupenda em http://agrafo.net/.

foto do dia no Público de hoje


Uma criança afegã toca a prótese da mãe no ICRC Ali Abad Orthopaedic Centre em Cabul. Ao longo da conturbada história do Afeganistão, as facções em conflito mudaram as linhas da frente várias vezes deixando o território pejado de minas. Os mapas para as localizar são quase inexistentes.

Fotografia:Jerry Lampen/Reuters

27 de novembro de 2009

Presentes solidários para este Natal:

Vão a este site: http://www.presentessolidarios.pt/ e escolham a forma de celebrar este Natal.

Ao comprar um Presente Solidário, o seu dinheiro será entregue a associações em países como Angola, Brasil ou Timor que, no terreno, farão a compra e a entrega dos bens a quem deles mais precisa. O intermediário entre nós e essas associações é a FEC, uma ONGD católica.

Desta forma, a Campanha Presentes Solidários 2009 concretiza o slogan "Dar a duplicar": está a contribuir directamente com o seu dinheiro para a melhoria das condições de vida das famílias dos Países Lusófonos, e esta sua oferta será feita em nome do seu amigo, colega ou familiar que será surpreendido pela sua originalidade e generosidade, ao receber um postal ilustrado relativo à oferta.

Exemplos:

KIT ANGOLA

Na região da Humpata, Angola, as Irmãs Filhas d’África estão a reconstruir um
Centro de Acolhimento para Raparigas.
Este centro procurará promover a educação e a igualdade do género feminino através de aulas de apoio e formação extra-escolar (cozinha, gestão doméstica, higiene, informática...).
Parceiro no terreno: Irmãs Filhas d'África
Objectivo de Desenvolvimento do Milénio (OdM) Associado - Objectivo 5: Reduzir em 75% a mortalidade materna.

PAINEL SOLAR

Considerada a zona mais pobre de Cabo Verde, em Milho Branco os recursos escasseiam.
Este presente é um contributo para a aquisição de um painel solar para o Centro Social e Paroquial desta localidade que, entre outras valências, acompanhará mães solteiras a fim de diminuir
a taxa de mortalidade materno-infantil.
Parceiro no terreno: Missionários Espiritanos
Objectivo de Desenvolvimento do Milénio (OdM) Associado - Objectivo 7: Garantir a sustentabilidade ambiental.

26 de novembro de 2009

Mais sobre o Aquecimento Global

Esta semana, que é Semana Europeia para a Prevenção da Produção de Resíduos, dei-me conta de que no meu colégio há vários professores que acham que isto do aquecimento global é tudo um exagero, é tudo uma treta.

É toda uma contra-campanha de que somos alvo.

Pois é

«Às vezes tenho ideias para uns gráficos. Imaginem quando o empreiteiro Domingos Névoa foi condenado a uma multa de cinco mil euros depois de ter sido apanhado em flagrante tentando comprar um vereador municipal por 200 mil euros por causa de um negócio com terrenos em Lisboa que valiam certamente acima de 60 milhões de euros.
Os sessenta milhões de euros, valor que Domingos Névoa estava disposto a dar pelos terrenos da Feira Popular (na verdade, eles valiam mais e ele lucraria mais) dariam no meu gráfico uma enorme esfera. Os duzentos mil euros, ou seja, o valor que ele achava que bastaria para comprar o vereador Sá Fernandes, dariam uma esfera pequenina. E os cinco mil euros, ou seja, o valor que o tribunal achou que valia o crime que ele tinha cometido, dariam um pequeno pontinho quase irrelevante.
O valor de negócio teria o tamanho de uma melancia; o valor da corrupção activa teria o tamanho de uma tangerina; o valor da justiça teria o tamanho de uma ervilha.»

Rui Tavares no Público, integral aqui, e que eu encontrei aqui.

25 de novembro de 2009

Sobre o projecto da nova igreja do Restelo


«A propósito do desenho da torre, segundo o PÚBLICO (20/11/2009), Troufa Real diz já não se reconhecer na referência ao manuelino do projecto apresentado e vai agora inspirar-se no quadro As Tentações de Santo Antão, de Bosch, e em "José Saramago". É importante e enigmático este "José Saramago". Segundo Troufa Real, a nave da igreja imita uma "caravela num temporal, toda dobrada"; a casa do pároco é "uma referência à casa portuguesa do arquitecto Raul Lino"; o centro social "será uma réplica das antigas fortalezas portuguesa"; as cores são uma referência à Índia, para onde S. Francisco de Xavier viajou.

É interessante notar que este é exactamente o tipo de linguagem dos arquitectos de centros comerciais: a criação de narrativas que permitem desenvolver e "assinar" as formas. O mais escandaloso na igreja, mais do que as cores ou os cem metros, é que é feita com uma linguagem de centro comercial. Troufa Real passa do manuelino para Bosch como, digamos, se pode passar de uma praça de alimentação Velasquez para uma galeria gótica. Tal como qualquer centro comercial que se preze, este é um projecto megalómano: não tem o maior número de lojas da Península Ibérica, mas tem a torre mais alta das redondezas. Parece sofrer de gigantismo. Quer ser iconográfica, mas onde na arquitectura contemporânea a delicadeza da pele e o trato high tech são essenciais a igreja é rudemente pop e inconveniente. Como um centro comercial. Se é um Gaudí, é um Gaudí em saldos; não tanto a Sagrada Família, mas mais uma desenraizada, desengraçada família. Talvez esteja aí, afinal, a sua contemporaneidade.»


Isto é tão grave!

Pedro Lomba, na sua primeira crónica no Público, escreveu um texto forte de oposição ao regime de Sócrates e às impressionantes desonestidades que as escutas telefónicas "nulas" a Armando Vara têm vindo a trazer ao de cima. O texto tinha como título: "Cronologia de um Golpe". É um texto fantástico.
Aquele diário que, como ele próprio conta, ao denunciar o servilismo (a pagamento) de Figo, está também ao serviço do governo.

24 de novembro de 2009

(clique para ampliar)


Mesmo assim, leiamos este confronto entre os "alarmistas" e os cépticos do aquecimento global, numa entrevista que ouve de facto o que têm a dizer.

E, já agora, espreitemos o dossier inteiro sobre o assunto (na preparação da quiçá decisiva Cimeira de Copenhaga), onde coexistem notícias com títulos como "Estudo prevê subida de 6 graus na temperatura global até ao fim do século" e "A ideia de que o aquecimento global é um desastre está errada".



(inspiração para este post aqui e aqui)

Menos 23 anos de vida por um erro de diagnóstico (supostamente em coma, mas afinal a dar-se conta de tudo)

Digam-me que esta história está mal contada.
Digam-me que esta história está mal contada.

22 de novembro de 2009

Humanamente, um fracassado

Belíssima reflexão do José Dias sobre este nosso Rei, humanamente tão pouco cheio de realeza, que ainda hoje não nos dá as certezas de que gostaríamos.

Deixo-vos uns excertos retalhados do texto original, que está aqui.

Nasceu não se sabe onde; cresceu como os miúdos da sua idade, com a diferença de ter escapado a um massacre e de ter de fugir para longínquas terras. Teve uma vida inteira tão discreta que, quando decidiu assumir-se como anunciador de uma Boa Nova Libertadora, foi logo apontado a dedo pelos seus vizinhos e amigos: “Não é este o filho do carpinteiro?”. Por entre a multidão anónima dos que se iam baptizar, só João Baptista desconfiou de quem seria Ele, pois, apesar de se achar indigno de lhe desapertar as correias do sapato, mais tarde sentiu-se obrigado a mandar perguntar-lhe “se era ele que havia de vir ou deviam esperar outro”.
Depois tornou-se conhecido, mas não por boas razões para os sábios e o povo da época.
Era assim uma espécie de sem-abrigo que não tinha onde reclinar a cabeça. Não ligava muito às exigentes exigências da Lei que os homens sagrados tinham construído manipulando a Palavra de Deus. Falava com as mulheres em público; denunciava a carta do divórcio porque o homem não era dono da mulher; perdoou à mulher adúltera. Convivia com a ralé da sociedade. Comia e bebia com os marginalizados: partilhar a mesa era sinal da hospitalidade e da amizade. Dava prioridade aos publicanos e às prostitutas, Dava prioridade aos publicanos e às prostitutas, prometendo-lhe os primeiros lugares no seu Reino. Tocava nos intocáveis, os leprosos, absolutamente excluídos da sociedade. Tudo isto lhe trouxe “mau nome” face aos bem-comportados da época.
Mas também a sua família, com grande sofrimento de Maria sua mãe, que meditava todas as suas palavras no seu coração, o abandonou porque o considerava maluco.
O comportamento dos seus discípulos deve tê-lo feito sofrer muito e multiplicado a sua solidão: uns, deixaram-no porque tinha palavras tão duras que não podiam suportá-las; outros exigiam que lhes desse um lugar de poder; outros traíram-no, entregando-o às autoridades, adormecendo quando ele sofria uma agonia insuportável, negando-o quando foi preso, fugindo quando foi crucificado. Mesmo depois de ressuscitado, os discípulos de Emaús não o (re)conheceram; Tomé não acreditou naquelas balelas dos colegas; só Madalena, uma mulher e, portanto, sem qualquer credibilidade, o conheceu, o amou e o testemunhou junto dos apóstolos e discípulos que não quiseram acreditar nela.
Três anos passaram juntos e no fim não tinham percebido nada, pois no momento da Ascensão ainda perguntavam, com “ar de estúpidos”: “Então é agora que vais libertar Israel?” das legiões romanas, pensariam eles certamente.
Quis “apenas” denunciar uma sociedade injusta, corrupta, marginalizadora, incapaz de respeitar a dignidade inviolável de cada pessoa, propondo o modelo das Bem-aventuranças. Estigmatizou os poderosos, civis e religiosos. E eles não aguentaram: como é que um Zé-niguém lhes estava a fazer frente sem armas nem exército? Só havia uma solução: matá-lo.
Humanamente Jesus foi um fracassado.

21 de novembro de 2009

Adoro textos polémicos (quando não são do Vasco Pulido Valente)

«Em nossos dias, os sindicatos de professores fazem finca-pé na questão da avaliação docente sem tomarem em linha de conta a aberração de um mesmo paradigma no que se refere à educação infantil e ao ensino secundário, como se a exigência, sob o ponto de vista científico, de ambos devesse assumir a forma de um prêt-à-porter. (...)

Em nome do mérito, entendo que o processo avaliativo da passagem do 7.º escalão aos escalões imediatamente superiores deve ser feita por provas públicas e não cozinhado, apenas, entre as quatro paredes da escola ‘inter pares’ permeáveis a simpatias pessoais, a identificações política ou de natureza clubística ou a meras manifestações de curvatura da cerviz. (...)

"Se olharmos para as estatísticas, verificaremos que a esmagadora maioria dos juízes é óptima. Para ser mais precisa, nas classificações, os resultados costumam ser assim. 96% obtêm ‘Bom’, ‘Bom com Distinção’ ou ‘Muito Bom’. Sobram 4% de ‘Suficientes’ e um mísero 0,1% (ou seja, apenas um juiz) com ‘Medíocre’. Estas estatísticas dão que pensar. (…) A partir do momento em que ascendem ao Tribunal da Relação, e depois ao Supremo Tribunal de Justiça, os juízes nunca mais são sujeitos a qualquer tipo de escrutínio por mais que se verifiquem sinais de demência, alcoolismo ou psicopatias. Por outro lado, os critérios de progressão na carreira também são peculiares. É possível subir-se por mera antiguidade, mesmo estando arredado dos tribunais”.

(“As extraordinárias Aventuras da Justiça Portuguesa”, A Esfera dos Livros, 2009, p. 18).

(...) A coincidência entre a avaliação dos juízes e a avaliação dos professores é uma realidade nua, crua e triste.»


Vejam aqui o texto todo.

20 de novembro de 2009

19 de novembro de 2009

O aquecimento global é inegável, volta a confirmar a Sociedade Americana de Física.

Para que não haja dúvidas, em De Rerum Natura.

A portuguesa que aterrou em Daca e quis mudar a vida nos bairros de lata

Por Ana Rute Silva (hoje no Público)





Maria do Céu da Conceição, assistente de bordo da Emirates Airlines, foi ontem eleita Mulher do Ano dos Emirados Árabes Unidos, pelo trabalho humanitário desenvolvido no Bangladesh


Faltava pouco mais de meia hora para ser anunciado o prémio de Mulher do Ano dos Emirados Árabes Unidos e Maria do Céu da Conceição não conseguia disfarçar o nervosismo. Ao telefone com o P2, a assistente de bordo portuguesa, uma das quatro nomeadas na categoria de Acção Humanitária, preparava-se para aproveitar a noite e, pelo menos, angariar mais fundos para os seus projectos sociais.
"Vou ser como um tubarão", dizia, num português quebrado pela distância. Aos 31 anos, esta funcionária da Emirates Airlines direcciona toda a energia para uma única causa: a das crianças de rua. Tencionava aproveitar cada segundo da cerimónia, com direito a tapete vermelho, para cativar patrocinadores e voluntários - e era isto que lhe suscitava a imagem de um tubarão que não larga as presas. "Há 400 pessoas neste evento e eu vou tentar criar uma base de contactos. Ganhar é importante, mas já fico contente por lá estar." Horas depois, a notícia chegava a Lisboa por SMS. "A Maria ganhou."
Desde que em 2005 aterrou em Daca, capital do Bangladesh (com 13,5 milhões de habitantes), nunca mais voltou a ser uma simples assistente de bordo. O confronto com a dura realidade local, pobreza extrema e crianças na rua teve efeitos imediatos. Decidiu criar uma organização não governamental para educar, alimentar e tratar mais de 600 meninos e meninas carenciados e respectivas famílias. Queria quebrar "o ciclo da pobreza" e, a partir desse dia, passou todas as férias e folgas em Daca a trabalhar no projecto.
(...)

Os atrasos na obtenção de vistos e a falta de cooperação do Governo local desgastaram Maria da Conceição, que só sobreviveu por "amor e paixão" à causa. "Pergunto-me como é que aguentei quatro anos e meio neste projecto. Pergunto-me se serei louca ou persistente. As dificuldades são tão grandes. Há um ano que temos mil quilos de roupa bloqueados na alfândega. Para ter um visto, tenho de ir a Paris. E é difícil ajudar as pessoas que vivem nestes bairros. Nunca foram à escola." À falta de ambição que encontrou nas ruas a hospedeira respondeu com mais teimosia. Está "sempre em cima". Nunca desiste.


Aproveitem para espreitar a reportagem feita no dia 30-05-2007 pela RTP: aqui.

17 de novembro de 2009

15 de novembro de 2009

Ocasião extraordinária:

conhecer o Dr. Sujit, médico indiano, formado na Bélgica, que trabalha com os mais pobres em Calcutá, onde, por sugestão da Madre Teresa fundou o Instituto das Mulheres e Crianças Indianas, nas periferias mais pobres da cidade.

Ele vai estar connosco em Lisboa, em Coimbra e no Porto.

Como diz a Ema, uma voluntária que esteve lá, em Calcutá, com o Dr. Sujit, "conhecer este Senhor é um privilégio. Um homem lançado pela Madre Teresa e o Muhammad Yunus (fundador do Microcrédito), mas um homem que se conserva simples e solícito."

A viagem que o Dr. Sujit está a fazer é de divulgação, andariação de fundos e procura de padrinhos para o novo projecto de apadrinhamento à distância.

Neste texto, que aconselho todos a ler, a Ema conta que o Dr. Sujit costuma dizer: «é da minha capacidade de pedinte que se socorre tantas vezes esta organização».

E então ela acrescenta: "Por isso eu engulo a vergonha. Se pedir permite que alguns seres humanos tenham a vida digna que todos proclamamos ser de nosso direito, é-me mais embaraçoso não o fazer".

Por isso....

Segunda-feira dia 16 na Paróquia do Cristo-Rei da Portela, num encontro com os Jovens Sem-Fronteiras, que começa às 20h com o jantar. O encontro é aberto à comunidade.

Terça-feira dia 17, no CUPAV (Estrada da Torre, nº26, Lumiar) às 21h30.

Sábado dia 21, no Tagus Park, em Oeiras, numa super-conferência TED (http://sites.google.com/site/tedxisttagus/) onde haverá intervenções de várias outras pessoas, incluindo o Fernando Nobre (presidente da AMI). É um evento aberto ao público mas com lotação máxima de 100 participantes.

Argumentário filosófico contra quem é contra o casamento dos homossexuais

Realmente a Filosofia pode ser útil - se alguém a ler:


«John Stuart Mill explica assim, em Sobre a Liberdade (Edições 70), o princípio do dano:

"É o princípio de que o único fim para o qual as pessoas têm justificação, individual ou colectivamente, em interferir na liberdade de acção de outro, é a autoprotecção.(...)"

Se aceitamos o princípio do dano, então o que é importante é discutir se o casamento entre homossexuais (...) causa dano a alguém.
Parecem ser usados fundamentalmente dois argumentos contra a legalização do casamento entre homossexuais, que serão discutidos de seguida. (...)

A homossexualidade é imoral

É preciso notar que nem todas as coisas que são imorais devem ser proibidas por lei (faltar a um encontro com um amigo e não avisar por preguiça é imoral, mas não deve ser proibido por lei); logo, mesmo que a homossexualidade fosse imoral, isso não seria suficiente para proibir as relações homossexuais ou para deixar de legalizar os casamentos entre homossexuais. (...)
Note-se, entretanto, uma linha de argumentação bastante estranha, mas comum: há quem argumente que os casamentos entre homossexuais não devem ser legalizados, porque a homossexualidade é imoral, mas ao mesmo tempo não ache que os comportamentos homossexuais em si devam ser proibidos, porque dizem apenas respeito aos próprios! (...)

O casamento serve para procriar

Este é um mau argumento porque, de modo a sermos coerentes, se não legalizássemos os casamentos entre homossexuais porque o casamento serve para procriar e os homossexuais não podem procriar, então deveríamos também proibir as pessoas estéreis de se casar. Mas não se deve proibir as pessoas estéreis de se casar. Logo, o simples facto de os homossexuais não poderem procriar não é uma boa razão para que sejam proibidos de se casar.
Segundo outra versão deste argumento, a legalização do casamento entre homossexuais constituiria um ataque à família. Este argumento (...) parece partir do pressuposto dúbio de que legalizar os casamentos entre homossexuais constituiria um desincentivo à procriação e à formação de relações heterossexuais. Mas os homossexuais não se sentem atraídos por pessoas do sexo oposto, pelo que não legalizar o casamento entre homossexuais não os levará, certamente, a fazer algo que de outro modo não fariam. (...)

Conclusão

A vontade de impedir a legalização do casamento entre homossexuais e da adopção por parte de homossexuais deriva, em grande medida, de uma tendência lamentável para tentar impor aos outros o estilo de vida que consideramos melhor — uma tendência infelizmente entranhada na sociedade portuguesa. Gostaria de terminar com uma citação de Mill, que sintetiza o espírito por detrás da defesa da legalização do casamento entre homossexuais e da adopção por parte de homossexuais:

"A única liberdade que merece o nome, é a liberdade de procurar o nosso próprio bem à nossa própria maneira, desde que não tentemos privar os outros do seu bem, ou colocar obstáculos aos seus esforços para o alcançar. Cada qual é o justo guardião da sua própria saúde, tanto física, como mental e espiritual. As pessoas têm mais a ganhar em deixar que cada um viva como lhe parece bem a si, do que forçando cada um a viver como parece bem aos outros."»

Pedro Madeira

O artigo inteiro (que além do casamento trata da adopção por parte de casais homossexuais e, a meu ver, é tão interessante quanto divertido) aqui.

Masculino/feminino

Duas das canções da minha vida. De mulheres. Escritas por homens.


"Quem defende o casamento dos homossexuais não é católico"

Se continuarmos por este caminho, vão-me mesmo excluir da linhagem dos católicos. Estou quase a sentir-me "despedida".
Estamos a falar de um contrato civil, senhores! Jesus veio substituir os milhares de preceitos judeus pela lei do Amor, e vossas eminências estão a querer voltar para trás. A meter-se nos lençóis das pessoas e até nos seus contratos civis. Quando há tanta coisa tão mais importante a denunciar, a converter!

Que mania de substituir o essencial pelo acessório, irra!

14 de novembro de 2009

Abortos repetidos no espaço de um ano

Vejam esta reflexão no Público de hoje, sobre a IVG.

62 repetições de abortos, numa só unidade de saúde (244 à escala nacional), num intervalo de 11 meses, é considerado uma taxa de repetição "baixíssima" e comenta-se que "os números são encorajadores".

Acho uma loucura que consideremos encorajadora uma taxa de repetição, por mais pequena que seja.
Fui pesquisar, e vi que já a 30 Abril de 2008, no "Portugal Pro Vida" (blog que não aprecio, seja claro) se publicava que a Interrupção Voluntária da Gravidez estava ser usada como método contraceptivo por algumas mulheres que recorriam à unidade de Guimarães do Centro Hospital do Alto Ave.
A revelação foi feita pelo Director do Serviço de Obstetrícia do Hospital Senhora da Oliveira. "Desde Julho que a Interrupção Voluntária da Gravidez, por opção da mulher, está legalizada e já temos um caso de uma senhora que vai interromper a gravidez pela terceira vez", afirmou.
"Uma senhora que engravidou, porque não fazia o método contraceptivo, continua a ter o mesmo tipo de comportamento. E portanto vai, com certeza, acontecer segunda e terceira vez, se nada se modificar".
José Manuel Furtado recordava, nomeadamente, um caso de "uma senhora que veio a primeira vez, acompanhada do marido. A segunda vez já não trouxe o marido porque ele nem sequer teve conhecimento da situação".

Agora, depois de um ano e meio, a situação mantém-se. No artigo do Público que citei ao princípio, lemos que em Portimão, o obstetra Fernando Guerreiro considerou preocupante o número de mulheres que faz IVG e sai da consulta "não aceitando qualquer contraceptivo, dizendo que ainda vão pensar": estão nesta situação 52,4 por cento das mulheres, tendo ali sido realizados 1098 abortos desde que a lei entrou em vigor.

É interessante, a este respeito, a proposta (tida em consideração por alguém?...) do director do serviço de ginecologia de Santa Maria de que o segundo aborto da mulher fosse a pagamento. (Público de 15.07.2009).

Segundo o Relatório sobre o grau de cumprimento da Lei da Interrupção Voluntária da Gravidez de 2008 (elaborado pelo Min. da Saúde em resposta a um requerimento das deputadas Mª Rosário Carneiro e Teresa Venda), no total do país, em 2008, foram realizados perto de 20.000 abortos legais.
E os dados sobre as mulheres que abortaram são, no mínimo, interessantes:
  • apenas em 15,84% dos casos a mãe se encontra na situação de desempregada (podendo estar empregado o pai) e não mais de 15,48% das mães são estudantes;

  • 77% das mães têm mais de 20 anos, e apenas 0,54% são menores de 15 anos (lá se vai o "mito" de que o aborto vinha "eliminar" a gravidez na adolescência)

  • 49,5% das mães que pedem para abortar concluíram cursos do ensino superior ou secundário
E isto é o progresso, e isto é a democracia e a liberdade. E supostamente é assim que se educa o povo a cuidar de si.

13 de novembro de 2009

O Bem Comum em debate e reflexão

Por mim, na Ecclesia: O Bem Comum - responsabilidade da Pessoa.

Aconselho também o artigo do João Meneses: O Bem Comum - responsabilidade do Estado.

Ambos a propósito das Semanas Sociais, de 20 a 22 de Novembro, em Aveiro.

11 de novembro de 2009

Olhando para ele de costas, ela pensou:

_ Tu não podes saber o quanto eu gosto de ti. Porque se o soubesses e simplesmente ignorasses, seria insustentável.

E com a convicção insegura de quem sabe que se autoconvence, foi empurrando o dia à sua frente.

Erri de Luca em Portugal!

É um personagem/escritor que me enternece profundamente, aquele a quem ouvi dizer, num encontro sentados no chão:

"A beleza é um extra que não estava previsto na ordem do mundo. Por que é que há-de também belo, o mundo? E no entanto, é essa a sua substância".

É aquele que acorda à cinco da manhã para traduzir pedaços do Antigo Testamento directamente do hebraico antigo que tem vindo a pulir, como pedras provindas directamente do tempo de Abraão: "As palavras que lia de manhã, quando trabalhava como operário, tinha-as como companhia para todo o resto do dia. Remastigava-as no trabalho das obras e fazia como se fosse um caroço de azeitona que me ficava na boca."

Aqui a entrevista feita pelo António Marujo.

Esteve em Lisboa e eu não dei por nada.

10 de novembro de 2009







Buli, tu que estás em Singapura, conheces este fenómeno?






9 de novembro de 2009

Muros

Para o dia não passar em branco: muros a mais, aberturas a menos.

8 de novembro de 2009

5 de novembro de 2009

Música

Há dois tipos de pessoas com quem eu não concordo nada em termos musicais (como é óbvio, estou a excluir da minha consideração todos os que não percebem nada de música e ouvem, pura e simplesmente, o que dá na rádio):

- aqueles que, da minha geração, se queixam da música que se faz agora e mitizam a música dos anos '80 (que foi a pior geração musical de sempre). E de repente a Madonna é um ícon insuperável, Depeche Mode música a sério, o António Variações um génio, os Heróis do Mar, Sétima Legião, Sitiados e afins, os maiores e a música portuguesa nunca mais fez nada tão bom, etc. Cheira-me que os Delfins não entram na lista só porque não morreram e por isso não se tornaram mártires.

- e aqueles que, seja de que geração forem, não são tão nostálgicos e se mantêm actualizados, mas se excitam por tudo o que é novo e tem guitarras e é levezinho e - no fundo - lembra os anos noventa. E ele é The Pains Of Being Pure At Heart e ele é o Fogefogebandido e ele é Oioai e ele é Pontos Negros.

Epá, admito, será um limite meu, mas não percebo.

2 de novembro de 2009

Não fui

por medo de me desiludir.
E por isso mesmo fiquei tão feliz por saber que este concerto correu bem, como dantes.
Porque há símbolos que fazem viver um país.
Quer "eles" queiram quer não.

Leões que amam como nós (talvez melhor)

Isto é LINDO: http://ermidas.blogspot.com/2009/10/amor.html

1 de novembro de 2009

O dia em que a palavra energia entrou no meu vocabulário

(foto de Andrea Haase, Solaire)



O ser das coisas é o devir.

A minha identidade é móvel. Não faz sentido querer ser "fiel" a quem "sou", porque eu sou fogo, acção pura.

O Amor apanha a minha essência no momento.

O Chi (energia vital) é a acção, o meu ser em acto.

Deus é a fonte. Deus é Amor. A fonte é o Amor.

O passado é o caminho percorrido, agarrar-me ao passado é virar-me para trás. O momento presente é o único possível, é o passo.

A Verdade é auscultação do milagre da Vida.

A Vida é o que surgiu da fonte, é a sua manifestação.

O Big Bang continua em tudo, e em mim.



(depois deste workshop. Sem exaltações místicas, sem fanatismo,
mas com a serena excitação de estar a descobrir novas faces do universo)

29 de outubro de 2009

Dançar pelo mundo fora e contagiar

A música é rasca, mas isto tudo não deixa de ser um espectáculo!




Obrigada ao Elogio da Derrota.

27 de outubro de 2009

Lobo Antunes numa conversa sem as devidas pausas.

A Judite de Sousa parece não colher minimamente a beleza do que é dito. Há frases sublimes, que exigiriam pausas, silêncios como no mais profundo de uma conversa.
Ela não as faz, mas nós podemos imaginá-las:

Entrevista a Lobo Antunes.
É longa, eu sei. Mas experimentem os primeiros 7 minutos, e vão ver que só isso já basta para se perceber que não basta e que se quer ver o resto.

E eu que até nem era nada fã dele como homem, como entrevistado.

26 de outubro de 2009

Sensatez num debate de surdos

Racionalismo vs....... Irracionalismo

«Para os que, entendendo a urgência da Salvação, olham para a Escritura assumindo os seus perigos, qualquer concessão à timidez burguesa do racionalismo soa a mariquice. Nesse sentido, há mais relação com Deus no ultrage do herege que na sensatez do sacerdote

Como é que eu admiro este gajo? Isto é que eu não consigo perceber.

25 de outubro de 2009

Viva o mundo (bem) globalizado

Este projecto é mesmo giro: http://playingforchange.com/


Aqui no vídeo está explicado:


Uma das melhores músicas é esta:

23 de outubro de 2009

Será possível...

... limpar Portugal num só dia?

Vejam o que fizeram na Estónia (no vídeo acima) e participem no projecto português:

http://limparportugal.ning.com/

Let's do it!

21 de outubro de 2009

Três novas grávidas em três dias.


20 de outubro de 2009

Crescer por crescer, é a filosofia da célula cancerosa.

Alguns excertos de textos do prof. Dowbor, a quem tive o privilégio de escutar esta tarde:


«As limitações do PIB aparecem facilmente através de exemplos. Um paradoxo levantado por Viveret, por exemplo, é que quando o navio petroleiro Exxon Valdez naufragou nas costas do Alaska, foi necessário contratar inúmeras empresas para limpar as costas, o que elevou fortemente o PIB da região. Como pode a destruição ambiental aumentar o PIB? Simplesmente porque o PIB calcula o volume de atividades econômicas, e não se são úteis ou nocivas. O PIB mede o fluxo dos meios, não o atingimento dos fins. Na metodologia atual, a poluição aparece como sendo ótima para a economia, e o IBAMA (Ministério do Ambiente) vai aparecer como o vilão que a impede de avançar. As pessoas que jogam pneus e fogões velhos no rio Tieté (S. Paulo), obrigando o Estado a contratar empresas para o desassoreamento da calha, contribuem para a produtividade do país. Isto é conta?»


(O debate sobre o PIB: estamos fazendo a conta errada)




«A convergência das tensões geradas para o planeta tornam-se evidentes. Não podemos mais nos congratular com o aumento da pesca quando estamos liquidando a vida nos mares, ou com o aumento da produção agrícola quando estamos liquidando os aquíferos e contaminando as reservas planetárias de água doce. Isto sem falar do aumento de produção de automóveis e da expansão de outras cadeias produtivas geradoras de aquecimento climático. Quando falamos em crise financeira, portanto, entendemos sem dúvida que se trata de um subsistema que se desequilibrou, e que em consequência “estamos em crise”. Mas ao olharmos de forma mais ampla, constatamos que é sobretudo um sistema que quando funcionava, já era inviável. As soluções têm de ser sistêmicas. »


(Crise financeira: riscos e oportunidades)



Nota: no site dele, encontram na íntegra todos os seus artigos e libros, já que ele, em vez do copyright, defende o "copyleft - the right to copy".

Prisões sem guardas

Agora, até tenho tenho vergonha de dizer que NUNCA me tinha passado pela cabeça que isto fosse possível, pelo menos não a este ponto.

Mas pelos vistos é. Não são palavras bonitas, mas realidade: pelo Amor se recuperam pessoas, sejam elas ladrões ou assassinos.

Vejam aqui a reportagem de 7 minutos.

E aqui, leiam o que escrevi há já 6 anos, num centro de recuperação de toxicodependentes. Tem tudo a ver.

19 de outubro de 2009

Desilusão póstuma

17 de outubro de 2009

Sou contra

Recebi várias mensagens no meu mail:
«Não deixemos passar a oportunidade de fazer a diferença!
Nós damos-te um evento para participares! Vamos fazer a maior concentração de pessoas em Lisboa num dia cheio de actividades!»

É o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza e as pessoas querem é marcar recordes do Guiness. Querem é um "evento para participar".

Não gosto nada do Levanta-te!, tenho a dizer.

Das 93000 pessoas que se "levantaram" no ano passado, quantas é que alguma vez fizeram seja o que for pela luta contra a pobreza e a fome? Quantas delas é que estariam dispostas a partilhar o que têm, a sair dos seus preconceitos e comodidades, a trocar o relógio, o telemóvel ou o Ipod por um pedaço de pão para o sem-abrigo que dorme na sua própria cidade, ou quanto mais pelo "pobrezinho" de África?

Quantas aceitariam trocar o nosso sistema económico por outro, que lhes retirasse alguns privilégios para fosse mais equitativo e inclusivo?

Na minha escola, há anos que é assim: é o dia do "Levanta-te", lê-se o manifesto aos alunos logo de manhã, eles levantam-se, voltam a sentar-se, começa-se a aula. E no fim do dia entregamos o número total de alunos da escola à entitade organizadora. Contribuimos para o Guiness.
Levantámos-nos e pronto. Já fizemos a nossa parte.
Ninguém nos pede para pensar em reais soluções para o problema.

"Fazer a diferença"? Poupem-me.

E depois de eu refilar, não me digam que um evento assim "é melhor do que nada". PORQUE NÃO É! Isto é como ensinar mal, como fazer uma obra mal feita. Depois será preciso desmanchar, tapar os buracos, reforçar as paredes. Eu acho, sinceramente, que isto é pior do que não fazer nada, porque transmite uma ideia de solidariedade fast-food, uma ideia tão apetitosa que só com muita experiência de vida se poderá desconstruir.

É como o slogan do Rock in Rio: Por um mundo melhor.
Que irritante!

Será que quem organiza isto acha mesmo que é assim que se muda o mundo?


P.S. Ainda bem que hoje é sábado e o Levanta-te não passará pela minha escola.

16 de outubro de 2009

Perdi o telemóvel

e torna-se claríssimo que sou mais uma filha do meu tempo, com as relações hipotecadas por um mero desleixo.
Nem sei como confirmar o almoço de domingo.
Merda.
E que Cristo não seja o mais importante santo no altar da vossa devoção.

Porque assim não recebem a Cristo.


D. José Policarpo, ontem.

13 de outubro de 2009

A delegação portuguesa expressou a sua opinião

Em Gdansk, nos Dias Sociais Europeus, a delegação portuguesa foi, para mim, a grande estrela do evento. Eramos um grupo de 10 "jovens" (dos 29 aos 40's e picos) e todos nos surpreendemos ao sentir uma profunda união e imediata empatia entre nós (o que não era de todo evidente, visto que antes não nos conheciamos), e ao rapidamente percebermos que não nos identificavamos - quer na forma quer no conteúdo - com o tipo de conferência em que estavamos a participar.
Que não nos sentiamos parte de uma Igreja auto-defensiva, conservadora e desconfiada em relação às transformações do mundo. Uma Igreja que fala em desafios mas trata os temas de forma nada inovadora.
E que queríamos mudança.



No final do encontro, foi-nos pedido um statement e fizemo-lo, de uma forma tão consensual entre nós como nunca antes me tinha acontecido num grupo católico.

Eis o que nele dissemos:


We believe that the future of the catholic church in Europe depends deeply on young people and on the capacity of dialogue with the world outside the church’s "frontiers", dialogue with non-believers, etc... And catholic young people have a key role in this dialogue!

(...)

The challenges of Europe are great, and Christ's values are essential, maybe more than ever! But the church needs to keep up with the continuous evolution of society in order to being able to communicate those values. It needs to listen and to be open to different points of view, instead of assuming a defensive attitude.



Isto pode parecer óbvio, mas infelizmente... ainda não é.
Foi preciso dizê-lo. E até recebemos aplausos.

Os frutos de Gdansk, para mim, não vieram dos Dias Sociais Europeus em si mas deste grupo, que me deu uma inesperada esperança na capacidade da Igreja (Universal mas também especificamente portuguesa) de se renovar.
Temos projectos para o futuro, procuraremos criar algo de novo e arejado, estamos motivados e motivamo-nos uns aos outros.

E tudo isto aconteceu graças às intenções de um Bispo, que escolheu os elementos da delegação precisamente na esperança de que daí pudesse surgir um novo grupo com vontade de inovar.